A partir de 2022, a Fundação Meridional de Apoio à Pesquisa Agropecuária vai intensificar os investimentos no trigo do Cerrado com o objetivo de aumentar sua participação no mercado. Em 2021, avaliou 8 cultivares de trigo irrigado naquela região, das quais três se sobressaíram com boas performances.
O projeto da Fundação Meridional para 2022 é ainda mais arrojado, pois inclui a inserção de novas cultivares de trigo de sequeiro, além de cultivares de triticale no sistema irrigado.
Das oito cultivares testadas no irrigado, três são do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná, IDR-Paraná: IPR 144, IPR Potyporã e IPR Catuara; as outras cinco cultivares são da Embrapa: BRS Gralha-Azul, BRS Sabiá, BRS Sanhaço, BRS Atobá e BRS Jacana.
As cultivares que tiveram destaques no irrigado são a IPR Potyporã e as BRS Sabiá e BRS Jacana. Mesmo sendo referências, os trabalhos com essas três variedades serão repetidos no próximo ano, bem como serão avaliadas as cultivares IPR Catuara e BRS Gralha-Azul.
"Como vamos testar no sistema sequeiro, as cultivares têm que apresentar um bom comportamento para brusone, principal doença do trigo. É necessário o conhecimento para o controle oportuno, no caso de eventual presença que venha a comprometer a produção", explica o coordenador técnico de Transferência de Tecnologia da Fundação Meridional, Milton Dalbosco.
Além disso, três novos materiais da Embrapa serão acrescentados ao projeto de sequeiro: a cultivar BRS Anambé e as linhagens WT 18093 e WT 18055, que serão registradas. Ainda no sequeiro serão avaliadas as BRS Jacana e BRS Sabiá. Já as cultivares do IDR-Paraná não farão parte do projeto sequeiro em razão de terem apresentado suscetibilidade à brusone.
No planejamento da Fundação Meridional estão incluídas também três cultivares de triticale das duas instituições no sistema irrigado: BRS Surubim, IPR Aimoré e IPR Caiapó, já a partir do próximo.
Na avaliação do gerente-executivo da Fundação Meridional, Ralf Udo Dengler, as 8 localidades avaliadas apresentaram bons indicadores, mas é preciso fortalecer o trabalho da Fundação no Cerrado. "Foi o nosso primeiro ano com o trigo e as colheitas não foram totalmente conclusivas em todas as áreas, por isso precisamos de outros resultados para juntar mais dados", afirma Ralf.
De acordo com ele, o trigo de sequeiro tem o plantio bem mais cedo do que o irrigado, por isso o foco da Fundação Meridional é investir em cultivares com melhor sanidade e resistência. "Algumas cultivares apresentam diferenciais importantes, como a boa tolerância ao calor e melhor resposta à brusone no trigo de sequeiro", comenta Dengler.
"Queremos ampliar nossa participação no mercado e o Cerrado é uma vertente que está tornando isto uma realidade", afirma Dengler, acrescentando que após o sucesso com a soja, as pesquisas vêm consolidando cada vez mais a vocação do Cerrado para a produção de trigo.
Atualmente a produção de trigo no cerrado é de 120 mil hectares, mas um estudo da Embrapa mostra que a área potencial pode ser estimada em 2 milhões de hectares. As principais áreas de trigo no Cerrado estão localizadas nos estados do Mato Grosso, Goiás, Distrito Federal e Bahia.
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