O defensivo apontado pelos pesquisadores como o mais eficiente no combate a lagarta Helicoverpa armigera não será utilizado nesta safra.
O setor produtivo articulou com o governo a importação e utilização em caráter emergencial do princípio ativo Benzoato de Emamectina, mas a aplicação foi suspensa por meio de uma decisão judicial.
Uma liminar expedida pela 1ª Vara da Fazenda Pública de Barreiras (Oeste baiano) vetou o uso do produto em todo o estado. Como boa parte do prejuízo já é irreversível, representantes dos produtores acataram a medida e não devem recorrer da decisão.
Armando Sá Nascimento, diretor da Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), afirma que o produto seria testado em dez propriedades de forma experimental, com monitoramento constante da agência. Ele salienta que as aplicações não tinham o objetivo de reverter às perdas da região, mas visavam testar a eficiência do defensivo. Por isso mesmo, explica, a decisão judicial não vai gerar impactos negativos no curto prazo. "Já tínhamos decidido junto com o setor produtivo que a época de aplicação não era ideal, pois a safra está terminando", relata.
Apesar da proibição, Nascimento argumenta que é necessário liberar o uso do produto na próxima safra. "Os especialistas relataram que essa molécula deve estar em uso, pois é a única que não tem resistência [da lagarta]", pontua. Ele destaca que esse é apenas o primeiro passo no controle do inseto, e outras medidas devem ser adotadas para evitar que o problema se repita. "O produtor não quer só aplicar o produto, ele quer uma ferramenta de controle da praga", salienta. O volume que foi importado deve permanecer em um depósito monitorado pela Adab e pelo Mapa.
Paulo Degrande, professor de Entomologia da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), confirma que a aplicação do defensivo é necessária, mas deve ser feita conjuntamente a outros métodos de manejo, que ainda estão sendo estruturados. Dentre as principais alternativas estão o "uso de inseticidas a base de vírus ou bactérias, parasitoides criados em laboratório, plantas Bt resistentes à praga, calendários de plantio das culturas hospedeiras bem definidos, vazio sanitário, inimigos naturais de ocorrência natural, monitoramento contínuo das lavouras, feromônios, armadilhas, destruição mecânica de pupas, dentre outros medidas", aponta.
Para debater o combate à lagarta, Nascimento diz que está sendo organizado um Fórum Nacional, previsto para o dia 24 de julho, na Bahia. Nesta data, prevê, já deve estar definido um conjunto de ações para controlar a praga na próxima safra.
Fonte: Gazeta do Povo
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