28
ago
2014
Maringá/PR: Produção de soja terá salto de 20%

 

Luiz de Carvalho

Na região da Amusep, área plantada com o grão deve ser ampliada em mil hectares, na comparação com o ciclo passado
Em contrapartida, espaço cultivado com o milho deve ser reduzido a 900 hectares; cereal ganhará força na safrinha

A safra de soja que começa a ser plantada dentro de 30 a 40 dias na região de Maringá deverá apresentar uma produção entre 10% e 20% superior à registrada no ciclo anterior. Em compensação, o volume de milho deverá ficar próximo da metade do colhido no verão passado.

O Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento, começou, ontem, a elaborar o levantamento sobre a área a ser cultivada na safra de verão 2014/2015 e adiantou que o espaço com soja deverá crescer em cerca de mil hectares, nas 30 cidades da área de abrangência da Associação dos Municípios do Setentrião Paranaense (Amusep).

O economista do Deral, Dorival Basta, explica que a área de plantio da região é semelhante ao do ano passado, mas o espaço dedicado à soja deverá aumentar, porque os produtores desistem de plantar milho no verão. Ele prevê que a área com o cereal será reduzida para cerca de 900 hectares, número, praticamente, nulo, quando dividido entre os municípios da Amusep.

Além da pesquisa do Deral, junto aos produtores, os números apresentados pelas cooperativas da região mostram aumento de interesse pela soja. Cerca de 90% do pacote de insumos para a próxima safra, que incluem sementes, adubos, defensivos e outros produtos, já foram reservados nas cooperativas, como a Cocamar e a Cocari, e, basicamente, tudo que foi encomendado é para a produção da oleaginosa.

Tecnologia
De acordo com Basta, a previsão inicial do Deral para a região é de um crescimento na produção de soja, por causa do aumento da tecnologia empregada no cultivo do grão. "A tecnologia, aliada à escolha de boas sementes e tratos corretos, possibilita aumento da produtividade ano a ano. Se não ocorrerem contratempos climáticos, a região vai colher entre 3,2 mil e 3,5 mil quilos, por hectare, o que vai resultar em cerca de 55 sacas, por hectare, ou 105, por alqueire, um novo recorde", destaca.

As reservas de sementes nas cooperativas mostram que mais da metade dos produtores da região optam por variedades de ciclo curto. Assim, o período da colheita se dará entre o fim de janeiro e início de fevereiro do próximo ano, o que vai permitir a semeadura do milho safrinha, para ser retirado do campo, em julho, e evitar que o cereal fique exposto ao risco de geadas ou de estiagens.

EL NIÑO
Os agricultores apostam em um regime de chuvas equilibrado, durante a safra de verão, o que pode garantir uma boa colheita. De acordo com o Instituto Meteorológico Simepar, as previsões indicam a atuação do fenômeno El Niño, durante a primavera, que começa, em menos de um mês. Há, no entanto, incertezas sobre a intensidade do evento. O fenômeno, que se repete a cada três anos aproximadamente, é provocado pelo aumento atípico da temperatura superficial das águas do Oceano Pacífico e provoca distorções climáticas no mundo todo.


ALERTA. Alécio Rufato diz que ataque do percevejo barriga-verde chega a provocar quebra de 20% no milho safrinha. —FOTO: DOUGLAS MARÇAL

Infestação do 'barriga-verde' preocupa

Ontem, o produtor Alécio Rufato interrompeu a reconstrução de terrais, na fazenda dele, na Gleba Pinguim, para verificar a ocorrência do percevejo barriga-verde na palhada que ficou sobre o solo, após a colheita do milho, concluída na semana passada. Na análise, ele constatou que a quantidade do inconveniente inseto é maior a cada ano, o que significa prejuízos cada vez maiores para o milho e a soja.

Em apenas alguns palmos de solo, o agricultor pode contar, às dezenas, a quantidade de percevejos. A maioria estava aglomerada onde havia milho brotando de grãos de caíram da colheitadeira. A constatação de Rufato é semelhante à dos demais produtores da região. Segundo Valdir Fries, que planta soja e milho em Itambé, cerca de 10 anos atrás, o barriga-verde era, praticamente, desconhecido na região. Hoje, algumas propriedades de Maringá, Floresta e Doutor Camargo chegaram a ter perdas de cerca de 20% da produtividade do milho safrinha, por causa dos ataques do percevejo.

O chefe do Núcleo Regional da Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento, em Maringá, Romoaldo Carlos Faccin, destaca que o inseto era considerado como de importância secundária. Hoje, porém, já passa à categoria de pragas primárias. Ele acrescenta que barriga-verde ataca também a soja, mas os prejuízos maiores são verificados no milho.

O agricultor Rufato afirma que o inseto fica no solo e, quando o milho começa a brotar, ele fura o caule e suga o que está no interior. "Depois do ataque, a planta fica estressada e não se desenvolve mais", ressalta. Como a planta "chupada" não vai produzir e é quase impossível saber quantas plantas morrem, sem crescer, o produtor não tem como mensurar de forma exata o tamanho do prejuízo.

Rufato declara que os ataques dos percevejos obrigam os agricultores a usarem cada vez mais inseticidas na lavoura. Há cerca de 10 anos, o defensivo era, praticamente, desnecessário. Depois, passou a ser usado na fase de plantio. "Hoje, a gente usa quando planta, depois quando a planta está com uns 10 centímetros e duas aplicações já não evitam que o barriga-verde cause prejuízos maiores a cada ano", comenta.

O aumento de pragas, como o barriga-verde, pode ser resultado de um sistema cada vez mais calcado na monocultura. O chefe do Núcleo da Secretaria da Agricultura lembra que como hoje a rotação de culturas em uma área se limita a soja e milho, insetos que antes tinham um tipo de planta específico para se alimentar se adaptam ante as poucas opções alimentares.


Fonte: O Diário de Maringá

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