As chuvas registradas em Mato Grosso do Sul nos últimos dias trouxeram um alívio aos produtores de soja, cuja semeadura começa na quarta-feira (20) , de acordo com o Zoneamento Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Somente em Dourados, a Estação Agrometeorológica da Embrapa Agropecuária Oeste registrou 165 mm de precipitação entre os dias 23 e 30 de setembro. Depois de toda essa chuva, vem uma recomendação da Embrapa sobre a dessecação antes da semeadura: esperar que o tempo se estabilize e, somente após a ocorrência da próxima chuva, realizar a dessecação.
De acordo com o pesquisador da Embrapa Soja (Londrina, PR) Fernando Adegas, a medida visa evitar o risco de o herbicida não ter o efeito desejado sobre o mato, já que entre as consequências do grande período de seca enfrentado no inverno estão o estresse e a paralisação do crescimento das plantas. Nessa situação, elas ficam com a cutícula mais espessa, sendo mais difícil a absorção do herbicida.
“Além disso, as plantas ainda não retomaram o seu crescimento de forma normal, o que reduz a eficiência do herbicida prejudicando a dessecação. Outro ponto importante em esperar as próximas chuvas para se realizar a dessecação é que deve haver um novo fluxo (emergência) de mato com o aumento da umidade do solo, e essas plantas seriam controladas se a aplicação fosse feita posteriormente”, informa.
O pesquisador afirma que esse manejo não deveria ter sido adotado antes da chuva porque, além da situação adversa de crescimento do mato, havia muita poeira acumulada sobre as plantas, o que também poderia diminuir a absorção e eficácia dos herbicidas. “Outro ponto importante é em relação à situação climática, pois antes das chuvas as temperaturas estavam muito altas e a umidade relativa do ar extremamente baixa, sendo condições totalmente inapropriadas para a aplicação de defensivos”, explica.
Pressa
Para o produtor que pretende semear a soja mais cedo e não vai esperar o prazo recomendado para a dessecação, Adegas orienta cuidado com as condições climáticas desta época do ano. “O ideal é aplicar o herbicida em períodos com temperatura mais amena e umidade mais alta, ou seja, no início da manhã e fim da tarde”.
Outro alerta é que se utilizem os herbicidas registrados para essa aplicação, exatamente nas doses recomendadas, pois as plantas ainda não estão com o crescimento normalizado. Nesse caso, produtos inadequados e subdoses podem resultar em controle insatisfatório.
“Como essa aplicação agora não é a ideal, é fundamental para os produtores que optarem por fazê-la, realizarem o monitoramento da área para verificar a necessidade de reaplicação antes da semeadura”, conclui Fernando Adegas.
Fonte: Embrapa - Página Rural
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