24
fev
2015
Goiás puxa números da soja e do milho para baixo
Castigado pelas estiagens, estado do Centro-Oeste registra perdas pelo segundo ano consecutivo, apesar de reforço nos insumos.
Igor Castanho, enviado especial
Pela segunda safra consecutiva, Goiás colhe resultados abaixo da expectativa nas lavouras de soja e milho. Como em 2013/14, o estado do Centro-Oeste foi prejudicado por um veranico superior a 40 dias em algumas regiões e que foi agravado, desta vez, por temperaturas bem acima da média. Com área maior e mais investimentos em insumos, a oleaginosa poderia render um milhão de toneladas a mais, mas tende a estacionar nos 8,6 milhões de toneladas colhidas no último ciclo, apurou a Expedição Safra Gazeta do Povo em roteiro de 2 mil quilômetros pela região.
A estagnação frustra os produtores. A área dedicada ao grão cresceu 4,2% (para 3,2 milhões de hectares), mesmo com preços menores e custos elevados. “Apesar do atraso no plantio, a safra vinha muito bem até dezembro, com chuva e sem a incidência de pragas”, explica o consultor da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) Cristiano Palavro. “O último ano [2013/14] também foi seco mas o plantio foi feito na hora certa, então aliviou as perdas. Agora, o resultado será pior”, complementa.
O calor intenso é apontado como o principal vilão.“As folhas da soja viraram e o grão perdeu peso, duas consequências do calor intenso”, detalha Maurício Miguel, gerente agrícola da cooperativa Comigo, de Rio Verde (Sudoeste).
Seca e calor encurtaram o ciclo das lavouras. O agricultor Waldelon Gomes diz que parte dos 500 hectares plantados com soja foi colhida sete dias antes do prazo (de 95 dias para sementes superprecoces). Como consequência, o rendimento caiu de 60 para 37 sacas por hectare.
Compensação
Áreas irrigadas também recuam, mas trazem estabilidade
Os problemas climáticos que comprometeram a safra goiana vão além das fronteiras do estado. A região afetada inclui Minas Gerais e, segundo os produtores, as perdas só não foram maiores graças ao uso dos pivôs centrais. Referência nacional no uso dessas estruturas, Cristalina (GO) deve consolidar na soja uma média de 60 sacas por hectare nas áreas irrigadas, o dobro das áreas de sequeiro, aponta o presidente do Sindicato Rural do município, Alécio Maróstica. “Em anos normais, essa média chega a 70 sacas por hectare, com picos de até 85 sacas/ha. O resultado ‘mascara’ o desempenho do sequeiro”, revela. Em toda a área do município existem 658 pivôs instalados. Maróstica indica que o desempenho favorável das áreas irrigadas deve estimular um aumento na demanda pelo sistema, exigindo uma organização da atividade. Para isso entra em ação a Associação dos Irrigantes do Estado de Goiás (Irrigo), da qual ele é superintendente. A entidade possui registro de todas as áreas irrigadas dos associados, com dados dos produtores e dos cultivos beneficiados. “Com um controle do uso da água, é possível dobrar o número de pivôs instalados”, sustenta.Distante 100 quilômetros dali, em Paracatu (MG), o produtor Dalmi Veloso confirma a necessidade de regulamentação para uso dos pivôs. “O sistema é uma opção em momentos de seca, mas o gasto com energia é elevado e há risco de não haver água disponível para todos”, revela. Nos mil hectares dedicados à soja, ele estima rendimento de 75 sacas por hectare de soja nas lavouras irrigadas, ante 40 sacas nas áreas de sequeiro. (IC)
65 milímetros de chuva estão previstos para Rio Verde (GO) nesta semana, numa temporada em que faltou umidade no plantio e no desenvolvimento das lavouras. “O ideal agora é termos sol intercalado com pancadas de chuva. Se chover demais pode haver dificuldade na colheita de verão e se ficar muito seco prejudica o plantio da safrinha”, afirma Cristiano Palavro, consultor técnico da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg). Produtores da região registram perdas pelo segundo ano consecutivo e influenciam números da safra 2014/15 no estado e no país.
