27
jul
2012
Mercado diferenciado exige adaptações do complexo produtivo de soja
As novas exigências do mercado por produtos não-geneticamente modificados livres de contaminação com outros materiais exigem adaptações do setor produtivo de grãos. No caso do complexo soja, por exemplo, a demanda por soja livre acarreta em investimentos e adaptações para a segregação dos produtos. Estes e outros desafios do setor foram debatidos durante o VI Congresso Brasileiro de Soja, realizado no Centro de Eventos do Pantanal, em Cuiabá (MT).

No painel Biotecnologia: royalties, desafios regulatórios e comércio internacional, especialistas da Embrapa, Abrange, Basf e da Icone apresentaram questões ligadas aos novos desafios que surgem com o advento da biotecnologia. Questões como a propriedade intelectual e o desenvolvimento de novos materiais se atrelaram às consequências para o mercado, como o pagamento de royalties, a possível concentração de mercado, a abertura de novas possibilidades com bonificações e os cuidados com a contaminação de sementes.

As possibilidades de mercado para a soja livre foram apresentadas pelo diretor técnico da Associação Brasileira de Produtores de Grãos Não-Geneticamente Modificados (Abrange), Ivan Paghi. Segundo ele, há um mercado aberto para este tipo de produto, que corresponde a 26% da soja plantada no Brasil. Além disso, este cultivo possibilita menor dependência técnica e maior agregação de renda uma vez que os produtores não precisam pagar royalties e ainda recebem bônus na venda.

Entretanto, ele destacou os cuidados para se produzir a soja livre e evitar algum tipo de contaminação com materiais geneticamente modificados. Cuidados estes que devem se iniciar na produção das sementes e se estender até o transporte final do produto. De acordo com Ivan, os custos para estas adaptações estruturais e logísticas devem ser arcados pela cadeia como um todo.

Para evitar a contaminação e a perda de estoques de soja livre, foi lançada no Brasil a Normatização de Soja Não-Geneticamente Modificada, que padroniza a produção de modo a atender as exigências do mercado. Mas a normatização por si só não resolve todos os problemas. O palestrante Rodrigo Lima, da Icone, destacou a necessidade de se discutir os procedimentos a serem adotados com Baixos Níveis de Presença. Segundo ele, estes são casos em que cargas apresentam pequenos índices de contaminação, que pode ser por outros produtos, materiais geneticamente modificados em lotes livres, eventos não liberados em determinados países, entre outros.

Para Rodrigo, é fundamental que se discuta como proceder em casos de pequena contaminação e o que fazer com estas cargas, de modo a reduzir as barreiras ao comércio. “A preocupação é para que os países discutam isto. É um tema que está escondido, mas não pode mais ser deixado de lado. A CTNBio precisa ser envolvida nisso”, disse. Segundo o palestrante, uma solução seria a criação de uma política uniformizada no mundo, de modo a fazer com que todos os países, compradores e produtores, sigam as mesmas regras, reduzindo-se as barreiras ao comércio.

Fonte: Embrapa Soja
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