O comitê de resistência da Sociedade Brasileira de Ciências de Plantas Daninhas foi comunicado, em junho, sobre um novo caso de resistência de planta daninha a herbicida no país. O relato foi referente a uma população de Conyza sumatrensis, uma das espécies de buva, resistente ao herbicida paraquate. O caso foi estudado pelos professores Alfredo Junior Paiola Albrecht e Leandro Paiola Albrecht, além do estudante Vinicius Gabriel Caneppele Pereira, da Universidade Federal do Paraná/Setor Palotina; pelos pesquisadores Luiz Henrique Zobiole e Rogerio da Silva Rubin, da Dow Agrosciences; e pelo pesquisador Fernando Storniolo Adegas, da Embrapa Soja.
A população de buva resistente foi encontrada no município de Assis Chateaubriand (PR). As sementes coletas foram testadas primeiramente pela equipe da Universidade Federal do Paraná, em Palotina (PR), na safra 2015/2016. Os pesquisadores dizem que na ocasião, o produtor reclamava que desde o ano anterior a buva não havia sido controlada pelo paraquate na aplicação sequencial. A princípio, os pesquisadores pensaram que o problema poderia estar relacionado com uma possível baixa eficiência da primeira aplicação sequencial ou com a tecnologia de aplicação do herbicida. Situação semelhante já estava sendo observada também por técnicos da CVale-Cooperativa Agroindustrial, que atuam na região.
Dando continuidade à investigação, na safra 2016/2017, as sementes da área suspeita foram enviadas para a Estação Experimental da Dow Agrosciences, em Mogi Mirim (SP) e para a Embrapa Soja, em Londrina (PR). As pesquisas comprovaram a resistência. Com o objetivo de identificar a espécie, foi enviada uma amostra da planta daninha para a Universidade Federal de Uberlândia, que confirmou ser Conyza sumatrensis. Ao mesmo tempo, sementes de outra população de buva, com suspeita de resistência, foram coletada pela equipe da CVale, e enviadas para a Embrapa Soja. Os testes para comprovação da resistência desta população ainda não foram finalizados.
A partir da constatação da resistência de buva ao paraquate, a equipe de pesquisadores criou um protocolo para divulgação do caso. A primeira iniciativa foi discutir a situação com os agrônomos da assistência técnica das cooperativas atuantes na região oeste do Paraná para mitigar o problema. Além disso, foi estabelecida uma ação conjunta de monitoramento, com a finalidade de se mapear a abrangência da resistência.
De acordo com o pesquisador Fernando Adegas, da Embrapa Soja, esta questão de resistência pode ser considerada normal, porque está relacionada à utilização de um mesmo herbicida, na mesma área e por longo período. O oeste do Paraná foi um dos primeiros locais a ter problemas com a buva, e o paraquate vem sendo utilizado, com sucesso, há bastante tempo na região. “Vale reforçar que nesta região onde foi constatada a resistência, já estão sendo adotadas medidas para evitar a disseminação do problema, principalmente com o treinamento da assistência técnica sobre alternativas de manejo para reduzir perdas de produtividade”, ressalta Adegas.
A buva está presente em grande parte do país, mas não houve relato de situação semelhante a este caso até o momento, em nenhuma outra região. “Por isso, não é caso de se fazer alarde, mas sim de alertar os agricultores da necessidade de adoção de boas práticas agrícolas, como o manejo integrado de plantas daninhas, que inclui entre outras ações, a rotação de herbicidas com diferentes mecanismos de ação”, ressalta o grupo de técnicos envolvidos na ação.
Os pesquisadores também consideram oportuno salientar que já foram relatados outros 45 casos de resistência de plantas daninhas a herbicidas no Brasil, sendo destaque as espécies resistentes ao glifosato, como a própria buva, o azevém, o capim-amargoso, o caruru-palmeri, o chloris e o capim pé-de-galinha.
Contatos para entrevista:
- Alfredo Junior Paiola Albrecht – (44) 99963-4193
- Leandro Paiola Albrecht – (44) 99972-0478
- Luiz Henrique Zobiole – (45) 99153-5278
- Fernando Storniolo Adegas – (43) 3371-6112 e 99677-4463
Fonte: Embrapa
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