A partir de julho de 2011 entra em vigor o novo padrão oficial de classificação do trigo brasileiro. As mudanças técnicas, como a alteração de valor mínimo de força de glúten de 180 para 220, pretendem elevar a qualidade do grão do País e alavancar o mercado.
''Considero a mudança um marco na triticultura no Brasil'', afirma Paulo Magno Rabelo, técnico responsável pelo trigo na Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), órgão ligado ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Mercado internacional - A classificação aplicada atualmente, pontua Rabelo, está fora dos padrões de mercado internacional. ''A mudança era uma exigência para a triticultura que não está em conformidade com o mercado'', avalia o técnico, acrescentando que a medida será fundamental para melhorar a comercialização do setor. As novas regras foram definidas no mês passado em reunião no Mapa com representante de diversas entidades que representam o setor produtivo e o industrial, entre eles Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep) e Organização da Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar). A nova classificação ainda será publicada em diário oficial.
Classes - O trigo será classificado em três tipos conforme o peso do hectolitro (ph) com limites máximos de tolerância de defeitos, que envolve glúten, estabilidade e força de queda. E agora será dividido em cinco classes: Melhorador, Pão, Uso Doméstico, Básico ou Outros Usos. Junto a outras características, isso determina se a farinha obtida a partir de uma cultivar de trigo serve para fabricar, por exemplo, pães, massas ou biscoitos.
Pão - De acordo com Rabelo, atualmente para ser classificado como tipo pão, o grão deve apresentar valor mínimo de 180 de força de glúten. Pelas novas regras, esse patamar sobe para 220. A força de queda que era de 200 sobe para 250 e a estabildiade mínima será de 15 minutos para o trigo de melhor performance. ''Todo mundo terá que se adequar ao novo padrão, da pesquisa à produção'', observa o técnico, ressaltando que a pesquisa terá que se adiantar ainda mais e desenvolver novas cultivares. ''Muitas variedades plantadas hoje, não serão mais. Mas hoje já existem muitos materiais, cultivados em menor quantidade, que já se enquadram nos novos padrões'', frisa Rabelo. Segundo ele, existem perto de 80 variedades registradas no Mapa. ''Mas não precisamos de mais do que 10. E isso facilita a armazenagem'', destaca.
Queda na importação - Conforme o técnico da Conab, perto de 50% do trigo consumido pela indústria brasileira é importado, não só pelo fato de o País não produzir o suficiente, mas também por conta da qualidade do produto nacional. Porém, conforme Rabelo, a qualidade do trigo brasileiro vem melhorando nos últimos anos e deve se tornar ainda maior com a nova classificação.
Uso maior - Dados da Conab, por sua vez, apontam que as importações vem caindo nos últimos anos. ''Essa redução indica maior uso do nosso trigo pelos moageiros. A cada ano moemos mais do nosso grão'', ressaltou. Na safra 2006/07 foram importadas 7,1 milhões de toneladas de trigo, no período seguinte o volume caiu para 5,9 milhões de toneladas, em 2008/09 ficou em 5,6 milhões de toneladas. A expectativa é que na temporada 2009/10 o volume feche em 5,3 milhões de toneladas. Quanto a produção brasileira, levantamento do órgão aponta que no período 2008/09 foram colhidas cerca de 5 milhões de toneladas. Para esta safra, a previsão é de 5,1 milhões de toneladas. E a expectativa é de que na temporada de 2012/13, o País esteja colhendo em torno de 7 milhões de toneladas. (Folha Rural/ Folha de Londrina).
Fonte: Folha de Londrina - Ocepar
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