29
abr
2021
Embrapa anuncia R$ 61,85 bilhões de lucro social em 2020 e lança novas tecnologias

Nos 48 anos da Empresa, o presidente Celso Moretti anunciou que, para cada real investido pelo Governo Federal, a Embrapa devolveu à sociedade R$ 17,77 reais, obtendo um lucro social de R$ 61,85 bilhões. O valor é obtido a partir do cálculo do impacto econômico de uma amostra de apenas 152 tecnologias adotadas pelo agronegócio brasileiro e de 220 cultivares desenvolvidas pela Empresa. Moretti também apresentou os novos lançamentos tecnológicos.

“A pesquisa agropecuária feita na Embrapa não parou, superamos as dificuldades com sucesso e continuamos fazendo entregas importantes para a agricultura brasileira. Temos resultados de impacto para mostrar”, destacou Celso Moretti, ao destacar os resultados do Balanço Social 2020.

Celso Moretti também anunciou que a Empresa está colocando no mercado mais seis novas tecnologias para uso nas próximas safras agrícolas e na aquicultura. Entre elas está o bioinsumo Auras, bioproduto feito com uma bactéria encontrada no mandacaru, espécie de cacto comum no semiárido brasileiro, que promove maior resiliência e capacidade de adaptação das plantas ao estresse hídrico. Os primeiros testes estão sendo feitos com o milho, mas a intenção é ampliar para outras culturas.

“As tecnologias que apresentamos abarcam diferentes cadeias produtivas e demonstram como a Embrapa está presente em todo o território brasileiro, de Boa Vista, no hemisfério Norte, à divisa com o Uruguai, no Rio Grande do Sul. Na Amazônia, com nove centros de pesquisa, na Caatinga, no Pantanal, no Pampa, na Mata Atlântica e no Cerrado”, destacou o presidente da Embrapa. “São tecnologias escolhidas a dedo para os 48 anos da Empresa e estão relacionadas às cadeias produtivas da soja, do leite, do algodão, do açaí, à aquicultura e também à bioeconomia, com o lançamento do bioproduto Auras. Eu não tenho dúvidas que este bioproduto irá transpor as fronteiras do Brasil e ajudará diferentes culturas na convivência com a seca, como é o caso do Semiárido brasileiro”, complementou.

Moretti afirmou que 2020 foi um ano difícil para a Empresa, causado por restrições orçamentárias e pela pandemia da Covid-19. No entanto, a Embrapa mostrou ser possível continuar fazendo importantes entregas para a sociedade brasileira e os dados do Balanço Social demostram este alcance de resultados.

“A partir do cálculo do impacto econômico do uso de 152 tecnologias, geramos R$ 56 bilhões, além de mais R$ 4 bilhões gerados a partir das 122 cultivares que colocamos à disposição do produtor brasileiro de frutas, hortaliças, soja, trigo, algodão, entre outras culturas, e mais R$ 1 bilhão calculado a partir dos indicadores sociais e laborais”, detalhou Moretti ao falar sobre os resultados do Balanço Social de 2020, que gerou um lucro social total de R$ 61,85 bilhões.

“Quando se divide o lucro social pelas despesas operacionais, a Embrapa chega os resultados de que para cada real investido, conseguimos devolver para a sociedade, em 2020, R$ 17 reais, o que totaliza um aumento de 4% em relação ao Balanço Social de 2019”, complementou o gestor.

Novas tecnologias e compromisso com a sustentabilidade ambiental

Além do bioproduto Auras, foram apresentadas mais três novas tecnologias que poderão ser utilizadas pelo produtor já na próxima safra agrícola.

Pesquisadores brasileiros desenvolveram a primeira cultivar de soja do País resistente à ferrugem asiática da leguminosa - a mais severa doença dessa cultura - e tolerância ao percevejo, considerado uma das principais pragas do setor. A nova soja BRS 539 já está disponível para a safra 2020/2021.

O presidente destacou o potencial de crescimento da soja orgânica no país, principalmente para exportação aos países da União Europeia e Israel. “A soja orgânica é um nicho do mercado que está em crescimento. No ano passado, fomos procurados por empresas de Israel que têm interessem em importar a soja orgânica brasileira”, explicou o presidente.

De acordo com os dados do Instituto Soja Livre, na safra 2019/2020, a produção brasileira de soja convencional foi de aproximadamente 5 milhões de toneladas, enquanto o Brasil produziu 124 milhões de toneladas do grão.

A Embrapa também lança esta semana a mais nova cultivar de algodoeiro transgênico, a BRS 500, com alta produtividade e resistente às principais doenças da cultura, com destaque para a mancha de ramulária e o nematoide-das-galhas, dois sérios problemas enfrentados hoje pelos cotonicultores.

