11
jun
2013
O que esperar do trigo em 2013
A área de trigo no Brasil deverá crescer 5,9% em relação ao ano passado, mas o incremento na produção deverá chegar a 19,6% (CONAB, maio 2013). A estimativa considera um possível aumento no rendimento médio das lavouras depois da quebra de 30% na última safra. Clima e preço favoráveis constroem o cenário positivo da triticultura em 2013.
Nesta safra, o Brasil deverá retomar a média histórica de produção de trigo, entre 5 e 6 milhões de toneladas. Segundo levantamentos de intenção de plantio, a área que começou a ser semeada em abril e se estende até julho deverá contar com pouco mais de 2 milhões de hectares (ha), apontando crescimento da área semeada nos estados do Paraná (+10,5% com 897 mil ha), Minas Gerais (+10,2% com 23,7 mil ha), Santa Catarina (+5% com 66,6 mil ha), Goiás (+4,5% com 9,4 mil ha) e Rio Grande do Sul (+3,8% com 1.027 mil ha). O rendimento médio esperado sobe de 2.260 kg/ha em 2012 para 2.700 kg/ha em 2013.
Em SC, o crescimento deverá ser acompanhado de maior investimento pelo produtor. A razão apontada pela economista da Epagri, Márcia Cunha, é o bom preço do cereal no início dos plantios de inverno. “Em algumas regiões encontramos novos silos em construção destinados ao armazenamento do trigo. Mas ainda é cedo para projeções, pois tudo pode mudar em função dos preços dos insumos e da cotação do cereal”, avalia Márcia Cunha.
De acordo com a Embrapa Trigo, o ganho genético nas lavouras de trigo tem sido de 50 kg/ha ao ano, refletindo nas lavouras que passaram de 2.000 para 2.500 kg/ha na última década, exceto em anos de frustrações climáticas como 2003, 2006 e 2012. Hoje, o produtor dispõe de mais de 106 cultivares de trigo (com sementes disponíveis no mercado e registradas no MAPA) para cultivo nas em três regiões tritícolas e adaptadas às mais diversas realidades e padrões tecnológicos. Conforme o pesquisador Pedro Luiz Scheeren, “a pesquisa está oferecendo o que existe de melhor em termos de genética. O produtor está cada vez mais profissional na condução da lavoura. Neste cenário, eu acredito que, nos próximos dez anos, o Brasil será competitivo no mercado internacional de trigo. O mundo olha para nós com especial atenção, pois sabe do nosso potencial de crescimento e inovação”.
Clima
O clima que prejudicou o trigo na última safra não deverá se repetir neste ano. Segundo o agrometeorologista da Embrapa Trigo, Gilberto Cunha, a tendência, em função dos grandes indicadores globais, é de uma condição climática normal em 2013. As chances de El Niño, trazendo excesso de chuva na primavera, são baixas. Este cenário indica menor incidência de doenças e melhor qualidade do produto colhido. Contudo, o pesquisador ressalta que, mesmo não sendo possível prever como será o tempo na época de colheita e quando exatamente ocorrerão as geadas, principais intempéries que representam riscos à cultura, “a antecipação de que não deveremos ter El Niño nessa safra é uma boa notícia para os triticultores do sul do Brasil”, e recomenda: “o produtor deve seguir o zoneamento agrícola, fazer escalonamento de semeadura com diferentes cultivares, investir em adubação e tratamento fúngicos conforme necessidade, enfim, zelar pelo manejo da lavoura do começo ao fim da safra”, orienta Cunha.
Outra recomendação da pesquisa ao produtor é semear apenas o que terá capacidade de colher: “se eu posso plantar 50 hectares por dia, é porque minha capacidade é para colher 50 hectares num único dia. O que acontece, muitas vezes, é que o trigo é plantado todo num dia, mas a colheita pode levar até uma semana. O cereal fica pronto para colher, mas acaba estragando enquanto espera na lavoura”, alerta o pesquisador Pedro Scheeren.
Preços
Em 2012, a redução da produção mundial e a queda de rendimento e de qualidade do trigo no RS resultaram em pressão positiva sobre os preços, ultrapassando R$700,00/t. Fatores como o consumo (681,0 milhões de t) maior que a produção (653,6 milhões de t), resultaram em uma relação estoque/consumo de 26%, a menor observada nos últimos três anos, e, juntamente ao aumento de preços de milho e soja e restrições de exportações em alguns países, impulsionaram os preços no final de 2012. “Os preços internos têm forte influência dos preços do mercado internacional, seguindo um padrão de evolução de comportamento semelhante, com algumas exceções pontuais, principalmente, em decorrência de problemas de frustração de safra”, explica a pesquisadora da Embrapa Trigo, Cláudia De Mori.
