14
mai
2010
Fórum do Trigo elabora demandas ao Governo Federal

 

A 5ª edição do Fórum Nacional do Trigo, que debateu a viabilidade econômica da cultura do trigo, encerrou na quarta-feira (12), em Erechim, com a elaboração de uma carta com reivindicações. O documento será encaminhado ao governo federal e aos órgãos e entidades ligadas à cadeia produtiva do grão. A comercialização, liquidez, armazenagem e classificação, pesquisa, entre outros assuntos, estiveram entre os principais focos de discussão do fórum que reuniu aproximadamente 600 representantes da cadeia.

Mesmo com a intensificação do plantio da safra 2010 já nos próximos dias, somente o Rio Grande do Sul ainda tem 500 mil toneladas, da colheita anterior e remanescente de 2008, a serem comercializadas. o número pode chegar a 1 milhão de toneladas se somando a última safra do Paraná. O volume já deveria ter sido negociado no período. Esta foi uma das constatações e preocupações do fórum. A comercialização e a garantia de liquidez estão entre as principais ações e reivindicações para o cereal.

Além disso, os recursos financeiros por parte do governo federal para a cultura do trigo, investimentos em pesquisas, liquidação imediação dos valores comprometidos com os mecanismos de comercialização pendentes e a elevação da chamada TEC de 10% para 35% quando o trigo for adquirido de outros países fora do Mercosul foram tópicos abordados no evento. Integram ainda as solicitações que a farinha importada da Argentina tenha os mesmos parâmetros e valores que o produto nacional.

A representante do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Rita de Cássia Milagres Teixeira Vieira (foto), apresentou alguns avanços para o setor como a liberação de R$ 3,5 milhões para pesquisa e aprovação do convênio do MDIC/ABIMA e mais R$ 200mil para o diagnostico de consumo de trigo e seus derivados, como a farinha .

Em nome da Conab, Paulo de Moraes Filho, falou sobre as políticas públicas de comercialização, enfatizando as várias formas de operação. O técnico também trouxe a preocupação para os produtores o novo padrão de classificação do trigo com as regras da Instrução Normativa, que entra em vigor a partir de 2011, apresentado pelo técnico da Emater/RS-Ascar, Rogério Henrique Bruschi.

Para o chefe-geral da Embrapa Trigo, Gilberto Cunha, que juntamente com o assistente técnico regional da Emater/RS-Ascar, Luiz Ataides Jacobsen, contextualizaram a produção de trigo no Brasil, o melhoramento genético, que apresentou os diversos contextos, passando pela evolução tecnológica até os problemas atuais para consolidar a triticultura competitiva.

Segundo Cunha, um dos desafios no momento é a melhoria genética, com a criação de um novo trigo mais resistente às doenças e a germinação.Para Jacobsen, o trigo se insere dentro do acordo internacional com parceiros do Mercosul, com a concorrência acirrada entre Argentina, como exportadora, e o Brasil como importador, o que acabou agravando as dificuldades, além da abertura comercial. Segundo os especialistas, a pesquisas avançou muito em termos de resistência, mas é preciso gerar um trigo com capacidade e qualidade para atender integralmente as necessidades da indústria moageira, além do preço. "Vamos ter que trabalhar para mudar este quadro que se apresenta no momento", comentou Jacobsen.

Na avaliação de Rui Polidoro Pinto, da Fecoagro, o seminário foi muito importante por resgatar a importância da cultura e por discutir problemas conjunturais do momento e também por reunir representantes do governo federal, de cooperativas, de entidades de assistência técnica, envolvendo todo o segmento da cadeia produtiva do trigo.

(*) Confira as Reivindicações do Fórum do Trigo na Integra

Carta do Trigo de Erechim

O Fórum Nacional do Trigo - V Edição, realizado na cidade de Erechim/RS, teve a participação de várias instituições, públicas e privadas, e contou com a presença de 550 participantes da cadeia produtiva (agricultores, governo ,industria, profissionais de assistência técnica privada e de cooperativas) e, após as palestras apresentadas, pelos mais diferentes setores da cadeia produtiva do trigo, destacou alguns pontos que necessitam de melhor atenção e apoio, para realmente fortalecer esta importante cultura para o País, e que são:

1- Continuação dos investimentos de governo, em pesquisa pública e privada, estabelecendo metas que atendam as necessidades técnicas de produção mas que se balizem pelas demandas impostas pelo mercado. Da mesma forma que se continue a busca de tecnologia (cultivares e práticas de manejo de cultivo) que atendam os novos indicadores de classificação que passarão a vigir com a nova instrução normativa de classificação do trigo nos próximos anos.

2- Aperfeiçoamento dos instrumentos governamentais de comercialização, de forma que estes benefícios cheguem realmente ao agricultores produtores de trigo. Mesmo sabendo que o Governo Federal apoia e participou de quase 70% da comercialização do trigo nacional na safra de 2009. Todavia, ressalta-se que os instrumentos públicos de apoio à comercialização do trigo devem, continuamente, serem monitorados para alcançar a sua finalidade.

3- Liquidação imediata dos valores já comprometidos com os mecanismos de comercialização já firmados e que se encontram pendentes.

4- Elevação da TEC de 10 para 35% quando o trigo for adquirido de outros países fora do Mercosul.

5- Equalização do ICMS cobrado nas operações interestaduais do trigo in natura.

6- Estabelecer para a farinha importada da Argentina os mesmos parâmetros e valores que para o produto nacional.

7- Que o Poder Público encontre mecanismos de praticar os preços mínimos estabelecidos pelo Governo Federal, preços estes amparados legalmente para sua execução. O produtor não pode plantar com uma expectativa de preço de venda, adquirir insumos com aquele preço base e, ao realizar a colheita e efetivar a comercialização, os preços sejam muito inferiores aos previstos pela Política de Garantia de Preços Mínimos.

8- Que apesar do bom volume de crédito existente para a cultura do trigo, ainda há espaço para diferenciação de política pública para produtores não enquadráveis no Pronaf, uma vez que a sua condição de escala de produção não é similar ao dos grandes produtores.

Que pela patente necessidade de segregação do trigo, com vistas à manutenção de identidade de qualidade comercial, se estabeleçam linhas de crédito diferenciadas para o aumento da capacidade de estocagem.

9- Que se estabelecem políticas de estímulo ao consumo do trigo nacional, e que este tenha prioridade de industrialização e consumo frente ao trigo importado. Dentro do exposto salienta-se que, nos valores atuais praticados pelo mercado, o valor recebido pelo produtor contribui com menos de 8% do valor do preço final do pão ao consumidor; não podendo o cereal ser responsabilizado pelos aumentos da farinha, do pão e de outros produtos derivados do trigo.

10-Que se estabelecem ambientes de debates entre produtores, cooperativas, armazenadores, cerealistas, moinhos e indústria para a semeadura de cultivares e tecnologias que efetivamente atendam a demanda do mercado, no volume necessário para cada classe de trigo. Debate este que deve, sob coordenação das Câmaras Setoriais trazer Fecoagro, Ocepar, Ocergs, Abitrigo, Abima, Abip, Anib, Farsul, Fetag, Fetraf, Pesquisa Pública e Privada, Assitência Técnica e Extensão Rural e Agentes Finaceiros.

Fonte: Jornal do Comércio
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