23
out
2012
Estudo do IBGE destaca a modernização do agro brasileiro
Redação Sou Agro
Ganhos tecnológicos impulsionaram os avanços de produtividade do setor, mas há desafios
A modernização do agro brasileiro passou de máquinas e equipamentos para um maior investimento em capital intelectual, na forma de técnicas de irrigação, uso de sementes certificadas e transgênicas, acesso à assistência técnica, plantio direto, transferência de embriões, confinamento e inseminação, entre outros avanços tecnológicos. É o que aponta o documento “Atlas do Espaço Rural Brasileiro”, lançado sexta-feira (19) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Baseado em dados do Censo Agropecuário 2006 e das pesquisas populacionais, sociais, econômicas e ambientais do IBGE, o trabalho destaca, por exemplo: uso de irrigação; municípios com 50% e mais da área colhida com uso de sementes certificada e transgênica; municípios com 50% e mais dos estabelecimentos agropecuários com acesso à assistência técnica; aplicação de plantio direto; produção de eucalipto; estabelecimentos com dimensão acima de 100 hectares, segundo o número de colheitadeiras; e valor da produção da floricultura.
Na parte de pecuária bovina do Atlas, destacam-se municípios que apresentam estabelecimentos com transferência de embriões; rastreamento; uso de rações, confinamento e inseminação.
Dados regionais
Nos recortes por Estados, verifica-se no documento, por exemplo, a introdução do plantio direto no sistema de preparo do solo e o uso de sementes certificadas e transgênicas na cultura de grãos no oeste da Bahia, no sul do Maranhão e no Piauí. Ao lado do padrão espacial pontual de áreas modernizadas, típico do Nordeste, segundo o Atlas, é visível um padrão contínuo em áreas de alta intensidade de lavoura e pecuária para abastecimento de grandes centros urbanos do País e para exportação, que abrange os Estados das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
De acordo com o trabalho, o uso de sementes certificadas e transgênicas se destaca em municípios das regiões Sul e Sudeste. A adoção de colheitadeira em grandes estabelecimentos (100 hectares e mais) permite observar uma seleção de áreas com contornos bem definidos nos Estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso e Goiás.
Já no caso da pecuária, diz o IBGE, o uso de tecnologias contempla especialmente Mato Grosso do Sul, parte de Minas Gerais e Goiás, além de áreas pontuais no Acre, no Amazonas e no Pará. Já a força mecânica (tratores, plantadeiras e colheitadeiras, entre outros equipamentos), e corretivos de solo se concentram no Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
Segundo o Atlas, na análise do uso de força mecânica e tração animal nas lavouras, observou-se que a força mecânica é proporcionalmente mais usada em áreas de produção intensiva de lavouras comerciais no nordeste de São Paulo, no oeste do Paraná, noroeste do Rio Grande do Sul e na parte central do Estado de Mato Grosso e, de forma isolada, ela se apresenta no sul do Maranhão e do Piauí, e no oeste da Bahia.
Já o uso combinado das duas técnicas, ressalta o documento, se destaca em áreas periféricas, como a do vale do rio Jaguaribe, no Ceará; do vale do rio Apodi, no Rio Grande do Norte; e do Município de Irecê, na Bahia, entre outras, na Região Nordeste; além do norte de Minas Gerais e do vale do rio São Francisco. Por sua vez, o uso de tratores se concentra principalmente no Sul e Sudeste, com tendência de expansão nas novas áreas de produção agropecuária, como o Centro-Oeste.
O uso de calcário e/ou de outros corretivos do solo, bem como de adubos, tende a seguir um padrão espacial muito semelhante ao do uso de tratores, indicando associação entre os segmentos da modernização agrícola.
Celeiros
O IBGE mapeou, também, o deslocamento espacial da fronteira agropecuária brasileira em direção às regiões Centro-Oeste e Norte do País. De acordo com o trabalho, ações políticas estatais e privadas, especialmente as de incentivo à pesquisa científica, relacionadas à adaptação de espécies vegetais ao Cerrado brasileiro, facilitaram o deslocamento dos investimentos no setor agrícola da região Sul em direção ao Centro-Oeste.