No entanto, o cenário mostra-se favorável à recuperação da oferta global, com ampliação da área semeada em países da União Europeia, Rússia, Ucrânia, Cazaquistão e Canadá. Também está previsto o retorno aos rendimentos normais na Rússia e na Ucrânia que sofreram com a seca no ano passado, embora um aumento de consumo dificulte a recomposição dos estoques.
A primeira estimativa da FAO para a produção mundial de trigo em 2013 é de 695 milhões de toneladas, o que representa 35,4 milhões de toneladas acima da safra 2012 e a segunda maior safra no registro. Porém, o consumo mundial tem apresentado crescimento de 2,1% ao ano, enquanto a produção tem crescido 1,54%. Some-se, ainda, a demanda crescente do uso do trigo na alimentação animal (impulsionado pelo balanço de oferta e demanda do milho) e na produção de biocombustível (tendência na Europa pela perda de mercados de exportação de trigo para os países do Mar Negro), além do mercado interno na China que está aquecido, são fatores que poderão influenciar a curva de preços. A redução de rendimento nas lavouras americanas, pelas adversidades enfrentadas pelos cultivos de inverno e a ocorrência de chuvas e alagamentos em algumas áreas que poderão refletir na qualidade, os possíveis problemas de qualidade na Ucrânia (especula-se que metade possa ter destino forrageiro) e as chuvas excessivas na Europa Ocidental têm mantido as cotações do cereal firmes nos últimos meses.
No mercado interno, a relação estoque/consumo estimada para a safra 2013/2014 é baixa, na ordem 6,3%, o que poderá neutralizar efeitos de queda de preços no mercado internacional em decorrência da maior oferta prevista. Apesar das estimativas de aumento de produção global, da isenção da TEC e importação de trigo americano, e dos leilões da CONAB ocorridos em maio, os preços internos têm se mantido firmes. O preço médio no RS, no mês de maio, de R$30,75/saca 60 kg, é 28,1% superior ao valor médio de maio de 2012 e, no PR, a cotação de R$38,39/saca de 60 kg, é 49,6% superior ao registrado em maio de 2012. No mercado internacional, as cotações observadas na última quinzena de maio, para entrega em dezembro, foram de US$264,80/t FOB em Chicago, US$ 276,66/t FOB em Kansas e US$275,85/t FOB na Argentina.
“É importante lembrar que além dos fatores tradicionais, como produção, consumo, estoques e comércio internacional, que exercem influência na formação de preços, os aspectos relacionados à qualidade tecnológica do cereal também condicionam a definição de preço do produto e devem ser considerados, assim como a implementação de formas de interação comercial com os elos industriais com especificação de produto fim”, conclui De Mori.
Nesta safra, o Brasil deverá retomar a média histórica de produção de trigo, entre 5 e 6 milhões de toneladas. Segundo levantamentos de intenção de plantio, a área que começou a ser semeada em abril e se estende até julho deverá contar com pouco mais de 2 milhões de hectares (ha), apontando crescimento da área semeada nos estados do Paraná (+10,5% com 897 mil ha), Minas Gerais (+10,2% com 23,7 mil ha), Santa Catarina (+5% com 66,6 mil ha), Goiás (+4,5% com 9,4 mil ha) e Rio Grande do Sul (+3,8% com 1.027 mil ha). O rendimento médio esperado sobe de 2.260 kg/ha em 2012 para 2.700 kg/ha em 2013.
Em SC, o crescimento deverá ser acompanhado de maior investimento pelo produtor. A razão apontada pela economista da Epagri, Márcia Cunha, é o bom preço do cereal no início dos plantios de inverno. “Em algumas regiões encontramos novos silos em construção destinados ao armazenamento do trigo. Mas ainda é cedo para projeções, pois tudo pode mudar em função dos preços dos insumos e da cotação do cereal”, avalia Márcia Cunha.
De acordo com a Embrapa Trigo, o ganho genético nas lavouras de trigo tem sido de 50 kg/ha ao ano, refletindo nas lavouras que passaram de 2.000 para 2.500 kg/ha na última década, exceto em anos de frustrações climáticas como 2003, 2006 e 2012. Hoje, o produtor dispõe de mais de 106 cultivares de trigo (com sementes disponíveis no mercado e registradas no MAPA) para cultivo nas em três regiões tritícolas e adaptadas às mais diversas realidades e padrões tecnológicos. Conforme o pesquisador Pedro Luiz Scheeren, “a pesquisa está oferecendo o que existe de melhor em termos de genética. O produtor está cada vez mais profissional na condução da lavoura. Neste cenário, eu acredito que, nos próximos dez anos, o Brasil será competitivo no mercado internacional de trigo. O mundo olha para nós com especial atenção, pois sabe do nosso potencial de crescimento e inovação”.
