(Por Patrícia Monteiro e Roberto Samora)
A previsão de importação de trigo pelo Brasil, um dos maiores importadores globais, foi elevada nesta quinta-feira para 7 milhões de toneladas na temporada 2012/13, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
O volume é maior que as 6,7 milhões de toneladas projetadas no relatório estatal de outubro e também representa um aumento ante as importações do cereal feitas em 2011/12, que totalizaram 6 milhões de toneladas.
A alta das importações se dará por conta de uma menor produção e diminuição da qualidade do cereal devido ao clima "extremamente desfavorável", disse a Conab.
A estatal estimou nesta quinta-feira a produção em 4,46 milhões de toneladas, ante 5 milhões de toneladas na previsão de outubro.
Essa produção estimada representaria uma queda ante o volume registrado no ano passado, quando o país produziu 5,78 milhões de toneladas.
A safra de trigo está em fase final de colheita no Paraná. No Rio Grande do Sul, produtores já colheram cerca de metade da produção esperada, segundo órgãos governamentais dos Estados.
A Conab afirmou que a safra foi afetada por estiagem na época de plantio, geada no período crítico, chuvas de granizo e excesso de chuvas na colheita.
Ainda segundo a Conab, nos Estados do Rio Grande do Sul e Paraná, responsáveis por cerca de 90 por cento da oferta nacional de trigo, a lavoura foi bastante afetada pelo clima em quase todas as fases do desenvolvimento vegetativo.
"No Rio Grande do Sul, por exemplo, ocorreram atrasos na implantação da lavoura (...) Esse atraso repercutiu no ciclo final da lavoura, quando houve coincidência de grandes precipitações com o período de granação, provocando o aparecimento de doenças fúngicas."
CUSTOS COM IMPORTAÇÃO
Com uma produção menor, o país terá necessariamente em um aumento das importações.
"Estima-se que a demanda global deverá se manter em 10,4 milhões de toneladas, da mesma forma que a moagem industrial se manterá no patamar de 10,1 milhões de toneladas, igual a do ano anterior", acrescentou o órgão.
A Conab também projetou em relatório que "o país arcará com um custo de 2,4 bilhões de dólares para manter o abastecimento interno, sem se considerar o custo com a transferência do produto e com as importações de farinha de trigo, que tendem a ser maiores devido à conjuntura atual", de acordo com o relatório.
A Argentina é o principal fornecedor de trigo do Brasil. O país também importa volumes importantes de farinha.