Mais recentemente, pontua o documento, a fronteira agrícola brasileira avançou em direção aos cerrados do oeste baiano, sul/sudeste do Maranhão e Piauí, acompanhada por investimentos na infraestrutura e na logística portuária. Porém, “observam-se enormes extensões territoriais onde praticamente inexistem cadeias produtivas organizadas, em especial no Norte e Nordeste”, aponta o Atlas.
Culturas
Curiosamente o trabalho do IBGE não traz dados de produção da soja, mas assinala que a safra de milho evoluiu 137,7%, passando de 21,4 milhões de toneladas, em 1990, para 50,8 milhões de toneladas, em 2009, em razão de ganhos de produtividade da cultura do que propriamente a acréscimos da área plantada.
Por sua vez, a produção de arroz saltou de 7,4 milhões de toneladas, em 1990, para 12,7 milhões de toneladas, em 2009. Já a safra de feijão aumentou 56%, passando de 2,2 milhões de toneladas em 1990 para 3,5 milhões de toneladas em 2009, em razão, de ganhos de produtividade da cultura.
Desafios
Entre os desafios para o agro brasileiro, o IBGE elenca como prioridades a necessidade de avanços educacionais, o estímulo a boas práticas agrícolas e investimentos em infraestrutura logística. Com relação a este último, o trabalho revela que o modal rodoviário concentra 70% do transporte de cargas do País, diferentemente de nações como Estados Unidos e China, onde os percentuais são bem inferiores, respectivamente, 26% e 8%.
Segundo o Atlas, embora o Brasil conte com mais de 29 mil km de rios naturalmente navegáveis, apenas 5% da safra de grãos é transportada pelas hidrovias, enquanto 67% seguem por estradas. No que diz respeito aos portos, o documento aponta dois problemas cruciais: acesso aos terminais e custo das operações.
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Ganhos tecnológicos impulsionaram os avanços de produtividade do setor, mas há desafios
A modernização do agro brasileiro passou de máquinas e equipamentos para um maior investimento em capital intelectual, na forma de técnicas de irrigação, uso de sementes certificadas e transgênicas, acesso à assistência técnica, plantio direto, transferência de embriões, confinamento e inseminação, entre outros avanços tecnológicos. É o que aponta o documento “Atlas do Espaço Rural Brasileiro”, lançado sexta-feira (19) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Baseado em dados do Censo Agropecuário 2006 e das pesquisas populacionais, sociais, econômicas e ambientais do IBGE, o trabalho destaca, por exemplo: uso de irrigação; municípios com 50% e mais da área colhida com uso de sementes certificada e transgênica; municípios com 50% e mais dos estabelecimentos agropecuários com acesso à assistência técnica; aplicação de plantio direto; produção de eucalipto; estabelecimentos com dimensão acima de 100 hectares, segundo o número de colheitadeiras; e valor da produção da floricultura.
Na parte de pecuária bovina do Atlas, destacam-se municípios que apresentam estabelecimentos com transferência de embriões; rastreamento; uso de rações, confinamento e inseminação.
Dados regionais
Nos recortes por Estados, verifica-se no documento, por exemplo, a introdução do plantio direto no sistema de preparo do solo e o uso de sementes certificadas e transgênicas na cultura de grãos no oeste da Bahia, no sul do Maranhão e no Piauí. Ao lado do padrão espacial pontual de áreas modernizadas, típico do Nordeste, segundo o Atlas, é visível um padrão contínuo em áreas de alta intensidade de lavoura e pecuária para abastecimento de grandes centros urbanos do País e para exportação, que abrange os Estados das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
De acordo com o trabalho, o uso de sementes certificadas e transgênicas se destaca em municípios das regiões Sul e Sudeste. A adoção de colheitadeira em grandes estabelecimentos (100 hectares e mais) permite observar uma seleção de áreas com contornos bem definidos nos Estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso e Goiás.
