06
ago
2012
Futuro incerto traz cautela aos produtores de trigo
Mariana Raimondi
Mesmo com melhor produtividade e rentabilidade, instabilidade climática deixa os produtores inseguros a fecharem contratos futuros. A preocupação fundamental com a qualidade de grão faz com que o produtor espere a colheita
O mercado agrícola brasileiro sente neste momento novamente os reflexos mundiais causados pela estiagem que assolou os Estados Unidos e que também atingiu o país no final do ano passado. Fatores climáticos mundiais como estes, remetem a diminuição de grãos no mundo, acarretando o aumento do preço de todas as culturas.
Com a grande quebra de milho nestes países em função da seca, faz com que o trigo seja o grão escolhido para esta substituição de demanda, causando a super valorização dos grãos da cultura atual.
A diminuição dos estoques mundiais é justificada também após a diminuição de área plantada no Paraná e no país vizinho, a Argentina. Com estoques baixos, se elevam os preços internacionais do grão.
A safra de trigo brasileiro está excelente, segundo os especialistas, garantindo um bom preço para esta cultura. “As perspectivas são muito boas, pois as lavouras estão se desenvolvendo bem e os preços são elevados. O Governo já fixou um preço mínimo, de R$500 a tonelada, e eu já estou vendo preços acima deste valor nas negociações de trigo futuro, para exportação”, afirma o sócio diretor da TS Corretora, Claiton Luiz dos Santos.
Historicamente, de três a quatro anos atrás, o preço do mercado em si não chegava no preço mínimo imposto pelo Governo, fazendo com que grãos ficassem estocados. Atualmente a produtividade gaúcha aumentou, e os grãos possuem uma maior qualidade. “O trigo este ano está se confirmando como um excelente negócio, pois antes mesmas áreas onde antes se colhia de 30 a 40 sacas, hoje são colhidas 60s/ha”, explica Santos.
A valorização do grão, com as recentes altas nos preços do trigo em grão, e com a expectativa de preços ainda maiores nos próximos meses, acarretou a mudança no cenário brasileiro do cereal.
Um novo movimento surge com o aumento da demanda por grãos, a venda de trigo futura. “No mercado nunca existiu contratos futuros sendo feitos para trigo, apenas para soja, e nos últimos dias percebi empresas oferecendo pacotes de trigo para pagar após a colheita, isto é em janeiro, com preço de R$30 a saca. É a primeira vez na história que a gente vê na região o pessoal oferecendo contratos futuros para trigo. Isso não é normal na cultura do trigo”, conta o Engenheiro Agrônomo da empresa Agrosonora, Leandro Pagliarini.
Contratos futuros é uma novidade, e despertam a atenção dos produtores de trigo devido aos altos preços. “O melhor preço que está rodando no mercado é de R$610 a tonelada posto no porto, então diminuímos o valor do frete e resta em torno de R$550 o preço da tonelada recolhida direto no armazém. Este alto preço se justifica por essa disputa por grãos e que para o produtor é muito interessante”, pondera Claiton.
No entanto um detalhe sobre mercados futuros deve ser ressaltado. “A novidade se refere a mercados futuros, porém ele é mais destinado ao trigo de exportação, e vai para o mercado lá fora. E como tradicionalmente não temos históricos de fazer contratos pra trigo, então algumas observações precisam ser esclarecidas”, alerta o diretor.
Para exportação, assim que se trava o contrato do trigo é necessário que o produtor entregue o produto no padrão exigido para exportação. Por exemplo, se ele contratou para ser trigo pão, com pH 78, fica obrigado a entregar este trigo nas condições estabelecidas em contrato. “Se ele não conseguir alcançar esta condição, o produtor é obrigado a buscar este trigo em algum outro lugar, pois tem o compromisso, não importando se ele tenha prejuízos”, completa Santos.
Estes riscos acordados envolvendo mercados futuros fazem com que os produtores não optarem por enquanto para este tipo de negócio.
“As coisas vão mudando e as necessidades vão fazendo criar novas situações, porém o produtor não comporta mais tantos riscos, e só pode garantir uma semente de qualidade quando ela está dentro do armazém”, reforça o agrônomo.
Atualmente, as adversidades climáticas nos principais países produtores, especialmente na Argentina e Brasil fazem com que os produtores sejam cautelosos, pois não sabem que grão irão colher. “Apesar da preocupação futura dos produtores, algumas cooperativas e cerealistas travam até 10% de seus estoques para venda futura de trigo, entretanto elas possuem volume de estoque suficiente para garantir esta qualidade de trigo, acertada no contrato. O produtor fica com receio, esperando primeiro colher para depois definir um preço do trigo, optando assim por não arriscar em um contrato futuro”, completa Pagliarini.
