A recomposição dos estoques mundiais de milho, soja e trigo tendem a manter os preços destas commodities mais estáveis em 2017, sem previsão de grandes saltos nas cotações como em anos anteriores. A avaliação é do diretor do Departamento de Economia Rural da Secretaria de Agricultura e do Abastecimento, Francisco Simioni.
Segundo Simioni, a produção da América do Sul é determinante para a formação de preços de milho e soja. Na Argentina ainda há dúvidas sobre o real desempenho da safra da soja, e no Brasil, o último relatório da CONAB (fev/16) a estimativa é de uma produção de até 212,3 milhões de toneladas para a safra primavera verão.
Além da oferta maior de grãos, o desempenho da economia brasileira também será decisivo na formação dos preços, já que a dependência do mercado externo para o segmento agrícola será muito maior. “Os produtores rurais dependerão muito mais do mercado interno, considerando a tendência de valorização do Real frente o Dólar. As exportações e o recuo das cotações no mercado externo, farão com que mais do que nunca os produtores se voltem para suas planilhas de custos para manter a rentabilidade”, analisa.
No Paraná a previsão é colher 23,2 milhões de toneladas na primeira safra, e se somarmos a essa produção, a segunda safra e mais a dos cereais de inverno, as projeções indicam uma colheita de até 40 milhões de toneladas. É necessário que as condições da segunda safra de feijão e milho se consolidem e que a de cereais de inverno também, destacou Simioni.
Eficiência e escala
Neste momento de margens mais apertadas, o planejamento é fundamental, pois segundo Simioni, só obterão rentabilidade positiva aqueles que fizerem um planejamento minucioso da atividade com vistas a obter ganhos por eficiência e escala. '“Os indicadores apontam até agora, que tanto a inflação como o câmbio devem permanecer em patamares mais comportados este ano”, destaca Simioni.
A indicação de tendência de queda da inflação é um fator determinante para a redução da taxa SELIC, que no médio prazo, é um grande incentivador para as pessoas retomarem o consumo, e fazer a economia reagir.
Já em relação ao câmbio, com o real mais valorizado frente ao dólar, ou no mínimo, mais estável, as exportações tendem a render menos. “Contudo, no caso paranaense, onde a soja é o principal produto da pauta das exportações do agronegócio, com o aumento da produtividade desta safra 16/17 o impacto de uma possível variação do câmbio para menor poderá ser atenuada pelo ganho de produtividade, que neste ano, tende a ser acima da média histórica”, completa.
Concluindo, com a taxa SELIC menor e câmbio menos agressivo, havendo recomposição do nível de emprego, deverá ocorrer a recomposição da renda das famílias, proporcionando uma capacidade maior de consumo e favorecendo o crescimento da economia.
Cooperativismo na crise
Um dos fatores que ajudam o produtor paranaense a enfrentar a crise é sua tradição cooperativista, com visão para planejar o futuro de forma estratégica. “Essa formação cooperativista e associativista bem sedimentada entre os produtores é um diferencial dos paranaenses, que nos dá vantagem no cenário nacional e internacional”, comenta.
Atualmente, as cooperativas paranaenses atuam em mais de 100 municípios, com forte participação no desenvolvimento econômico de suas comunidades, impulsionando a elevação no orçamento de na renda, especialmente dos pequenos municípios. “Essa interação com a vida e o cotidiano local mudaram o perfil de muitas comunidades em todas as áreas, educação, segurança, habitação e saúde”.
A participação do setor cooperativista na economia paranaense é muito significativa. No ano passado as 220 cooperativas paranaenses alcançaram um faturamento de R$ 70,32 bilhões, respondendo por 22,7% do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado e por 56% da produção agropecuária, e exportaram cerca de US$ 2,0 bilhões. Ao todo o cooperativismo paranaense congrega 1,4 milhão de cooperados, possui 84 mil empregados e gera 2,6 milhões de postos de trabalho.