O céu limpo só aumenta a preocupação do produtor rural Vicente Mignoso, em Campo Mourão. Faz praticamente um mês que não chove na propriedade, onde 193 hectares de milho foram plantados. A maior parte da lavoura está na fase de pendoamento e a falta de água pode causar sérias perdas na produção. "Já está dando um pouco de quebra", falou o produtor à Tribuna. Segundo ele, a última chuva significativa em sua propriedade ocorreu logo após a Páscoa.
Para aumentar ainda mais a tensão de Mignoso, só há precisão de chuvas a partir do dia 4 de maio. "Se não chover logo não sei o que vai acontecer", preocupou-se. Segundo ele, a planta está em um estágio que não pode faltar água. "Se faltar perde", ressaltou. Além da falta de água afetar o milho, está atrasando também o plantio de trigo na região. Mignoso disse que está aguardando a previsão de "boa" chuva para fazer o plantio na poeira. "Todo dia a gente dorme e acorda olhando para o céu e a apreensão só aumenta quando não vê nenhuma nuvem", afirmou.
A situação é mais grave ainda em áreas arenosas. Na região de Aruruna, por exemplo, a cultura está sofrendo bem mais por causa do calor forte. Conforme o Departamento de Economia Rural (Deral), órgão ligado à Secretaria Estadual da Agricultura, em Campo Mourão, 60% das lavouras estão em fase de desenvolvimento vegetativo e 40% em floração. De acordo com o órgão, a falta de água já pode acarretar na quebra de produção, mas ainda é muito cedo para se falar em perdas. "Esta fase de floração é crítica. Em muitas lavouras, as plantações estão até enrolando as folhas devido ao déficit hídrico", explicou Anderson Roberto dos Santos, economista do Deral. Segundo ele, outra preocupação é que a estiagem está atrasando também o plantio do trigo, que já era para estar avançado na região. A semeadura será intensificada após chover.
Segundo o Deral, as últimas chuvas significativas na região foram registradas nos dias 20 e 28 de março, ou seja, há praticamente um mês - 40 milímetros do acumulado. No mês passado, o acumulado foi de 183 mm de chuva, conforme o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). A chuva do último sábado (21) somou 30 mm, mas foi bem localizada. "Abril está sendo muito seco", afirmou Santos. Ele ressaltou que só há previsão de chuvas para o dia 4 de maio, e apenas 12 mm. Para suprir o déficit hídrico seriam necessários no mínimo de 50 mm.
Área na região
Nesta temporada, a área com milho na Comcam sofreu uma queda de aproximadamente 11% em relação à passada. Os produtores plantaram 325 mil hectares contra 365 mil da última safra. A produtividade estimada caiu de 2,1 milhões de toneladas na safra passada para 1,8 milhão este ano. O preço do cereal está animando os produtores. A saca está cotada a R$ 30,00, quase o dobro do preço praticado no final de 2017, que era de R$ 16,00.
Fonte: Tribuna do Interior
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