02
dez
2013
O Plantio Direto precisa de ajustes
Salientamos recentemente, neste mesmo espaço, a importância da adoção do sistema de Plantio Direto na palha (PD) para explicar o espetacular desenvolvimento do agronegócio brasileiro a partir dos anos 1970, o que promoveu o Brasil de importador à condição de segundo maior exportador global de alimentos e a caminho da liderança. Dissemos, inclusive, que o PD merecia monumentos de reconhecimento em muitas cidades brasileiras, pelo tanto que essa tecnologia representou para a solução de antigos problemas de erosão dos solos e sua consequente degradação, resultando em baixa produtividade no campo e pobreza nas cidades.
Fazendo analogia com a sustentabilidade agrícola, que se sustenta sobre o tripé das perspectivas econômica, social e ambiental, o PD também tem três fundamentos para funcionar adequadamente: baixo revolvimento do solo, formação de abundante palhada e rotação de culturas.
Talvez pelos bons resultados desse sistema de manejo do solo nas duas últimas décadas, o produtor adquiriu excesso de confiança no sistema e descuidou-se das premissas que o regem, permitindo-se, inclusive, eliminar os terraços de contenção das enxurradas para facilitar as operações de semeadura e colheita, com o agravante de realizar tais operações no sentido da declividade do terreno.
O ponto mais crítico de desvio do rumo certo do PD está relacionado ao acúmulo insuficiente de palhada na superfície do solo, resultado da prática deficiente da rotação de culturas. A rotação é fundamental na formação de abundante palhada, a qual favorece a retenção do solo e da umidade, além de ajudar no controle das plantas daninhas.
Nada contra a repetitividade do sistema "soja-milho safrinha", o qual tem favorecido o agricultor com inquestionáveis bons resultados econômicos, mas que tal se ao menos se buscasse a alternativa de diversificar as culturas de inverno? Não digo substituir toda a área tradicionalmente cultivada com milho safrinha, por trigo, aveia ou pastagem, mas parte dela. Isto reduziria o atropelo na colheita da soja e plantio do milho, além de diminuir a compactação do solo pelo excesso de trânsito de máquinas num período normalmente mais chuvoso. Outra prática relevante para aprimorar a rotação de culturas é a substituição da soja pelo milho de safra, ao menos a cada quatro anos.
A palhada de trigo, embora em menor quantidade em relação ao milho safrinha, porque apresenta maior cobertura do solo, resultando em maior retenção da água das chuvas e melhor controle de plantas daninhas que resistem aos herbicidas. Por outro lado, sendo a palhada do milho deficiente na cobertura do solo, porque não incrementá-la cultivando braquiária entre as fileiras do milho? Vai competir com o milho? É possível, mas diante dessa possibilidade aplique pequena dose de herbicida para atrasar o desenvolvimento do pasto, o qual se desenvolverá a pleno quando o milho amadurecer, deixando um colchão de massa verde, que, somado à resteva do milho, deixará o solo bem protegido contra erosão, a perda de umidade e a proliferação de plantas daninhas. Com muita palhada, seria até possível distanciar um pouco mais os terraços, sem, no entanto, eliminá-los.
O PD foi e é muito relevante bom para o crescimento do agronegócio brasileiro. Ele merece os ajustes necessários para que continue sendo sustentável a longo prazo.
Amélio Dall’Agnol é engenheiro agrônomo
Fazendo analogia com a sustentabilidade agrícola, que se sustenta sobre o tripé das perspectivas econômica, social e ambiental, o PD também tem três fundamentos para funcionar adequadamente: baixo revolvimento do solo, formação de abundante palhada e rotação de culturas.
Talvez pelos bons resultados desse sistema de manejo do solo nas duas últimas décadas, o produtor adquiriu excesso de confiança no sistema e descuidou-se das premissas que o regem, permitindo-se, inclusive, eliminar os terraços de contenção das enxurradas para facilitar as operações de semeadura e colheita, com o agravante de realizar tais operações no sentido da declividade do terreno.
O ponto mais crítico de desvio do rumo certo do PD está relacionado ao acúmulo insuficiente de palhada na superfície do solo, resultado da prática deficiente da rotação de culturas. A rotação é fundamental na formação de abundante palhada, a qual favorece a retenção do solo e da umidade, além de ajudar no controle das plantas daninhas.
Nada contra a repetitividade do sistema "soja-milho safrinha", o qual tem favorecido o agricultor com inquestionáveis bons resultados econômicos, mas que tal se ao menos se buscasse a alternativa de diversificar as culturas de inverno? Não digo substituir toda a área tradicionalmente cultivada com milho safrinha, por trigo, aveia ou pastagem, mas parte dela. Isto reduziria o atropelo na colheita da soja e plantio do milho, além de diminuir a compactação do solo pelo excesso de trânsito de máquinas num período normalmente mais chuvoso. Outra prática relevante para aprimorar a rotação de culturas é a substituição da soja pelo milho de safra, ao menos a cada quatro anos.
A palhada de trigo, embora em menor quantidade em relação ao milho safrinha, porque apresenta maior cobertura do solo, resultando em maior retenção da água das chuvas e melhor controle de plantas daninhas que resistem aos herbicidas. Por outro lado, sendo a palhada do milho deficiente na cobertura do solo, porque não incrementá-la cultivando braquiária entre as fileiras do milho? Vai competir com o milho? É possível, mas diante dessa possibilidade aplique pequena dose de herbicida para atrasar o desenvolvimento do pasto, o qual se desenvolverá a pleno quando o milho amadurecer, deixando um colchão de massa verde, que, somado à resteva do milho, deixará o solo bem protegido contra erosão, a perda de umidade e a proliferação de plantas daninhas. Com muita palhada, seria até possível distanciar um pouco mais os terraços, sem, no entanto, eliminá-los.
O PD foi e é muito relevante bom para o crescimento do agronegócio brasileiro. Ele merece os ajustes necessários para que continue sendo sustentável a longo prazo.
Amélio Dall’Agnol é engenheiro agrônomo
Fonte: Folha Web