O posicionamento correto de cultivares é essencial para o sucesso produtivo da lavoura. Recomenda-se que cultivares de alto teto produtivo e elevadas exigências devam ser posicionadas em lavouras de elevado nível tecnológico, enquanto cultivares de maior estabilidade produtiva devam ser posicionadas em lavoras de menor nível tecnológico.
Além do potencial produtivo, um dos fatores a ser considerado no posicionamento da cultivar é sua adaptação frente ao comprimento do dia. Além de responder a temperatura média do ar (soma térmica), a soja pode ser considerada uma cultura responsiva ao fotoperíodo, sendo esse, fator decisivo para a determinação dos estádios de desenvolvimento da cultura, juntamente com a soma térmica.
É conhecido que quanto mais próximo da linha do Equador, menor o fotoperíodo durante o verão (dias mais curtos), sendo assim, uma cultivar de soja pode acelerar seu ciclo e florescer mais cedo quando cultivada nessa região. Embora naturalmente seja comum relacionar o período de desenvolvimento da soja a definição de ciclo (Super-precoce; precoce; normal e tardio), essa diferenciação pode não representar com exatidão o período de desenvolvimento de uma cultivar dependendo da região onde é cultivada.
Visando melhor clareza para determinação do período de desenvolvimento de cultivares de soja, adotou-se os Grupos de Maturação Relativa (GMRs). O GMR leva em consideração a latitude da região de cultivo e consequentemente fotoperíodo, o que permite melhor determinação do período de desenvolvimento da soja.
O GMR é dividido em números, os quais permitem a separação das cultivares conforme a melhor adaptação a região de cultivo. Ao total existem 13 GMRs, começando com o triplo zero (000) para as cultivares adaptadas a regiões onde os dias são longos e o verão é curto (como por exemplo o Canada e o norte dos Estados Unidos), até o GMR 10, adaptado para regiões tropicais, com dias curtos (12 horas de sol) e pouca variação do fotoperíodo ao longo do ano (Silva, 2020).
Para melhor compreensão, é possível relacionar o GMR da cultivar ao velho conceito de ciclo, sendo que quando menor o GMR, mais precoce tende a ser o ciclo da cultivar. Em virtude do menor comprimento do dia nas regiões mais próximas a linha do Equador, a soja semeada nessas condições tente a florescer mais cedo, encurtando consequentemente o período vegetativo, o que pode prejudicar a produtividade da cultura. Dessa forma, visando atenuar o problema, se aconselha a semeadura de cultivares com maior GMR nessas áreas, sendo essa, uma aplicação prática do uso do GMR que contribui para o melhor posicionamento de cultivares.
Figura 1. Distribuição dos grupos de maturidade relativa de cultivares de soja no Brasil, em função da latitude.
Fonte: Fundação Meridional de Apoio à Pesquisa Agropecuária
Quadro 1. Relação das regiões fisiográficas componentes das regiões edafoclimáticas de adaptação das cultivares de soja da região Centro-Sul.
Fonte: Mais Soja
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