25
nov
2013
Manejo é a ferramenta de controle da Helicoverpa armigera
Profissionais da agronomia discutiram em Londrina os efeitos da presença da lagarta no Estado

A aplicação desordenada de inseticidas para o controle da lagarta Helicoverpa tem gerado preocupações dos órgãos de assistência técnica do Paraná. Segundo o entomologista do Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) Lauro Morales, com a adoção do manejo integrado de pragas (MIP), não há necessidade de várias aplicações de defensivos.

Em palestra realizada na sexta-feira (22) para o Conselho de Sanidade Agropecuária (CSA), ocorrida no Sindicato Patronal de Londrina, o especialista revelou que há muito alarmismo sobre a propagação da praga. Disse ainda que tem dúvidas sobre o prejuízo anunciado, de mais de R$ 2 bilhões, que supostamente ela tenha causado na safra 2012/13. "Também tenho dúvidas de que todas as lagartas encontradas na Bahia são da espécie armigera", destaca.

A Helicoverpa armigera teve a presença constatada em lavouras da Bahia em março, mas já se espalha por 12 estados. Na última segunda-feira, o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Antônio Andrade, declarou estado de emergência fitossanitária nas lavouras do Mato Grosso, maior produtor brasileiro de grãos, em razão da infestação da lagarta. A medida possibilita que o órgão estadual de defesa agropecuária elabore um plano de supressão baseado nos conceitos e práticas do MIP, desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). O estado é o segundo, depois da Bahia, a entrar em situação de emergência em razão dos ataques da praga.

O problema, acrescenta Morales, é a semelhança entre as espécies de lagarta. Ildelfonso Haas, agrônomo do Emater, explica que em uma verificação a olho nu é possível identificar, com o apoio de um técnico, uma espécie Helicoverpa. Mas, para saber se ela é a armigera, só mesmo por meio de um exame de DNA. Haas também compartilha a tese de Morales de que está ocorrendo no Estado um uso excessivo de defensivos agrícolas.

Para ele, a realização de uma amostragem feita de forma adequada e a intervenção realizada somente quando necessário, é essencial para o controle da praga. Ele completa que o produtor precisa ter consciência e saber se sua área está ou não sob infestação. Já Morales explica que, para a Helicoverpa, a intervenção química só deve ser realizada quando houver uma população acima de quatro lagartas por metro linear. "Se for uma lagarta normal, esse índice sobe para 20 ou 30 lagartas por metro linear", completa.

Um estudo realizado pelo Emater nos municípios de Bela Vista do Paraíso, Cambé, Alvorada do Sul e Sertanópolis, todos localizados no Norte do Paraná, as lavouras acompanhadas pelos técnicos da entidade não apresentaram nível mínimo de lagartas que justifique uma intervenção química. Na área, o estudo apontou que as lagartas foram sumindo com o tempo, possivelmente por causa da presença dos inimigos naturais. Segundo Haas, as lagartas pequenas naquela área estão sendo predadas e parasitadas pelos inimigos.

Com medo de ter suas lavouras atacadas, Haas aponta que muitos produtores aplicam sem precisar, eliminando os inimigos naturais e também contaminando o meio ambiente, principalmente os recursos hídricos da região. O controle amostral, realizado por meio da batida de pano, é uma das ferramentas mais eficazes para verificar se há ou não uma infestação de lagarta, na opinião dos especialistas.

Ricardo Maia


Fonte: Folha Web

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