12
dez
2012
Lagarta sai do algodão e ataca a soja em 6 estados
Produtores e técnicos estão identificando inseto como "lagarta-do-algodão", pouco comum nas lavouras da oleaginosa
Desconhecida no cultivo de soja, a lagarta-do-algodão vem sendo tratada como uma nova ameaça à oleaginosa neste início de temporada. Os agricultores estão reforçando a aplicação de inseticidas para controlar a praga em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, São Paulo e no Paraná, conferiu a Expedição Safra nas viagens realizadas por esses estados nas últimas semanas.
"Tivemos 100 hectares atacados e fizemos uma pulverização de emergência para evitar prejuízo maior na produtividade. Ainda não sabemos exatamente qual será o impacto. A lagarta-do-algodão é capaz de destruir as plantas em cinco dias", contou Hendrik Barkema, produtor de soja e milho em Tibagi, nos Campos Gerais do Paraná. A região não planta algodão.
O inseto pode estar simplesmente migrando de uma região para outra, mas essa explicação é considerada simplista pelos técnicos. O agrônomo José Roberto Massud, que atua em Cândido Mota (Sudoeste de São Paulo), na área de abrangência da cooperativa Coopermota, tem uma teoria para explicar o fenômeno. A expansão do milho Bt, que já representa três quartos das lavouras do cereal do país e dispensa o uso de inseticidas contra lagartas, abre espaço para que insetos mais raros se multipliquem livremente. Com uma população maior, a lagarta-do-algodão teria migrado para a soja e desenvolvido gosto pelas folhas da oleaginosa.
"A redução no uso de inseticidas é uma explicação plausível. Mas, serão necessários estudos de campo para se chegar a uma conclusão segura, que vai definir a melhor estratégia de controle", acrescenta o agrônomo Rudinei Godorni, que atua na região de Itaberá (Sul de São Paulo) como técnico da cooperativa Castrolanda. Ele vem orientando os produtores a controlarem a lagarta-do-algodão logo que identificam sua presença com produtos tradicionais.
Nas lavouras de algodão, a lagarta é controlada com inseticidas específicos. Segundo os técnicos, os produtos registrados para a cotonicultura não podem ser simplesmente usados na soja. Somente produtos registrados para a oleaginosa devem ser aplicados em casos de ataque.
Existem ao menos nove lagartas que atacam a soja. A do algodão (Helicoverpa gelotopoeon) está entre elas, mas sempre foi uma praga secundária, relatam os agricultores. Há registro de ampliação dos ataques na Argentina há quatro safras.
A identificação da lagarta-do-algodão exige conhecimento técnico. Ela tem pretuberâncias com pelos finos e está entre o verde e o cinza, mas muda de cor dependendo da alimentação. Outra diferença é seu hábito alimentar: gosta de comer as folhas novas da soja e fica envolta nos trevos.
Segundo a Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso, a Fundação MT, neste ano há registro de ataque intenso também da lagarta-da-maçã (Heliothis virescens). A orientação é para que os produtores monitorem também o aparecimento da falsa-medideira (Pseudoplusia includens).
Áreas afetadas têm custo elevado em 5%
Os custos operacionais de produção da soja sobem até 5% nas áreas atacadas pela lagarta-do-algodão. Os produtores consideram que terão de fazer pelo menos uma aplicação extra de inseticidas. Cada pulverização exige gasto de cerca de R$ 60 por hectare, dependendo dos produtos utilizados.
"Por hectare, vai o valor de uma saca de soja", relata o produtor Hendrik Barkema, de Tibagi (PR). Ele não descarta a necessidade de uma segunda aplicação extra de defensivo em suas plantações para controle do inseto. O monitoramento vai definir se isso será mesmo necessário. A expectativa, até agora, é de rendimento acima de 3,7 mil quilos por hectare de soja, marca atingida na temporada 2011/12.
Enquanto não surgem produtos específicos, estão sendo pulverizados os mesmos inseticidas que detêm outros tipos de lagartas. O uso desses produtos, por enquanto, mostra-se eficiente no combate à lagarta-do-algodão.
"A preocupação geral existe porque o controle ainda é desconhecido. Isso acontece sempre que surge uma nova praga. Quando a pulverização não é feita no momento certo, o produtor corre o risco de registrar perdas expressivas na colheita", explica o agrônomo Rudinei Bogorni, de Itaberá (SP).
O produtor Eliseu Martins, de Cândido Mota (SP), aplicou inseticidas logo que notou a presença de lagarta-do-algodão na soja. Dois dias depois, não encontrava mais insetos dessa espécie vivos em sua propriedade. Os 200 hectares que ele cultiva não perderam potencial e devem render 3,6 mil quilos por hectare, conforme sua previsão.
"Com inseticida, meu gasto foi de R$ 30 por hectare. Tem ainda o gasto na operação das máquinas, que chega a um valor próximo disso", relata. Dessa foram, o gasto total de uma aplicação também equivale ao preço de uma saca de soja em sua região.
