17
jul
2012
Novo período do vazio sanitário da soja exige atenção em MS, alerta analista
A partir deste ano, os produtores rurais de Mato Grosso do Sul têm a possibilidade de semear a soja 15 dias mais cedo em relação a 2011, devido à publicação da Lei Estadual nº 4.218, que alterou o período do vazio sanitário para a cultura. Até o ano passado, o período era de 1º de julho a 30 de setembro, e a partir de agora é de 15 de junho a 15 de setembro de cada ano-calendário. Isso significa que a eliminação das plantas voluntárias (soja guaxa ou tiguera), que nascem espontaneamente na entressafra, oriunda dos grãos perdidos na colheita e no transporte, deve ser realizada até 14 de junho.

Essa lei deu nova redação à Lei 3.333/2006 e foi publicada no Diário Oficial do Estado de Mato Grosso do Sul na quinta-feira (12). O vazio sanitário é a estratégia de controle da Ferrugem Asiática da soja durante a entressafra realizada por meio da diminuição do inóculo da doença na planta, já que o fungo causador do problema, o Phakopsora pachyrhizi, é um parasita que somente sobrevive e reproduz em planta viva com molhamento foliar.

Essa antecipação do período do vazio sanitário, que agora coincide com o dos estados vizinhos MT, SP e PR, foi uma demanda do setor produtivo de Mato Grosso do Sul (Aprosoja e Famasul) e contou com apoio do Comitê Estadual de Controle da Ferrugem Asiática, do qual a Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados/MS) faz parte.

"Essa antecipação do vazio sanitário em MS não significa que a Pesquisa ou o Comitê estejam incentivando a antecipação da semeadura da soja. Mas apenas criando condições legais para que o plantio seja possível a partir de 16 de setembro quando as condições climáticas forem favoráveis", explica o analista de pesquisa da área de fitopatologia da Embrapa Agropecuária Oeste, Alexandre D. Roese.

Além de observar as condições climáticas, o produtor que decidir iniciar o plantio a partir desse novo período deve evitar a escolha de cultivares precoces, porque as plantas apresentarão baixo porte e potencial produtivo prejudicado, como explica o pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, da área de Sistemas de Produção, Rodrigo Arroyo. "Nesse caso, são mais recomendáveis as cultivares com tipo de crescimento indeterminado de ciclo pelo menos semi precoce, ou as determinadas com período juvenil longo", afirma.

Vantagens e desvantagens

Segundo Arroyo, uma das vantagens com a mudança do vazio sanitário da soja é que a cultura da entressafra - em MS, o milho é a cultura mais adotada - poderá ser adiantada. Dessa forma, as condições climáticas são mais favoráveis, já que haverá mais intensidade luminosa, maior oferta de chuva e possível ocorrência de geadas em fases menos suscetíveis do milho. Roese acrescenta mais um fator positivo: a eliminação antecipada das plantas - com grande quantidade de inóculo da ferrugem asiática - que ficam mais no final da safra. "Quanto antes eliminar a soja, menos o fungo se multiplicará", diz Roese.

Mas a antecipação para 16 de setembro pode proporcionar menor probabilidade de obtenção de altas produtividades da soja, pois nesse período há irregularidade na distribuição de chuvas, o que dificulta o estabelecimento da cultura. "Além disso, os prováveis veranicos afetarão a fase mais sensível da soja (formação e enchimento de vagens), e a fase da colheita coincidirá com períodos chuvosos", alerta Arroyo. Outro fator importante é que ao decidir semear a soja em setembro, o produtor deixa de ter acesso a algumas políticas agrícolas, como o seguro da lavoura e o Programa Agricultura de Baixo Carbono (Programa ABC), já que o início do zoneamento agrícola no Estado é a partir de 1º de outubro.

Diferentemente do vazio sanitário, o zoneamento agrícola não está estabelecido em lei, mas é um estudo elaborado para diminuir riscos relacionados a fenômenos climáticos, com metodologia validada pela Embrapa e adotada pelo Mapa. O zoneamento é o indicativo da melhor época de semeadura, levando-se em consideração três fatores concomitantes: histórico de dados climáticos da região, características da cultivar e o tipo de solo. Por isso, os pesquisadores ressaltam que o produtor precisa avaliar bem vários fatores e decidir se compensará fazer o cultivo da soja, em Mato Grosso do Sul, antes de outubro.

Sílvia Zoche Borges
Fonte: Embrapa Agropecuária Oeste
 
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