Os mercados experimentaram na última terça-feira (03.05) um dia tenso, com quedas nas principais commodities e, principalmente, na Bolsa de Valores de Nova Iorque. O motivo: os fracos dados da indústria chinesa – o que afeta indiretamente o mercado agrícola também.
Há algumas semanas a China anunciou que cortaria os subsídios para produção de milho e que não forçaria mais os produtores a vender para o governo. A medida levou muitos especialistas a especular se isso significaria mais ou menos demanda internacional por grãos, dada a complexidade do sistema chinês.
Diretor da China Ag, o analista norte-americano baseado em Taipei (Taiwan), Loren Puette, explica que essas notícias foram mal interpretadas. Ele diz que a China, forçada pela desaceleração econômica e os altos estoques de milho, vai reduzir drasticamente os subsídios, mas não vai eliminar por completo.
Segundo o especialista, o governo chinês deve economizar aproximadamente US$ 10 bilhões e vai implantar um programa de preço mínimo – similar ao de algumas commodities no Brasil. Se o mercado paga menos que o preço mínimo, o governo compensa com a diferença.
Em relação ao estoque chinês (de mais de 200 toneladas de milho), Puette prevê que o governo só conseguirá vender cerca de 25% do total. Ele e outros analistas acreditam que é improvável que a China exporte volumes altos do cereal. “A maior parte desses estoques estão a céu aberto. Muito já perdeu a qualidade para alimentação humana ou animal. No momento atual, ninguém compra milho da China”, afirmou ele ao Agriculture.com. O USDA também prevê que a exportação chinesa chegue a 50 mil toneladas.
Outra previsão do analista é que a área de milho vai cair de 37 milhões para 34 milhões de hectares. Por outro lado, Puette projeta que a superfície de soja deve aumentar dos atuais seis milhões para sete ou oito milhões de hectares. “Isso indica que os preços vão cair”, apontou o especialista.