09
fev
2010
Ferrugem asiática coloca em xeque rentabilidade da soja
Chuvas acima da média em janeiro exigem aplicação extra de fungicida e aumentam custos

Luana Gomes

Toledo - O clima quente e úmido que engorda a safra de soja também traz prejuízos aos produtores do Paraná. Em um ano de grande produção mas de margens estreitas, o estado vê os focos de ferrugem asiática da soja se multiplicarem. Até o início do mês, o Consórcio Anti­fer­ru­­gem da Embrapa Soja contabilizava 254 casos da doença no estado – 66% deles (168) identificados em janeiro. No primeiro mês do ano passado foram 132 ocorrências. O aumento é de 27%.

Não por acaso, a explosão de focos ocorreu durante o mês mais chuvoso da safra 2009/10 até agora. Conforme o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (Cptec) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o acumulado mensal variou entre 200 mm e 350 mm nas principais regiões de produção de grãos paranaenses. Em anos normais, as chuvas de janeiro acumulam em média 200 mm no estado.

O crescimento dos casos de ferrugem preocupa porque aumenta os custos de produção e pode diminuir o tamanho da safra. Valdemar Kliemann, de Toledo (Oeste), relata que a redução de produtividade em uma área com infestação severa do fungo pode chegar a 30%. Segundo ele, o segredo para conter o fungo é o manejo. “Aplicando o fungicida na hora correta, seguindo as recomendações técnicas, não resulta em perda de volume. Mas o custo aumenta”, explica João Kliemann, irmão de Valdemar.

Em Ivatuba, no Noroeste do Paraná, o produtor José Oscar Dan­­te estima ter gastado entre 25% e 30% mais com defensivos neste ano. Com o clima úmido, o manejo de pragas e doenças exigiu aplicações extras de fungicida e inseticida. A ferrugem, que Dante geralmente controla com apenas uma aplicação por safra, neste ano precisou de duas. “Na soja mais tardia vou fazer pelo menos mais meia para garantir”, conta. O ataque de percevejos também foi mais intenso nesta temporada. O controle químico exigiu uma aplicação a mais de defensivo.

Mesmo com ferrugem, percevejos e lagartas, Dante espera colher 10% mais soja neste ano e fechar o ciclo com média de 3,3 mil quilos por hectare. Mas o otimismo para por aí. Mesmo com produção maior, ele prevê resultado financeiro semelhante ao do ano anterior, de seca. “O custo de produção caiu, mas tive que gastar mais no controle de pragas e doenças. A produção vai ser maior, mas o preço está muito ruim”, calcula.

A elevação dos custos de produção no final do ciclo não acontece só no Paraná. Em São Paulo, na área de atuação da Coopermota, que além de Cândido Mota atende a outros sete municípios, o número de aplicações para o combate à ferrugem da soja vai passar de duas na safra passada para três, podendo chegar a quatro em agluns casos. A estimativa é baseada na venda de fungicida, que aumentou 40% em janeiro de 2010 na comparação com o mesmo mês do ano anterior. No total, o produtor terá que desembolsar cerca de R$ 120 por hectare para combater o fungo neste ano, estima o agrônomo José Roberto Gon­­çales Massud.

Quanto mais tardia, ma­ior o gasto adicional na soja. Como ficam mais tempo no campo, lavouras de ciclo longo exigem ao menos uma aplicação de fungicida a mais. Por isso, quem apostou na precoce po­de levar vantagem. Com clima excelente, o grão de ciclo curto rende bem nas áreas onde a colheita já começou no Paraná, com produtividade de 3,6 mil quilos.


 

Fonte: Gazeta do Povo (Luana Gomes )
Volte para a Listagem
whatsapp