25
nov
2013
Novo chefe da Embrapa Soja defende fortalecimento das redes de pesquisa
Novo chefe-geral da Embrapa Soja defende fortalecimento das redes de pesquisa

Com a área de soja crescente, ocupando quase 30 milhões de hectares, gerir o sistema de pesquisa que dá sustentação técnica à cultura será o desafio do novo chefe-geral da Embrapa Soja, o pesquisador José Renato Bouças Farias, que assumiu a chefia da Unidade no último dia 1º de novembro, em Londrina-PR. Presidida pelo presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Maurício Lopes, a cerimônia de posse, ocorrida no dia 14, contou com a participação de importantes representantes do poder público, ensino e entidades ligadas ao agronegócio brasileiro.

Durante a solenidade de transmissão de cargos, o presidente da Embrapa destacou a grande revolução ocorrida na década de 1970 na agricultura brasileira, onde a pesquisa pública ajudou a viabilizar as tecnologias que abriram caminho para que a iniciativa privada pudesse entrar de maneira competitiva. “O Brasil foi muito ousado e muitos atores contribuíram para esse sucesso. Mas os agricultores brasileiros foram os grandes empreendedores, que abraçaram o desafio de construir uma agricultura moderna e pujante, projetando o Brasil como grande provedor de alimentos no mundo”.

O presidente destacou ainda que “hoje, novos desafios se descortinam: temos que trabalhar para que sustentabilidade e desenvolvimento não sejam palavras antagônicas, assim como precisamos avançar na lógica dos sistemas integrados. Para isso, inteligência estratégica será fundamental ao sistema de pesquisa brasileiro”, apontou o presidente. Com o Brasil se tornando o maior produtor mundial de soja e um cenário de alta demanda e preços favoráveis à oleaginosa, o novo chefe-geral da Embrapa Soja, José Renato Bouças Farias, terá como desafio fazer com que a estrutura de pesquisa da Embrapa e seus parceiros, contribuam ainda mais para que a produção brasileira alcance novos patamares de sustentabilidade.

“O crescimento da produção tem que ser de forma ordenada e sustentada, uma vez que os riscos e problemas tendem a aumentar na mesma proporção. Isso vai exigir da pesquisa o aprimoramento permanente do sistema produtivo e a aplicação do conhecimento de maneira transversal. Não há como encarar esses desafios sem o enfoque sistêmico dentro da cultura e das interações da cultura com os diferentes sistemas produtivos nos quais ela está inserida”, explica.

Assumindo a gestão da Unidade em um cenário onde a demanda por tecnologias que garantam a sustentabilidade do sistema de produção de soja tende a aumentar, especialmente porque já há vários elos da cadeia produtiva percebendo a necessidade de corrigir alguns rumos, o novo chefe elenca algumas prioridades para os próximos anos.

“A Unidade deve intensificar as ações proativas e, para isso, será necessário melhorar a capacidade de prospecção de problemas futuros. Não é uma tarefa fácil, pensando na área ocupada atualmente pela cultura, mas vamos precisar desenvolver inteligência estratégica para vislumbrar entraves e limitações dos sistemas produtivos”, explica.

Para dar conta do desafio, José Renato defende o aprimoramento das redes de pesquisa em parceria com agentes públicos e privados que estão no campo, com outras instituições de pesquisa e universidades. “O caminho é a articulação de redes de pesquisa multi-institucionais e multidisciplinares, o que exigirá da Embrapa um papel estratégico nesse processo. Um exemplo disso é a transformação que estamos promovendo na Reunião de Pesquisa de Soja, que será um grande fórum de identificação de problemas, mapeamento de tendências e, em especial, de articulação de redes de pesquisa para de forma rápida e eficiente se obter soluções para os sistemas de produção, que estão cada vez mais complexos e competitivos”, observa.

Com uma área de atuação tão grande e expressiva, o novo chefe defende um novo salto de qualidade nas estratégias de comunicação e de transferência de tecnologia. “É preciso ampliar a interação da pesquisa com os setores demandantes, por isso vamos fortalecer as estratégias de TT em algumas regiões e usar as modernas tecnologias a nosso favor, como os canais de comunicação multimídia, que nos permitem conversar diretamente com os diferentes públicos de relacionamento”, explica.

“Nos últimos anos, a Unidade organizou a estrutura para que esse novo patamar pudesse ser alcançado. As equipes foram fortalecidas e ampliadas, agora é a hora de colocar a estratégia em prática”, completa. Entusiasta da tecnologia, José Renato acredita que a unidade fortalecerá ainda mais sua presença junto ao setor produtivo ao disponibilizar conteúdos relevantes em espaços de aprendizado on line. “Geramos sistematicamente muito conhecimento científico aplicado ao dia a dia no campo e hoje nos cabe rever a forma de “entregar” essa informação. Temos que usar a tecnologia a nosso favor e nos aproximar de quem está na ponta, no dia a dia da agricultura”.

Na visão do novo chefe, a Unidade para dar conta dos novos desafios é preciso um ambiente interno colaborativo e de valorização das pessoas. Em seu plano de trabalho, destaca a necessidade de trabalhar o sentimento de pertencimento em um ambiente de alto estímulo à criatividade. “É preciso ter reconhecimento, oportunidades para que os talentos apareçam e muito estímulo à criatividade. As pessoas precisam estar bem no ambiente de trabalho”, reforça.

Conheça a trajetória profissional do novo chefe-geral da Embrapa Soja

José Renato Bouças Farias é pesquisador da Embrapa Soja desde 1990 e tem ampla experiência em gestão, além de carreira científica destacada, tendo liderado vários projetos e grupos de pesquisa. É bolsista de produtividade em pesquisa pelo CNPq desde 1995. Entre suas linhas de pesquisa estão Agrometeorologia; Ecofisiologia da Soja; Modelagem e Simulação de Sistemas Agrícolas; Zoneamento de Risco Climático; Mudanças Climáticas. Foi secretário-executivo do Comitê Técnico Interno (CTI), Chefe de Pesquisa e Desenvolvimento por duas gestões (1999 a 2003 e 2008 a 2013) e representante da empresa em vários fóruns e associações ligados à cadeia produtiva da soja, entre outras experiências.

Farias tem 48 anos e é natural de Porto Alegre, RS. Formou-se em Engenharia Agronômica pela Universidade Federal de Pelotas (FAEM/UFPel) em 1982, onde também obteve seu título de mestrado em Produção Vegetal (1986/1988). É doutor em Fitotecnia/Agrometeorologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Desenvolveu seu pós-doutorado na área de Modelagem e Simulação de Sistemas Agrícolas na Universidade da Florida (EUA) e Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP.


Fonte: Embrapa Soja

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