A mancha de ramulária  é considerada a principal doença do algodoeiro no País, demandando em torno de oito pulverizações de fungicidas por safra em cultivares mais suscetíveis ao patógeno. Já o nematoide-das-galhas é uma doença de difícil controle. A praga parasita as raízes de diversas culturas e no algodoeiro compromete a produtividade da pluma em até 40%. O melhor método de controle dos nematoides é o uso de culturas e cultivares resistentes ou tolerantes. “E essa variedade, indicada para o cultivo em áreas comerciais de elevada produtividade no bioma cerrados, vai estar disponível para a nova safra de algodão”, acrescentou o presidente da Embrapa.

O presidente falou também sobre a Plataforma Aquaplus - conjunto de soluções simples, práticas e inovadoras, desenvolvidas ou em desenvolvimento pela Embrapa, para qualificação, manejo e melhoramento genético de espécies aquícolas. Ele destacou, no âmbito da Plataforma, o lançamento do VannaPlus, ferramenta genômica que irá auxiliar a cadeia produtiva do camarão cinza em programas de melhoramento genético.

Contribuições para a descarbonização da agricultura

A Embrapa está fortalecendo sua atuação na descarbonização da agricultura e passa agora a contribuir com o Plano Setorial de Adaptação e Baixa Emissão de Carbono na Agropecuária, (ABC+), lançado pelo Mapa, em abril deste ano, com vigência até 2030. O Plano ABC + foi elaborado com base em estudos científicos e participação ativa da Embrapa.

“Trata-se da atualização do Plano ABC, executado de 2010 a 2020, que se tornou referência mundial de política pública para o setor agropecuário”, explicou. De acordo com Moretti, além das tecnologias do Plano ABC, entre elas, a Fixação Biológica do Nitrogênio (FBN), o Plantio Direto, o Tratamento de Dejetos, a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), a Embrapa passou a investir também em pesquisas para a produção da linha Carbono Baixo, como a marca-conceito carne carbono neutro, lançado no ano passado. Agora, estamos iniciando a pesquisa para a produção de leite de baixo carbono”, anunciou Moretti.

Ao abordar as pesquisas com a produção de leite de baixo carbono, Moretti explicou que a Embrapa firmou parceria com uma multinacional para o desenvolvimento de calculadoras de emissões de gases de efeito estufa para contabilizar emissões de carbono tanto para o gado produtor de leite a pasto quando para o gado produtor de leite em espaços confinado, e em diferentes biomas.

O presidente destacou o lançamento recente do programa de pesquisa para a obtenção da soja de baixo carbono que será um diferencial no mercado mundial de soja. “Na mesma linha, estamos pesquisando o algodão de baixo carbono. Estados Unidos e Austrália já vem trabalhando com protocolos de baixo carbono para o algodão”, explicou, lembrando que estão em curso pesquisas para a produção do café de baixo carbono.

Ele ainda lembrou a responsabilidade do Brasil como seguidor do acordo de Paris em relação a diminuição da emissão de gases de efeito estufa e explicou os processos na agropecuária brasileira. A fixação biológica de nitrogênio, que substitui o adubo nitrogenado, o plantio direto, a carne de carbono e o leite de baixo carbono neutro foram todos exemplos dados pelo presidente de atividades e produtos que diminuíram consideravelmente a emissão de carbono.

Parcerias com o setor privado

A Embrapa também vem trabalhando no sentido de ampliar parcerias com o setor privado. Em 2018, do total de projetos em execução, 8% recebiam recursos da iniciativa privada. Em 2021, segundo Moretti, já são 20% dos projetos recebendo financiamento, e a meta é chegar a 2023, com 40% de projetos vinculados ao setor privado.

Moretti afirmou que acredita que o País será o maior protagonista da produção de alimentos, fibras e energia do mundo em 2030. “Vamos aumentar a produção de alimentos, de forma eficiente e com sustentabilidade, incluindo a recuperação e a incorporação de pastagens degradadas”, explicou.

O presidente afirmou que a Embrapa é uma empresa do Estado brasileiro que tem o papel primordial de prover segurança alimentar para a população brasileira e para mais 170 países ao redor do globo. Para ele, não se trata apenas de uma questão de segurança alimentar, mas de segurança nacional para o País.

Para ele, um setor como o agro brasileiro, responsável por 21 por cento do PIB, se não tiver uma empresa pública que cuide de pesquisa agrícola, passa a correr riscos. “A pandemia da Covid -19 mostra a importância da ciência para resolver desafios. A Embrapa é um patrimônio público que deve estar nas mãos da sociedade”, explicou.

Fonte: Grupo Cultivar

Volte para a Listagem
whatsapp