Iapar avalia período de produção do trigo
O excesso de chuva no período do inverno deste ano e seu reflexo nas perdas do trigo não é mais novidade. Muitos produtores perderam quase tudo que plantaram e agora tentam conseguir indenização junto às seguradoras para minimizar o prejuízo. Muitos deles têm tido dificuldade para conseguir esse recurso. Uma nota técnica elaborada pelo Instituto Agrônomico do Paraná (Iapar), entretanto, tenta deixar os agricultores um pouco mais tranquilos. O documento, oficial, avalia o período climático e a relação com a produção deste ano. Produtores estão preocupados porque as seguradoras cobrem eventos como chuvas excessivas, mas não doenças na lavoura como brusone e giberela, que estão entre alguns dos principais problemas enfrentados nesta safra.
O relatório do órgão aponta que as condições meteorológicas que ocorreram na safra 2009 foram atípicas e bastante adversas para o trigo. Ressalta ainda que ‘‘os problemas climáticos começaram pela falta de chuvas nos meses de março e abril, o que forçou a maioria dos triticultores do norte do Paraná a plantar toda a sua lavoura no mês de maio, impossibilitando o escalonamento da semeadura, uma prática recomendada para minimizar o impacto das doenças e as perdas devidas às adversidades climáticas’’.
Em seguida ocorreram geadas em algumas regiões do estado, chuvas excessivas na fase do espigamento e problemas com chuva na colheita. O relatório surgiu de um pedido feito por entidades que representam os agricultores à Secretaria Estadual de Agricultura (Seab), que solicitou o estudo ao Iapar.
‘‘A nota técnica não vale como prova, busca apenas estabelecer como a produção de trigo se deu este ano’’, avalia Arnaldo Colozzi Filho, diretor técnico do Iapar. Segundo ele não há uma relação direta da situação climática com a redução na safra, mas há correlação. ‘‘O objetivo é mostrar o que aconteceu do ponto de vista climatológico e que os produtores tiveram dificuldade na safra deste ano’’, completa. Com a nota, acrescentou Colozzi Filho, os produtores terão dados técnicos para tentar obter o seguro.
O relatório foi elaborado com base nos dados de monitaramento que o Iapar realiza rotineiramente. ‘‘É uma compilação dos dados e a avaliação deles’’, diz o diretor técnico. Ele ressalta que não foi realizada uma avaliação em campo, mas sabe-se que o excesso de umidade prejudica a produção e favorece o aparecimento e proliferação de doenças como brusone e giberela. ‘‘Umidade elevada, com alta temperatura e período prolongado de chuva são propícios. E foi o aconteceu’’, relata. Com esse clima, o produtor não tem condições de fazer o manejo adequado. ‘‘A maioria dos produtores faz, mas a eficiência do produto fica comprometida’’.
Conforme a nota, nos meses de junho, julho e agosto choveu bem mais que o normal. A média histórica para o período na região de Londrina, por exemplo, é de 205 (mm) e, em 2009, o volume subiu para 436,7 (mm). Segundo o Iapar, a precipitação acumulada no mês de julho na região foi a maior desde 1976. Quanto ao saldo de dias de chuva, na mesma região, a média deste ano também foi bastante superior. A média histórica é de 20 dias nos meses de junho, julho e agosto. Mas em 2009 o número subiu para 35 dias no mesmo período. A nota ainda ressalta que, normalmente, esses meses representam o trimestre menos chuvoso do ano.
Fonte: Erika Zanon - Folha de Londrina
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