Igor Castanho, enviado especial
Pela segunda safra consecutiva, Goiás colhe resultados abaixo da expectativa nas lavouras de soja e milho. Como em 2013/14, o estado do Centro-Oeste foi prejudicado por um veranico superior a 40 dias em algumas regiões e que foi agravado, desta vez, por temperaturas bem acima da média. Com área maior e mais investimentos em insumos, a oleaginosa poderia render um milhão de toneladas a mais, mas tende a estacionar nos 8,6 milhões de toneladas colhidas no último ciclo, apurou a Expedição Safra Gazeta do Povo em roteiro de 2 mil quilômetros pela região.
A estagnação frustra os produtores. A área dedicada ao grão cresceu 4,2% (para 3,2 milhões de hectares), mesmo com preços menores e custos elevados. “Apesar do atraso no plantio, a safra vinha muito bem até dezembro, com chuva e sem a incidência de pragas”, explica o consultor da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) Cristiano Palavro. “O último ano [2013/14] também foi seco mas o plantio foi feito na hora certa, então aliviou as perdas. Agora, o resultado será pior”, complementa.
O calor intenso é apontado como o principal vilão.“As folhas da soja viraram e o grão perdeu peso, duas consequências do calor intenso”, detalha Maurício Miguel, gerente agrícola da cooperativa Comigo, de Rio Verde (Sudoeste).
Seca e calor encurtaram o ciclo das lavouras. O agricultor Waldelon Gomes diz que parte dos 500 hectares plantados com soja foi colhida sete dias antes do prazo (de 95 dias para sementes superprecoces). Como consequência, o rendimento caiu de 60 para 37 sacas por hectare.
Compensação
Áreas irrigadas também recuam, mas trazem estabilidade
Os problemas climáticos que comprometeram a safra goiana vão além das fronteiras do estado. A região afetada inclui Minas Gerais e, segundo os produtores, as perdas só não foram maiores graças ao uso dos pivôs centrais. Referência nacional no uso dessas estruturas, Cristalina (GO) deve consolidar na soja uma média de 60 sacas por hectare nas áreas irrigadas, o dobro das áreas de sequeiro, aponta o presidente do Sindicato Rural do município, Alécio Maróstica. “Em anos normais, essa média chega a 70 sacas por hectare, com picos de até 85 sacas/ha. O resultado ‘mascara’ o desempenho do sequeiro”, revela. Em toda a área do município existem 658 pivôs instalados. Maróstica indica que o desempenho favorável das áreas irrigadas deve estimular um aumento na demanda pelo sistema, exigindo uma organização da atividade. Para isso entra em ação a Associação dos Irrigantes do Estado de Goiás (Irrigo), da qual ele é superintendente. A entidade possui registro de todas as áreas irrigadas dos associados, com dados dos produtores e dos cultivos beneficiados. “Com um controle do uso da água, é possível dobrar o número de pivôs instalados”, sustenta.Distante 100 quilômetros dali, em Paracatu (MG), o produtor Dalmi Veloso confirma a necessidade de regulamentação para uso dos pivôs. “O sistema é uma opção em momentos de seca, mas o gasto com energia é elevado e há risco de não haver água disponível para todos”, revela. Nos mil hectares dedicados à soja, ele estima rendimento de 75 sacas por hectare de soja nas lavouras irrigadas, ante 40 sacas nas áreas de sequeiro. (IC)
65 milímetros de chuva estão previstos para Rio Verde (GO) nesta semana, numa temporada em que faltou umidade no plantio e no desenvolvimento das lavouras. “O ideal agora é termos sol intercalado com pancadas de chuva. Se chover demais pode haver dificuldade na colheita de verão e se ficar muito seco prejudica o plantio da safrinha”, afirma Cristiano Palavro, consultor técnico da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg). Produtores da região registram perdas pelo segundo ano consecutivo e influenciam números da safra 2014/15 no estado e no país.
Fonte: Gazeta do Povo (AgroGP)