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Mesmo com melhor produtividade e rentabilidade, instabilidade climática deixa os produtores inseguros a fecharem contratos futuros. A preocupação fundamental com a qualidade de grão faz com que o produtor espere a colheita
O mercado agrícola brasileiro sente neste momento novamente os reflexos mundiais causados pela estiagem que assolou os Estados Unidos e que também atingiu o país no final do ano passado. Fatores climáticos mundiais como estes, remetem a diminuição de grãos no mundo, acarretando o aumento do preço de todas as culturas.
Com a grande quebra de milho nestes países em função da seca, faz com que o trigo seja o grão escolhido para esta substituição de demanda, causando a super valorização dos grãos da cultura atual.
A diminuição dos estoques mundiais é justificada também após a diminuição de área plantada no Paraná e no país vizinho, a Argentina. Com estoques baixos, se elevam os preços internacionais do grão.
A safra de trigo brasileiro está excelente, segundo os especialistas, garantindo um bom preço para esta cultura. “As perspectivas são muito boas, pois as lavouras estão se desenvolvendo bem e os preços são elevados. O Governo já fixou um preço mínimo, de R$500 a tonelada, e eu já estou vendo preços acima deste valor nas negociações de trigo futuro, para exportação”, afirma o sócio diretor da TS Corretora, Claiton Luiz dos Santos.
Historicamente, de três a quatro anos atrás, o preço do mercado em si não chegava no preço mínimo imposto pelo Governo, fazendo com que grãos ficassem estocados. Atualmente a produtividade gaúcha aumentou, e os grãos possuem uma maior qualidade. “O trigo este ano está se confirmando como um excelente negócio, pois antes mesmas áreas onde antes se colhia de 30 a 40 sacas, hoje são colhidas 60s/ha”, explica Santos.
A valorização do grão, com as recentes altas nos preços do trigo em grão, e com a expectativa de preços ainda maiores nos próximos meses, acarretou a mudança no cenário brasileiro do cereal.
Um novo movimento surge com o aumento da demanda por grãos, a venda de trigo futura. “No mercado nunca existiu contratos futuros sendo feitos para trigo, apenas para soja, e nos últimos dias percebi empresas oferecendo pacotes de trigo para pagar após a colheita, isto é em janeiro, com preço de R$30 a saca. É a primeira vez na história que a gente vê na região o pessoal oferecendo contratos futuros para trigo. Isso não é normal na cultura do trigo”, conta o Engenheiro Agrônomo da empresa Agrosonora, Leandro Pagliarini.
Contratos futuros é uma novidade, e despertam a atenção dos produtores de trigo devido aos altos preços. “O melhor preço que está rodando no mercado é de R$610 a tonelada posto no porto, então diminuímos o valor do frete e resta em torno de R$550 o preço da tonelada recolhida direto no armazém. Este alto preço se justifica por essa disputa por grãos e que para o produtor é muito interessante”, pondera Claiton.
No entanto um detalhe sobre mercados futuros deve ser ressaltado. “A novidade se refere a mercados futuros, porém ele é mais destinado ao trigo de exportação, e vai para o mercado lá fora. E como tradicionalmente não temos históricos de fazer contratos pra trigo, então algumas observações precisam ser esclarecidas”, alerta o diretor.
Para exportação, assim que se trava o contrato do trigo é necessário que o produtor entregue o produto no padrão exigido para exportação. Por exemplo, se ele contratou para ser trigo pão, com pH 78, fica obrigado a entregar este trigo nas condições estabelecidas em contrato. “Se ele não conseguir alcançar esta condição, o produtor é obrigado a buscar este trigo em algum outro lugar, pois tem o compromisso, não importando se ele tenha prejuízos”, completa Santos.
Estes riscos acordados envolvendo mercados futuros fazem com que os produtores não optarem por enquanto para este tipo de negócio.
“As coisas vão mudando e as necessidades vão fazendo criar novas situações, porém o produtor não comporta mais tantos riscos, e só pode garantir uma semente de qualidade quando ela está dentro do armazém”, reforça o agrônomo.
Atualmente, as adversidades climáticas nos principais países produtores, especialmente na Argentina e Brasil fazem com que os produtores sejam cautelosos, pois não sabem que grão irão colher. “Apesar da preocupação futura dos produtores, algumas cooperativas e cerealistas travam até 10% de seus estoques para venda futura de trigo, entretanto elas possuem volume de estoque suficiente para garantir esta qualidade de trigo, acertada no contrato. O produtor fica com receio, esperando primeiro colher para depois definir um preço do trigo, optando assim por não arriscar em um contrato futuro”, completa Pagliarini.