18
fev
2010
Lavouras de soja demandam atenção nesta época

 

Na última década, a área cultivada com soja na metade Sul do Rio Grande Sul aumentou em mais de 10% ao ano, e atualmente encontra-se próxima a um milhão de hectares. O crescimento na área da oleaginosa, que ocorre tanto nas coxilhas quanto nas várzeas da metade Sul do RS, se deve, dentre outros fatores, à elevação dos preços das commodities, ao aumento na demanda por grãos, por óleo comestível, farelo e biocombustíveis e pela melhoria no custo-benefício da produção da soja nas terras baixas, devido às inovações técnicas e cultivares que facilitaram o cultivo nas áreas em sistemas de produção com o arroz irrigado.

Apesar do cenário favorável para a cultura, diversos cuidados são importantes nessa época, em que a maioria das áreas está iniciando a fase reprodutiva, momento que a cultura é bastante suscetível aos danos e estresses. “Este é o momento decisivo de fazer o monitoramento das lavouras, que consiste em vistorias para quantificar a ocorrência das pragas e das doenças, e se for necessário, efetuar o controle”, salienta o pesquisador da Embrapa Clima Temperado, Giovani Theisen.

As lagartas desfolhadoras e os percevejos são algumas das pragas que podem prejudicar o desempenho da lavoura, e devem ser controladas caso a população venha a alcançar o nível de dano econômico, que é o momento mais adequado para executar as medidas de controle. Giovani explica que aplicações muito precoces de inseticidas podem eliminar ou não permitir o desenvolvimento de inimigos naturais, ocasionando o aparecimento de outras pragas que se tornam problema, e que requerem aplicações mais freqüentes de produtos. “Isto encarece a lavoura, prejudica o ambiente e o próprio bolso do produtor”, ressalta o pesquisador.

Nesta época de chuvas freqüentes, a maioria das lavouras tolera bem o desfolhamento causado pelas lagartas, além de que boa parte dos inseticidas lançados sobre as plantas são “lavados” pelas chuvas, deixando rapidamente de proteger a cultura contra os insetos. Por isso, Giovani destaca a importância de se efetuar as vistorias na lavoura e de se aplicar os inseticidas somente quando a população das pragas atingir o nível de dano econômico.

Dentre as doenças, o pesquisador enfatiza os riscos da ferrugem asiática. “Essa doença não é identificada facilmente, tem alta agressividade e pode reduzir bastante a produtividade da lavoura, o que a torna potencialmente perigosa”, explica ele. Segundo estimativas do pesquisador, no Rio Grande do Sul a ferrugem da soja possivelmente causará um impacto financeiro acima de R$ 370 milhões nesta safra 2010, distribuídos entre os custos de controle e as perdas produtivas provocadas pela doença.
 
Ele explica que para estimar este valor, considerou-se como produtividade média 39 sacos por hectare, o valor da soja em US$ 20,6 por saco, a área de 3,98 milhões de ha, o custo médio de uma aplicação fungicida em R$ 50,00/ha e a redução de 1,5% na produção causada pela doença. Ainda, para o cálculo, simulou-se que 50% da área receba duas aplicações de fungicida e na outra metade uma aplicação para controle de doenças. “É um valor alto, mas acredito que esta estimativa é ainda modesta; possivelmente o prejuízo seja maior que esse”, salienta o pesquisador.

Dentre as estratégias de manejo da ferrugem asiática, ainda não há como escapar da aplicação de fungicidas, que podem ser feitas tanto preventivamente quanto no início do aparecimento da doença na lavoura. “É muito importante que os produtores e a assistência técnica saibam identificar a ferrugem da soja, e se ela já está ocorrendo em sua região. Como a doença deve ser controlada precocemente, e a partir da fase reprodutiva a soja é bastante sensível, é comum a opção de se efetuar aplicações preventivas de fungicidas, que protegem a cultura por cerca de três a quatro semanas. É interessante também acompanhar os boletins elaborados pelo Consórcio Antiferrugem, que informam sobre a situação da doença em todas as regiões produtoras do país, apresentam mapas de risco e outros estudos importantes sobre a ferrugem”, explica Giovani. Estas informações estão à disposição na Internet, na página da Embrapa Soja ou no site www.consorcioantiferrugem.net .

Informações mais detalhadas sobre cultivares, produtos e o manejo da cultura da soja no estado do RS podem ser obtidas, dentre outras instituições, na Embrapa Clima Temperado (53) 3275-8400, e no manual de cultivo para o RS e SC, disponível na Internet no site http://www.cnpt.embrapa.br/culturas/soja/IndicacoesSoja2009.pdf . As informações são de assessoria de imprensa.


Fonte: Agrolink

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