A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Fundação Meridional de Apoio à Pesquisa Agropecuária lançaram três cultivares de soja - a BRS 1010 IPRO, a BRS 388RR e a BRS 399RR, nesta terça-feira, dia 2 de fevereiro, na Estação do Conhecimento da Embrapa, no Show Rural Coopavel, em Cascavel (PR). “Estamos colocando no mercado materiais com excelente genética e sanidade, ciclo precoce e ampla adaptação às diferentes regiões. Temos um portfólio renovado e muito competitivo para que o produtor possa planejar bem sua produção” destaca José Renato Bouças Farias, chefe-geral da Embrapa Soja. Luiz Meneghel Neto, presidente da Fundação Meridional, ressaltou a importância de programas de melhoramento genético que buscam a sanidade das lavouras. “Os lançamentos contemplam desde a alta produtividade até o bom desempenho em diferentes condições, como é o caso da BRS 399RR, que tem resistência a diferentes nematoides, um problema que limita a produção”.
Também participaram da solenidade de lançamento, o diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional, Jorge Samek; ocoordenador do Show Rural, Rogério Rizzardi e o presidente do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) e do Conselho Nacional Dos Sistemas Estaduais de Pesquisa Agropecuária (Consepa), Florindo Dalberto.
Rizzardi destacou a ampla parceria do Show Rural com a pesquisa agropecuária brasileira. “O Show Rural foi idealizado com o intuito de aproximar os resultados da pesquisa de técnicos e produtores, acelerando assim o processo de obtenção de informação das tecnologias geradas. E hoje, apesar de termos informação com mais rapidez, as inovações perdem atualidade rapidamente. O mundo muda muito rápido o que é um desafio para toda a cadeia produtiva”, afirma Rizzardi.
O chefe-geral da Embrapa Soja, José Renato Bouças Farias, concorda com o processo acelerado de geração, transmissão e adoção das inovações, tanto que a vida útil de uma cultivar é de, em média, seis anos. ”Por isso, a pesquisa está todos os anos lançando novas cultivares que agregam valor ao produto final ou reduzem o custo”, reforça. “Temos que estar atentos para apresentar soluções antecipadas aos problemas que surgem no campo”, destaca Farias. Além disso, Farias reforçou que o trabalho da pesquisa nem sempre se materializa em produtos. “Os resultados que geramos dão as bases para a viabilidade dos sistemas de produção. Isso é um exemplo de contribuição para o sucesso e a sustentabilidade do setor produtivo”, ressalta Farias. Jorge Samek destacou a importância dos lançamentos e do processo intensivo e sistemático de desenvolvimento de novas tecnologias. “Temos que triplicar a produção de alimentos nos próximos 10 anos. E isso só se faz com inovação”, destacou.
BRS 1010IPRO – Entre os lançamentos, a BRS 1010IPRO tem como diferencial o alto potencial produtivo associado aos benefícios da tecnologia Intacta RR2 PRO™. A BRS 1010 IPRO reúne características como a resistência ao herbicida glifosato para o manejo de plantas daninhas e também tem a toxina Bacillus thuringiensis(Bt), por isso, controla as principais lagartas da soja. A BRS 1010IPRO é uma cultivar de soja precoce, com crescimento indeterminado e excelente potencial produtivo, também em áreas com presença do nematoide de galha Meloidogyne javanica. O pesquisador Carlos Arrabal Arias explica que a cultivar possui resistência às doenças cancro da haste e mancha olho de rã. Também tem resistência à podridão radicular de Phytophthora. A BRS 1010IPRO é indicada para Santa Catarina, Paraná e São Paulo. Indicada para as regiões de adaptação edafoclimáticas PR, SC e SP (REC 103), PR (REC 201) e SP (REC 203).
BRS 388RR - A outra novidade da Embrapa e da Fundação Meridional para os produtores do Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Goiás é a BRS 388RR. É uma cultivar transgênica com tolerância ao glifosato, possui tipo de crescimento indeterminado e grupo de maturidade relativa 6.4. Portanto, é uma soja precoce que pode ser utilizada em sistemas de produção que utilizam a safrinha de milho. “Esta cultivar tem alto potencial produtivo e excelente estabilidade em diferentes épocas de semeadura e ambientes de produção”, diz Arias. Entre seus diferenciais estão a resistência às doenças: cancro da haste, podridão radicular de Phytophthora e mosaico comum da soja. Esse lançamento é recomendado para as seguintes regiões edafoclimáticas: PR (REC201), PR, MS, SP (REC 202) SP (REC 203), MS (REC 204), MS e GO (REC 301), SP, MG e GO (REC 302) e MG e GO (REC 303).
BRS 399RR - Também compõem os lançamentos da Embrapa e Fundação Meridional, na safra 2015/2016, a cultivar BRS 399RR que apresenta alto potencial produtivo além de boa sanidade. A BRS 399RR possui crescimento indeterminado e está no grupo de maturidade 6.0. “Em razão da sua precocidade, favorece a semeadura da segunda safra de milho”, destaca Arias. A BRS 399RR é indicada para as regiões edafoclimáticas: SC, PR (REC 102), PR, SC, SP (REC 103), PR (REC 201) e SP (REC 203).Essa cultivar é resistente aos nematoides de galhaMeloidogyne incógnita e Meloidogyne javanica e às raças 3 e 14 do nematoide de cisto. Também é resistente ao nematoide Rotylenchulus reniformis. Segundo o pesquisador Waldir Dias, da Embrapa Soja, os nematoides são parasitas que competem com a planta por água e nutrientes (parasitismo) e promovem necroses nos tecidos, o que pode diminuir a capacidade da planta em absorver água e nutrientes do solo. “Os percentuais de redução na produtividade vão depender do nematoide envolvido, da densidade populacional do nematoide no solo, de atributos do solo e do grau de suscetibilidade da cultivar utilizado pelo agricultor”, explica o pesquisador.
Refúgio - A Embrapa também está aproveitando o Show Rural para reforçar as orientações técnicas sobre as áreas de refúgio com a tecnologia Intacta. Para retardar o problema de resistência na cultura da soja, a Embrapa defende a adoção de áreas de refúgio, que é a manutenção de uma percentagem de, no mínino, 20% área com a mesma cultura não-Bt, ambas semeadas na mesma época. “Além disso, para que o refúgio seja efetivo, nenhuma planta Bt deve ficar mais que 800 metros distante de uma planta não-Bt”, explica o pesquisador Samuel Roggia, da Embrapa Soja.
Por isso, segundo Roggia, não é considerado refúgio quando o produtor semeia, por exemplo, 500 hectares de soja Bt ao lado de outros 500 hectares com soja não-Bt. A distância de 800 metros entre as diferentes plantas deve ser observada para favorecer o acasalamento entre os insetos suscetíveis à toxina Bt e os indivíduos potencialmente resistentes - provenientes das áreas com plantas Bt. “Essa medida pode retardar a seleção de insetos resistentes à tecnologia”, destaca.
Roggia alerta ainda que nas áreas com soja Bt e nas de refúgio é preciso fazer o monitoramento de pragas e utilizar as práticas de Manejo Integrado de Pragas, ou seja, a aplicação de inseticidas apenas quando o nível de controle for atingido.
Fonte: Embrapa Soja
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