Antes de começar a comemorar o feriado de Carnaval, os produtores paranaenses registraram uma leve queda nos preços da soja. A média de preço do grão no Estado fechou na semana passada em R$ 70,36 a saca de 60kg, valor 3,75% inferior ao registrado no mesmo período da semana anterior, quando a média de preço ficou em R$ 73,11/saca, de acordo com dados fornecidos pelo Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab).
Mesmo com essa ligeira queda, o grão ainda segue bem favorável ao agricultor. O valor da saca de soja tem registrado sucessivas altas devido ao aquecimento das exportações da commodity e também à aceleração dos preços da oleaginosa no mercado internacional. Em janeiro deste ano, o valor da saca do grão recebido pelo produtor fechou em R$ 70,82, contra R$ 66,10/saca contabilizada em dezembro e R$ 55,75/saca em janeiro de 2015.
Na média anual de preços, o valor médio da soja para 2016 está em R$ 70,82/saca, contra R$ 61,50/saca em 2015 e R$ 59,03/saca em 2014. Combinado com a elevação do valor da commodity nos últimos tempos, os produtores paranaenses, com objetivo de aumentar os seus rendimentos, têm investido forte na produção da oleaginosa. Nesta safra, por exemplo, o Paraná semeou 5,26 milhões de hectares com soja, área 3% superior ao contabilizado no mesmo período da safra anterior (2014/15), quando foram plantados 5,11 milhões de hectares.
CUSTOS E NOVAS TECNOLOGIAS
Há oito safras (ciclo 2007/08), último histórico disponibilizado pelo Deral, o Paraná havia semeado apenas 3,92 milhões de hectares e colheu 11,72 milhões de toneladas da oleaginosa a um rendimento médio de 2.988 quilos por hectare. No ciclo 2015/16, o Estado semeou 5,26 milhões de hectares e espera colher 18,1 milhões de toneladas a um rendimento médio de 3.436 kg/ha. Especialistas apontam que o investimento em novas tecnologias tem ajudado o produtor a conseguir aumentar cada vez mais os seus índice de produtividade.
Mesmo com essa evolução na produção e nos preços, produzir soja tem ficado cada vez mais caro. O custo variável de produção, que leva em conta os gastos dos produtores com maquinários, mão de obra, insumos, assistência técnica, transporte, despesas gerais, entre outras despesas para a safra 2015/16, fechou em novembro do ano passado em R$ 33,39/saca. Na comparação com a safra 2007/08, quando o custo variável fechou em R$ 16,00/saca, o gasto atual do produtor é mais de 106% superior se comparado ao ciclo 2007/08.
DÓLAR
Américo Amano, produtor na região de Cambé, avalia que o preço da soja não está ruim. Porém, ele afirma que o aumento dos custos de produção tem reduzido a margem de lucro dos agricultores. Amano atribui à valorização do dólar frente ao real essa queda em remuneração, já que a maioria dos insumos são importados e, por isso, são cobrados em dólar. Somente neste ano, a moeda já ultrapassou por diversas vezes a barreira dos R$ 4.
Todavia, a moeda norte-americana, na opinião do agricultor, ajudou a elevar as exportações da commodity, que também se valorizou no mercado internacional, o que proporcionou um maior rendimento ao produtor brasileiro. De acordo com dados divulgados recentemente pelo Ministério da Agricultura, somente em janeiro deste ano o Brasil arrecadou US$ 621,13 milhões em complexo soja (grão, óleo e farelo), crescimento de 19,1% em relação aos US$ 521,65 milhões exportados em janeiro de 2015.
Para atingir a cifra, o Brasil exportou uma quantidade recorde de farelo de soja somente no mês de janeiro, com 1,18 milhão de toneladas. As vendas externas de soja em grão foram de US$ 147,62 milhões ou 394,42 mil toneladas. Já as exportações de óleo de soja caíram 33,5% em relação a janeiro de 2015, atingindo US$ 52,67 milhões ou 78,0 mil toneladas.