23
fev
2018
La Niña ainda pode impactar lavouras no Sul

Apesar do enfraquecimento do La Niña, que reduz as chuvas no Sul do País, o fenômeno climático ainda pode ter impactos na safrinha de milho e outras lavouras da região. De acordo com a meteorologista da Somar, Juliana Resende, grande parte das culturas do Rio Grande do Sul como milho, arroz e soja podem sofrer os impactos negativos da redução das chuvas provocada pelo La Niña. “Apesar de enfraquecido, o fenômeno climático pode causar o atraso da instalação do milho safrinha e outras lavouras”, estima.

Segundo Juliana, o La Niña se caracteriza pelo resfriamento das águas do Oceano Pacífico Central e causa chuvas expressivas no Centro-Oeste e parte do Norte e Nordeste. No entanto, na região da fronteira com o Uruguai as chuvas podem recuar consideravelmente e a umidade do solo fica altamente prejudicada. “Algumas lavouras têm apresentado problemas que devem persistir até meados de março e não descarto novos impactos no milho safrinha e na safra de verão”, destaca a especialista. 

Ela ressalta que, na região Sul, pode ocorrer a entrada antecipada de ondas de frio. “Neste período, o tempo costuma ser bem mais seco e isso pode prejudicar as lavouras”, pondera a meteorologista.

No entanto, para o agrometeorologista da Climatempo, Marco Antônio Santos, o clima deverá impactar a safrinha positivamente no Brasil como um todo, uma vez que haverá chuvas regulares sobre as principais regiões produtoras do País até meados de abril.

“Há previsões de que venham a ocorrer pancadas de chuvas também no começo de maio e até mesmo em junho. Com isso, até os plantios que ocorrerem nos primeiros dias de março poderão ser beneficiados”, explica. “Além disso, os mapas de previsão não indicam temperaturas muito altas durante o outono, o que também favorece o desenvolvimento das lavouras, mesmo que venham a ocorrer volumes de chuvas mais irregulares durante o ciclo fenológico da cultura”, assinala. 

Safra de verão

De acordo com o especialista do Climatempo, a perspectiva é que a colheita da safra de verão ocorra sem grandes problemas em todo o Brasil. Porém, como os corredores de umidade estão posicionados mais ao Norte do País, há uma tendência que regiões como o norte do Mato Grosso venham a concentrar volumes maiores de chuvas, o que poderá resultar em algumas perdas pontuais. “Ainda assim, a perspectiva é que o clima para esses próximos 45 dias venha a ser bem favorável para a realização da colheita”, explica.

Neste primeiro semestre, acrescenta Santos, o clima pode afetar principalmente as safras da Argentina. “No país vizinho, o grande impacto tem sido as chuvas irregulares e, sobretudo, em baixos volumes. Muitas áreas produtoras de grãos da Argentina estão passando por períodos longos de estiagem, o que vem afetando consideravelmente o desenvolvimento das lavouras”, esclarece. “E como não há previsões de que as chuvas voltem a ocorrer de forma regular e em bons volumes nos próximos 60 dias, a possibilidade da safra de grãos sofrer quebras é muito grande”, completa.

Ele aponta, contudo, para o fato de lavouras de soja de segunda safra ainda estarem em fase inicial de desenvolvimento. “Eventuais pancadas de chuvas nas próximas semanas poderão recuperar essas lavouras e permitir que ainda tenham bons rendimentos.” 

 

Fonte: DCI

 

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