A Embrapa apresentou ao mercado a cultivar de soja BRS 7180 Ipro, desenvolvida em parceria com a Fundação Cerrados. O diferencial deste material, segundo o pesquisador André Pereira, é a sua resistência aos nematoides-das-galha Meloidogyne incógnita e Meloidogyne javanica, agentes limitantes da produtividade nos solos brasileiros.
Conforme explica Pereira, o aumento da intensidade da produção agrícola amplifica os problemas causados pelos nematoides, vermes nativos dos sistemas de produção do país. Uma estratégia para mitigar o avanço desses parasitas é o uso de variedades de plantas resistentes, tal como a BRS 7180 Ipro.
A nova cultivar tem mostrado alto potencial produtivo, superando 70 sacas por hectare em áreas de alta fertilidade. Pereira relatou que os produtores, antes atingidos pelos nematoides, conseguiram colher até 20 sacas a mais por hectare com a nova variedade, uma significativa melhoria comparada à média anterior de 40 sacas. Esses vermes afetam as raízes das plantas, comprometendo a absorção de água e nutrientes, e consequentemente, a produtividade.
Com um ciclo de 120 dias, a BRS 7180 Ipro permite a implementação de uma segunda safra, seja de milho ou outra cultura, seguida da produção de pasto para alimentação animal. Pereira ressalta que essa é uma característica relevante para a região do Cerrado, onde o regime de chuvas favorece o plantio da segunda safra, desde que a primeira seja de ciclo curto, como é o caso da nova cultivar. A BRS 7180 Ipro pode ser usada como componente dos sistemas integrados, como Integração Lavoura-Pecuária (ILP) e Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). O período de semeadura ideal ocorre entre a segunda quinzena de outubro e a primeira quinzena de novembro.
Ilson Alves Afonso, diretor-técnico da Fundação Cerrados, destacou a importância de ter novos materiais a cada ano para atender às demandas do mercado. Ele reforça que o grande diferencial das cultivares desenvolvidas em parceria com a Embrapa é a resistência aos nematoides, uma característica que não se encontra nas sementes oferecidas por empresas multinacionais. "O nematoide está espalhado por todo o País e afeta praticamente todos os produtores brasileiros. Então esse é um diferencial interessante e que garante nossa competitividade no mercado", pontua Afonso.
Durante o lançamento, o chefe-geral da Embrapa, também pesquisador de soja, descreveu os nematoides como "inimigos silenciosos", ressaltando a importância da pesquisa para enfrentar problemas que ocorrem abaixo do solo, os mais desafiadores. Ele destacou que o objetivo da Embrapa é atender o setor produtivo, e que a empresa por vezes antecipa soluções para problemas ainda não identificados pelos produtores.
Fonte: Revista Cultivar.