Já no caso da pecuária, diz o IBGE, o uso de tecnologias contempla especialmente Mato Grosso do Sul, parte de Minas Gerais e Goiás, além de áreas pontuais no Acre, no Amazonas e no Pará. Já a força mecânica (tratores, plantadeiras e colheitadeiras, entre outros equipamentos), e corretivos de solo se concentram no Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
Segundo o Atlas, na análise do uso de força mecânica e tração animal nas lavouras, observou-se que a força mecânica é proporcionalmente mais usada em áreas de produção intensiva de lavouras comerciais no nordeste de São Paulo, no oeste do Paraná, noroeste do Rio Grande do Sul e na parte central do Estado de Mato Grosso e, de forma isolada, ela se apresenta no sul do Maranhão e do Piauí, e no oeste da Bahia.
Já o uso combinado das duas técnicas, ressalta o documento, se destaca em áreas periféricas, como a do vale do rio Jaguaribe, no Ceará; do vale do rio Apodi, no Rio Grande do Norte; e do Município de Irecê, na Bahia, entre outras, na Região Nordeste; além do norte de Minas Gerais e do vale do rio São Francisco. Por sua vez, o uso de tratores se concentra principalmente no Sul e Sudeste, com tendência de expansão nas novas áreas de produção agropecuária, como o Centro-Oeste.
O uso de calcário e/ou de outros corretivos do solo, bem como de adubos, tende a seguir um padrão espacial muito semelhante ao do uso de tratores, indicando associação entre os segmentos da modernização agrícola.
Celeiros
O IBGE mapeou, também, o deslocamento espacial da fronteira agropecuária brasileira em direção às regiões Centro-Oeste e Norte do País. De acordo com o trabalho, ações políticas estatais e privadas, especialmente as de incentivo à pesquisa científica, relacionadas à adaptação de espécies vegetais ao Cerrado brasileiro, facilitaram o deslocamento dos investimentos no setor agrícola da região Sul em direção ao Centro-Oeste.
Mais recentemente, pontua o documento, a fronteira agrícola brasileira avançou em direção aos cerrados do oeste baiano, sul/sudeste do Maranhão e Piauí, acompanhada por investimentos na infraestrutura e na logística portuária. Porém, “observam-se enormes extensões territoriais onde praticamente inexistem cadeias produtivas organizadas, em especial no Norte e Nordeste”, aponta o Atlas.
Culturas
Curiosamente o trabalho do IBGE não traz dados de produção da soja, mas assinala que a safra de milho evoluiu 137,7%, passando de 21,4 milhões de toneladas, em 1990, para 50,8 milhões de toneladas, em 2009, em razão de ganhos de produtividade da cultura do que propriamente a acréscimos da área plantada.
Por sua vez, a produção de arroz saltou de 7,4 milhões de toneladas, em 1990, para 12,7 milhões de toneladas, em 2009. Já a safra de feijão aumentou 56%, passando de 2,2 milhões de toneladas em 1990 para 3,5 milhões de toneladas em 2009, em razão, de ganhos de produtividade da cultura.
Desafios
Entre os desafios para o agro brasileiro, o IBGE elenca como prioridades a necessidade de avanços educacionais, o estímulo a boas práticas agrícolas e investimentos em infraestrutura logística. Com relação a este último, o trabalho revela que o modal rodoviário concentra 70% do transporte de cargas do País, diferentemente de nações como Estados Unidos e China, onde os percentuais são bem inferiores, respectivamente, 26% e 8%.
Segundo o Atlas, embora o Brasil conte com mais de 29 mil km de rios naturalmente navegáveis, apenas 5% da safra de grãos é transportada pelas hidrovias, enquanto 67% seguem por estradas. No que diz respeito aos portos, o documento aponta dois problemas cruciais: acesso aos terminais e custo das operações.