16
out
2018
Estudo indica risco na entrada de novas pragas através de embalagens de madeira

Um novo estudo publicado na última edição da Revista de Política Agrícola, publicação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) aponta riscos para a entrada de novas pragas no país através de embalagens de madeira. Os auditores agropecuários afirmam que é preciso maior acesso aos dados de importações e agir de forma estratégica na fiscalização.

A pesquisa analisou 461 casos de pragas encontradas em caixas, pallets e outros recipientes de madeira em bruto que acompanhava mercadoria importada pelo Porto de Santos entre 2015 e 2017. Em 18% dos casos, as espécies encontradas não existem no país e podem causar impactos econômicos relevantes caso se instalem aqui. Além disso, 57% das pragas quarentenárias detectadas na fiscalização vieram da Índia. Os Auditores Fiscais Federais Agropecuários (Affas) que participaram do estudo defendem a implementação de políticas públicas nacionais para o gerenciamento de risco, o que melhoraria a fiscalização.

O Porto de Santos é o maior da América Latina e respondeu por 113,8 milhões de toneladas de cargas movimentadas em 2016. Mais de 2 milhões de contêineres passaram por lá no período, dos quais mais de 700 mil transportaram cargas importadas. Essa grande movimentação de cargas, porém, cria a possibilidade para que pragas de outros continentes se instalem no Brasil.

Um desses casos foi o da "ferrugem asiática da soja", causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizie e identificada pela primeira vez no país 2001. Estima-se que, em 12 anos, a praga causou até US$ 20,8 bilhões em perdas para os produtores rurais.

"A introdução de pragas florestais atualmente ausentes no Brasil pode causar prejuízo econômico e social direto, caso atinja as florestas plantadas, e danos ambientais imensuráveis, caso atinja matas e florestas naturais", conta o auditor fiscal federal agropecuário, Marlos Vicenzi.

De acordo com os auditores fiscais, a sugestão é que haja uma implantação de sistemas de gerenciamento de risco para fortalecer a fiscalização. A partir de coletas de dados, é possível estabelecer quais produtos oferecem mais risco e agir de forma mais focalizada. Com o constante aumento da quantidade de carga que chega aos portos, torna-se inviável realizar inspeções sem um gerenciamento de risco.

"O objetivo do gerenciamento de risco é direcionar as ações de inspeção, reduzindo o número de inspeções nas importações de menor risco fitossanitário, que são a maioria, e aumentando o número de intervenções nas importações de maior risco. No entanto, apesar de alguns esforços locais, na prática ainda não está implantado o gerenciamento de risco nacional nessas operações", dizem os autores no artigo.

Vicenzi completa afirmando que é indispensável que o Serviço de Vigilância Agropecuária tenha formas de obter dados sistematizados para melhorar a eficácia da inspeção. "Com um sistema que permita correlacionar de maneira objetiva as informações sobre as cargas importadas com nosso histórico de interceptações de pragas é possível atuar de maneira mais assertiva. Hoje, abrimos 16% dos contêineres e encontramos irregularidades em 1%. Com o avanço no gerenciamento de risco teríamos uma redução significativa destes números, contribuindo para a facilitação do comércio internacional".

Fonte: Agrolink

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