17
dez
2010
Importação brasileira de trigo manterá força em 2011

 

Os moinhos de trigo do Brasil deverão importar entre 5,5 e 6 milhões de toneladas do cereal em 2011, um volume próximo do esperado para 2010, quando as compras brasileiras deram um salto ante 2009, disseram fontes da indústria nesta quinta-feira.

Entre janeiro e novembro, as aquisições do Brasil, que costuma figurar entre os principais importadores globais de trigo, cresceram 27,2 por cento na comparação com o mesmo período de 2009, para 5,8 milhões de toneladas, informou o Ministério da Agricultura nesta quinta-feira.

As importações aumentaram bem neste ano porque a colheita de 2009 sofreu sérios problemas de qualidade, em meio a chuvas excessivas que afetaram o trigo e favoreceram o desenvolvimento de doenças fúngicas que reduziram a produção.

Em 2010, a colheita em fase final está oficialmente estimada em 5,8 milhões de toneladas, contra 5 milhões em 2009. Mas apesar do crescimento da produção alguns integrantes da indústria veem necessidade de importação semelhante, adotando uma posição cautelosa enquanto aguardam mais detalhes sobre as características do produto recém-colhido.

"Não está tão boa assim (a qualidade)", afirmou à Reuters o presidente do Conselho Deliberativo da Abitrigo (Associação Brasileira da Indústria do Trigo), Luiz Martins, ao ser questionado sobre a produção do Paraná, que responde pela metade da colheita nacional.

A produtividade do trigo no Paraná atingiu um recorde histórico em 2010 de 2.893 kg/hectare, segundo o governo estadual , mas o problema teria sido a variedade da semente do cereal escolhida este ano por parte dos produtores, que não atenderia as necessidades da indústria, segundo fontes do mercado.

Antes da reunião do conselho da Abitrigo nesta quinta-feira, Martins não entrou em detalhes sobre a qualidade do trigo paranaense.

"A qualidade do trigo nacional influi na quantidade que o país importa", limitou-se a dizer.

Ele avalia que o Brasil poderá importar pelo menos 5,5 milhões de toneladas de trigo em 2011.

Concorda com Martins o diretor de Relações com Investidores do grupo Cruzeiro do Sul, Antenor Barros Leal, com oito unidades de moagem no Brasil.

"Vai importar de 5,5 a 6 milhões de toneladas em 2011", declarou Leal, também antes de participar da reunião do conselho da Abitrigo.

MAIS DA ARGENTINA

Do total importado pelo Brasil no ano até novembro, 57 por cento teve origem na Argentina, tradicionalmente o principal exportador para o Brasil.

E essa fatia deverá aumentar, disseram empresários brasileiros, considerando uma produção maior no país vizinho neste ano.

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estima a safra da Argentina que está sendo colhida em 13,5 milhões de toneladas, contra 10,5 milhões de toneladas na temporada anterior.

Além disso, a indústria vê uma qualidade melhor na safra de Paraguai e Uruguai, países também integrantes do Mercosul, que assim como a Argentina negociam com o Brasil com isenção de tarifas.

"A tendência é que se importe mais desses países", disse Leal.

O Uruguai chegou a exportar neste ano para o Brasil mais de 1 milhão de toneladas, enquanto o Paraguai exportou 550 mil toneladas até o momento.

Estados Unidos e Canadá, que juntos exportaram de janeiro a novembro quase 800 mil toneladas para o Brasil, tendem a perder espaço especialmente para a Argentina, que contará com maior oferta, disse o presidente executivo da Abitrigo, Sérgio Amaral. Países do hemisfério norte pagam tarifa para exportar ao Brasil.

Mas Amaral está preocupado com o crescimento dos preços no mercado internacional, diante do impacto de problemas climáticos em importantes produtores, como a Austrália.

Segundo a Abitrigo, o trigo argentino subiu no acumulado do segundo semestre cerca de 25 por cento, para 320 dólares por tonelada (FOB).

Ele disse que, se o preço persistir em patamares elevados, pode haver aumento da farinha no início do ano que vem. "Vai ser um ano de oferta maior no Mercosul... Mas há fatores que sinalizam alta de preços... O mercado sinaliza, mais que tudo, instabilidade."

Fonte:  Reuters

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