A lagarta Helicoverpa armigera não apareceu nas lavouras brasileiras em função da resistência aos transgênicos, como se fosse uma mutação fora de controle em alguma espécie já existente no País. É o que aponta um trabalho da Embrapa Soja (Londrina-PR) e Cerrados, conduzida pelos pesquisadores Silvana Paula-Moraes, Alexandre Specht e Daniel Sosa-Gomez.
A praga foi descrita pela primeira vez pelo entomologista alemão Jacob Hübner há mais de dois séculos, ficando registrada na literatura científica internacional desde 1809. Os genes com proteínas Bt (Bacillus thuringienses) encontrados nas plantas transgênicas atualmente no Brasil não afetam a Helicoverpa armigera, diz o estudo da Embrapa. Isso porque a lagarta não havia sido identificada no País – o que dificulta ainda mais o controle.
A pesquisadora Silvana Paula-Moraes ressalta que para a adoção da transgenia é preciso um sistema de manejo que evite o aumento da resistência das pragas, com a consequente perda da eficiência. “O produtor deve estar atento e plantar áreas de refúgio em locais até 800 metros da área da lavoura transgênica, de forma a promover a multiplicação de insetos que não estão sendo submetidos à pressão de seleção. Esse entendimento contribui para que a tecnologia continue a controlar pragas”, explica.
Ela recomenda acompanhamento constante, com a instalação de uma armadilha luminosa para capturar espécies lepidópteras. É viável ainda o uso de feromônio para atrair as mariposas.
Também é importante a contagem de ovos e a localização de lagartas no primeiro instar. “É um momento muito oportuno para fazer o controle. Até porque depois de certo tempo, a lagarta terá maior resistência ao efeito das moléculas dos produtos químicos e estará abrigada nas partes reprodutivas das plantas hospedeiras”, alerta Silvana.