Clima
O clima que prejudicou o trigo na última safra não deverá se repetir neste ano. Segundo o agrometeorologista da Embrapa Trigo, Gilberto Cunha, a tendência, em função dos grandes indicadores globais, é de uma condição climática normal em 2013. As chances de El Niño, trazendo excesso de chuva na primavera, são baixas. Este cenário indica menor incidência de doenças e melhor qualidade do produto colhido. Contudo, o pesquisador ressalta que, mesmo não sendo possível prever como será o tempo na época de colheita e quando exatamente ocorrerão as geadas, principais intempéries que representam riscos à cultura, “a antecipação de que não deveremos ter El Niño nessa safra é uma boa notícia para os triticultores do sul do Brasil”, e recomenda: “o produtor deve seguir o zoneamento agrícola, fazer escalonamento de semeadura com diferentes cultivares, investir em adubação e tratamento fúngicos conforme necessidade, enfim, zelar pelo manejo da lavoura do começo ao fim da safra”, orienta Cunha.
Outra recomendação da pesquisa ao produtor é semear apenas o que terá capacidade de colher: “se eu posso plantar 50 hectares por dia, é porque minha capacidade é para colher 50 hectares num único dia. O que acontece, muitas vezes, é que o trigo é plantado todo num dia, mas a colheita pode levar até uma semana. O cereal fica pronto para colher, mas acaba estragando enquanto espera na lavoura”, alerta o pesquisador Pedro Scheeren.
Preços
Em 2012, a redução da produção mundial e a queda de rendimento e de qualidade do trigo no RS resultaram em pressão positiva sobre os preços, ultrapassando R$700,00/t. Fatores como o consumo (681,0 milhões de t) maior que a produção (653,6 milhões de t), resultaram em uma relação estoque/consumo de 26%, a menor observada nos últimos três anos, e, juntamente ao aumento de preços de milho e soja e restrições de exportações em alguns países, impulsionaram os preços no final de 2012. “Os preços internos têm forte influência dos preços do mercado internacional, seguindo um padrão de evolução de comportamento semelhante, com algumas exceções pontuais, principalmente, em decorrência de problemas de frustração de safra”, explica a pesquisadora da Embrapa Trigo, Cláudia De Mori.
No entanto, o cenário mostra-se favorável à recuperação da oferta global, com ampliação da área semeada em países da União Europeia, Rússia, Ucrânia, Cazaquistão e Canadá. Também está previsto o retorno aos rendimentos normais na Rússia e na Ucrânia que sofreram com a seca no ano passado, embora um aumento de consumo dificulte a recomposição dos estoques.
A primeira estimativa da FAO para a produção mundial de trigo em 2013 é de 695 milhões de toneladas, o que representa 35,4 milhões de toneladas acima da safra 2012 e a segunda maior safra no registro. Porém, o consumo mundial tem apresentado crescimento de 2,1% ao ano, enquanto a produção tem crescido 1,54%. Some-se, ainda, a demanda crescente do uso do trigo na alimentação animal (impulsionado pelo balanço de oferta e demanda do milho) e na produção de biocombustível (tendência na Europa pela perda de mercados de exportação de trigo para os países do Mar Negro), além do mercado interno na China que está aquecido, são fatores que poderão influenciar a curva de preços. A redução de rendimento nas lavouras americanas, pelas adversidades enfrentadas pelos cultivos de inverno e a ocorrência de chuvas e alagamentos em algumas áreas que poderão refletir na qualidade, os possíveis problemas de qualidade na Ucrânia (especula-se que metade possa ter destino forrageiro) e as chuvas excessivas na Europa Ocidental têm mantido as cotações do cereal firmes nos últimos meses.
No mercado interno, a relação estoque/consumo estimada para a safra 2013/2014 é baixa, na ordem 6,3%, o que poderá neutralizar efeitos de queda de preços no mercado internacional em decorrência da maior oferta prevista. Apesar das estimativas de aumento de produção global, da isenção da TEC e importação de trigo americano, e dos leilões da CONAB ocorridos em maio, os preços internos têm se mantido firmes. O preço médio no RS, no mês de maio, de R$30,75/saca 60 kg, é 28,1% superior ao valor médio de maio de 2012 e, no PR, a cotação de R$38,39/saca de 60 kg, é 49,6% superior ao registrado em maio de 2012. No mercado internacional, as cotações observadas na última quinzena de maio, para entrega em dezembro, foram de US$264,80/t FOB em Chicago, US$ 276,66/t FOB em Kansas e US$275,85/t FOB na Argentina.
“É importante lembrar que além dos fatores tradicionais, como produção, consumo, estoques e comércio internacional, que exercem influência na formação de preços, os aspectos relacionados à qualidade tecnológica do cereal também condicionam a definição de preço do produto e devem ser considerados, assim como a implementação de formas de interação comercial com os elos industriais com especificação de produto fim”, conclui De Mori.
Fonte: Agrolink com informações de assessoria