Ao contrário da safra 2015/16, que sofreu (e ainda sofre) os impactos de uma das mais fortes ocorrências de El Niño das últimas duas décadas, o ciclo 2016/17 será marcado pela La Niña. Embora não haja um consenso em relação à intensidade do fenômeno, provocado pelo esfriamento das águas do oceano Pacífico, os meteorologistas afirmam que ele deve começar entre agosto e setembro deste ano, época de plantio do milho e da soja e de colheita do trigo.
Segundo o meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) Luiz Renato Lazinski, o El Niño perde intensidade entre o fim de maio e o começo de junho e cede espaço para um inverno regular, com tempo seco e temperaturas mais amenas. “O La Niña deve começar em setembro, com a possibilidade de geadas tardias, o que pode impactar na colheita do trigo. Na região Centro-Sul do país, o fenômeno será marcado por uma distribuição mais irregular de chuvas e por precipitações abaixo da média”, explica.
De acordo com o agrometeorologista Marco Antônio dos Santos, da Somar Meteorologia, o La Niña deve atingir o pico no verão de 2017. “Dependendo da intensidade, isso significa estiagem na região Sul do país e mais chuvas na região Centro-Norte, incluindo o Matopiba”, afirma. O último La Niña aconteceu na safra 2011/12.
O cenário climático da próxima safra exige cautela para os produtores, principalmente na região Sul. No caso do trigo, por exemplo, o excesso de chuvas provocado pelo El Niño quebrou parte da safra do Rio Grande Sul e do Paraná. Com o La Niña, a situação inverte. “Quem não perder por causa das geadas, vai conseguir colher trigo de uma ótima qualidade por causa do tempo mais seco”, diz Lazinski.
No caso das culturas de verão, como soja e milho, a falta de chuva pode influenciar diretamente no plantio e no desenvolvimento das plantas. “No La Niña é muito comum a ocorrência de veranicos ao longo da safra, alguns com mais de 20 dias, o que pode atrapalhar bastante”, afirma o meteorologista do Inmet.
No entanto, em outras regiões, como o Norte do Mato Grosso e o Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), que há três anos sofre com estiagem, haverá um clima mais favorável, com uma incidência maior de chuvas.