As cultivares de trigo da Embrapa recomendadas para o Paraná possuem elevada capacidade de perfilhamento (apresentam maior número de colmos por planta), alto potencial de crescimento e expressivo enraizamento no solo. Em geral, as cultivares são bastante tolerantes à estiagem e têm boa capacidade de extração de nutrientes no sistema plantio direto. Por outro lado, quando há excesso de chuvas por longos períodos na fase de perfilhamento, algumas dessas cultivares podem apresentar crescimento vegetativo exagerado e se tornarem acamadoras (tendência das plantas caírem).

Diante disso, os pesquisadores da Embrapa, José Salvador Simoneti Foloni e Manoel Carlos Bassoi fazem indicações de manejo para minimizar o acamamento do trigo no Paraná. A primeira delas é a utilização de densidades de semeadura recomendadas pela pesquisa. “Na grande maioria dos casos, as cultivares da Embrapa atingem o máximo rendimento de grãos com a utilização de 250 a 350 sementes por metro quadrado, ou seja, o excesso de sementes pode levar ao acamamento e a outros prejuízos”, explica Foloni. De acordo com o pesquisador, deve-se ainda evitar a instalação do trigo em áreas com problemas de compactação do solo. “Isso porque quando o solo encontra-se compactado, as plantas não enraízam satisfatoriamente, acarretando em acamamento”, enfatiza Foloni.

Bassoi explica que caso haja necessidade de fazer a adubação nitrogenada de cobertura no trigo, é recomendável aplicar o fertilizante logo após a emergência das plantas, quando apresentarem de duas a três folhas desdobradas. “A aplicação neste período é importante porque se o nitrogênio é aplicado no final do perfilhamento existe a tendência de aumento do comprimento dos entrenós dos colmos das plantas, favorecendo o acamamento”, explica.

Os pesquisadores da Embrapa indicam a aplicação de 40 kg/ha de nitrogênio (N), se a cultura anterior foi a soja, e de 60 a 80 kg/ha de N, se a cultura anterior foi o milho. “Há outras variáveis agronômicas que podem influenciar na eficácia da adubação nitrogenada do trigo, as quais podem ser melhor compreendidas a partir de consultas à assistência técnica”, ressalta.

A Embrapa também recomenda a aplicação de redutor de crescimento (trinexapac-etil) para o manejo do acamamento nas cultivares BRS Pardela e BRS Gralha-Azul. “Por ser um indutor hormonal, o produto deve ser utilizado com muito critério, para se evitar efeitos tóxicos na lavoura”, diz Foloni. “Indica-se ainda a observância de um período de carência entre a aplicação do redutor de crescimento trinexapac-etil e o herbicida 2,4-D, pois, há relatos sobre a intensificação de problemas no trigo quando estes dois produtos são ministrados sequencialmente”, afirma Foloni.

Bassoi ressalta que caso haja necessidade de utilizar o redutor de crescimento para manejo da BRS Pardela, indica-se reduzir a dose para 200 mL/ha do produto comercial Moddus, pois esta cultivar tende a apresentar efeitos tóxicos expressivos, com possível perda de produtividade. No manejo da cultivar BRS Gralha-azul, é indicada a utilização de Moddus com a dose de 400 mL/ha. “Deve-se aplicar o redutor de crescimento quando cerca de 50% das plantas de trigo apresentarem o primeiro nó visível do colmo principal. Além disso, é importante evitar a mistura em tanque de redutor de crescimento e outros agroquímicos, como por exemplo, óleo adjuvante, fungicida, herbicida, etc”, explica Bassoi.

Outros detalhes estão descritos nas Indicações Técnicas da Comissão Brasileira de Pesquisa de Trigo e Triticale para a Safra 2014 (CBPTT, 2014), disponíveis no site da Embrapa Trigo (www.cnpt.embrapa.br) e do Iapar (www.iapar.br).

 

Fonte: Cultivar

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