“A Helicoverpa armigera chegou para mudar todo o manejo de pragas no Brasil. O agricultor brasileiro deve estar preparado para se atualizar.” A afirmação é de Michael B. Dimock (foto acima), Ph.D., diretor técnico da Certis Estados Unidos (Columbia, Maryland), que está trazendo para o Brasil o biopesticida Gemstar.
 
O Portal Agrolink ouviu com exclusividade o especialista norte-americano, que concedeu essa entrevista em conjunto com Ari Gitz (foto abaixo), diretor da Biocontrole, empresa que é a responsável pelo registro e importação do produto. Confira:

Agrolink - Porque o Gemstar é um produto diferenciado no controle da H. armigera?
 
Gemstar é diferente pois trata-se de um produto biológico, que através de um vírus causa a morte da Helicoverpa por doença, ao contrário dos químicos, que matam por intoxicação.
 
É específico, só causando dano à Helicoverpa amigera e zea, assim como Heliothis virescens. Não causa dano ao meio ambiente, não deixa resíduo nos alimentos e não é tóxico para o ser humano.
 
Agrolink - Como o produto age?
 
Gemstar é composto por um vírus encapsulado na forma protegida, que após ser ingerido pela larva e liberado no intestino do inseto causa uma infecção generalizada que mata a larva e libera para o ambiente mais vírus que vão infectar novas larvas.
 
Agrolink - Existem números para medir a efetividade?
 
Vem sendo utilizado no controle de Heliothinas desde 1995 nos Estados Unidos e desde 1998 na Austrália, mostrando-se como uma importante ferramenta no controle destas pragas.

(Gráfico exemplifica:)

  
Agrolink - O Gemstar é aplicável em quais culturas?
 
No Brasil o Gemstar recebeu registro emergencial do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) para o controle de Helicoverpas na cultura do algodão e soja. Já nos Estados Unidos e outros países é utilizado em todos os cultivos atacados pelas Heliothinas, que causam problemas em milho, sorgo, amendoim, tomate, alface, trigo, arroz , feijão, etc. Trata-se de uma praga voraz, que ataca quase todos os cultivos.
 
Agrolink - Como se chegou até essa solução?
 
Em 1960, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, na sigla em inglês) descobriu este vírus e estudou o seu uso no controle destas pragas. Descobriu que ele é extremamente eficaz no combate das Heliothinas, sendo lançado no mercado americano em 1995 pela Biosys – hoje Certis.
 
Agrolink - Qual é a expectativa da Certis sobre esse produto para o Brasil?
 
A expectativa da Certis e da Bio Controle é de que este produto se tornará de extrema importância no combate da Helicoverpa. Além de controlar a H. Armigera, trata-se de uma forma diferenciada de controle auxiliar no manejo de resistência dos inseticidas químicos. É muito importante para os produtores orgânicos, já que o mesmo possui certificação para uso na produção orgânica, sendo certificado pela OMRI nos Estados Unidos.
 
Agrolink - Como é a experiência de utilização do Gemstar em outros países?
 
Nos Estados Unidos é utilizado no controle da Helicoverpa zea, já que eles não têm a Helicoverpa armigera presente. É usado principalmente na cultura do milho doce e tomate – onde a H. Zea é uma praga chave. Devido ao fato de que lá esta praga já é resistente a vários inseticidas químicos, o Gemstar é utilizado em mistura, ou alternadamente com estes produtos. Já na Austrália, como o primeiro cultivo após o período seco é o sorgo, o Gemstar é utilizado principalmente neste cultivo para controle da praga, derrubando a população, já que desta a Helicoverpa migra para os cultivos subseqüentes como Algodão, soja e outros. Em outros países onde a Helicoverpa se faz presente, o Gemstar é utilizado em diversos cultivos atacados pela praga.

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