Desconhecida no cultivo de soja, a lagarta-do-algodão vem sendo tratada como uma nova ameaça à oleaginosa neste início de temporada. Os agricultores estão reforçando a aplicação de inseticidas para controlar a praga em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, São Paulo e no Paraná, conferiu a Expedição Safra nas viagens realizadas por esses estados nas últimas semanas.
"Tivemos 100 hectares atacados e fizemos uma pulverização de emergência para evitar prejuízo maior na produtividade. Ainda não sabemos exatamente qual será o impacto. A lagarta-do-algodão é capaz de destruir as plantas em cinco dias", contou Hendrik Barkema, produtor de soja e milho em Tibagi, nos Campos Gerais do Paraná. A região não planta algodão.
O inseto pode estar simplesmente migrando de uma região para outra, mas essa explicação é considerada simplista pelos técnicos. O agrônomo José Roberto Massud, que atua em Cândido Mota (Sudoeste de São Paulo), na área de abrangência da cooperativa Coopermota, tem uma teoria para explicar o fenômeno. A expansão do milho Bt, que já representa três quartos das lavouras do cereal do país e dispensa o uso de inseticidas contra lagartas, abre espaço para que insetos mais raros se multipliquem livremente. Com uma população maior, a lagarta-do-algodão teria migrado para a soja e desenvolvido gosto pelas folhas da oleaginosa.
"A redução no uso de inseticidas é uma explicação plausível. Mas, serão necessários estudos de campo para se chegar a uma conclusão segura, que vai definir a melhor estratégia de controle", acrescenta o agrônomo Rudinei Godorni, que atua na região de Itaberá (Sul de São Paulo) como técnico da cooperativa Castrolanda. Ele vem orientando os produtores a controlarem a lagarta-do-algodão logo que identificam sua presença com produtos tradicionais.
Nas lavouras de algodão, a lagarta é controlada com inseticidas específicos. Segundo os técnicos, os produtos registrados para a cotonicultura não podem ser simplesmente usados na soja. Somente produtos registrados para a oleaginosa devem ser aplicados em casos de ataque.
Existem ao menos nove lagartas que atacam a soja. A do algodão (Helicoverpa gelotopoeon) está entre elas, mas sempre foi uma praga secundária, relatam os agricultores. Há registro de ampliação dos ataques na Argentina há quatro safras.
A identificação da lagarta-do-algodão exige conhecimento técnico. Ela tem pretuberâncias com pelos finos e está entre o verde e o cinza, mas muda de cor dependendo da alimentação. Outra diferença é seu hábito alimentar: gosta de comer as folhas novas da soja e fica envolta nos trevos.
Segundo a Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso, a Fundação MT, neste ano há registro de ataque intenso também da lagarta-da-maçã (Heliothis virescens). A orientação é para que os produtores monitorem também o aparecimento da falsa-medideira (Pseudoplusia includens).
Áreas afetadas têm custo elevado em 5%
Os custos operacionais de produção da soja sobem até 5% nas áreas atacadas pela lagarta-do-algodão. Os produtores consideram que terão de fazer pelo menos uma aplicação extra de inseticidas. Cada pulverização exige gasto de cerca de R$ 60 por hectare, dependendo dos produtos utilizados.
"Por hectare, vai o valor de uma saca de soja", relata o produtor Hendrik Barkema, de Tibagi (PR). Ele não descarta a necessidade de uma segunda aplicação extra de defensivo em suas plantações para controle do inseto. O monitoramento vai definir se isso será mesmo necessário. A expectativa, até agora, é de rendimento acima de 3,7 mil quilos por hectare de soja, marca atingida na temporada 2011/12.
Enquanto não surgem produtos específicos, estão sendo pulverizados os mesmos inseticidas que detêm outros tipos de lagartas. O uso desses produtos, por enquanto, mostra-se eficiente no combate à lagarta-do-algodão.
"A preocupação geral existe porque o controle ainda é desconhecido. Isso acontece sempre que surge uma nova praga. Quando a pulverização não é feita no momento certo, o produtor corre o risco de registrar perdas expressivas na colheita", explica o agrônomo Rudinei Bogorni, de Itaberá (SP).
O produtor Eliseu Martins, de Cândido Mota (SP), aplicou inseticidas logo que notou a presença de lagarta-do-algodão na soja. Dois dias depois, não encontrava mais insetos dessa espécie vivos em sua propriedade. Os 200 hectares que ele cultiva não perderam potencial e devem render 3,6 mil quilos por hectare, conforme sua previsão.
"Com inseticida, meu gasto foi de R$ 30 por hectare. Tem ainda o gasto na operação das máquinas, que chega a um valor próximo disso", relata. Dessa foram, o gasto total de uma aplicação também equivale ao preço de uma saca de soja em sua região.
Fonte: Gazeta do Povo Online