O serviço meteorológico dos Estados Unidos informou nesta quinta-feira (8) que os riscos de ocorrência de mais um El Niño no hemisfério norte este ano aumentaram em 65%.
O Escritório Australiano de Meteorologia também informou esta semana que os efeitos do fenômeno podem começar a ser sentidos em julho e defende que as evidência de sua ocorrência já estão em 70%.
O El Niño, que é causado em consequência de um aquecimento nas águas do oceano Pacífico, pode causar enchentes e secas em diferentes partes do mundo.
A ocorrência mais devastadora do fenômeno foi registrada em 1997/98, causando o grande alagamento no Rio Yangtze, na China, que matou mais de 1.500 pessoas.
Veja uma lista de commodities agrícolas que poderão ser mais afetadas pelo fenômeno climático:
Grãos e oleaginosas em perigo O El Niño deve intensificar a seca na Austrália, que já enfrenta uma estiagem, prejudicando ainda mais a produção de trigo, açúcar e algodão no país.
Em países produtores de óleo de palma, como Indonésia e Malásia, o fenômeno deve resultar em níveis de chuva abaixo do normal para o período, provocando queda de produtividade e alta nos preços globais.
A Tailândia, um dois maiores exportadores mundiais de arroz, também deve registrar clima mais seco.
Já no Meio-Oeste dos Estados Unidos, o El Niño deve deixar as temperaturas mais amenas que o normal e aumentar a ocorrência de chuvas, o que deve beneficiar a produção agrícolas nos estados de Iowa e Minnesota, que ainda estão se recuperando dos efeitos de uma seca prolongada.
Por outro lado, um excesso de chuvas poderá deixar o solo saturado na região leste do Corn Belt, principalmente no inverno. A Califórnia, estados produtor de leite e uva, que também foi afetado pela seca, também deve ter um volume de chuvas acima do normal.
Na China, o El Niño também deve provocar o aumento das chuvas nas regiões ao sul do Rio Amarelo e causar alagamentos nas áreas produtoras de milho e de algodão. Temperaturas abaixo do normal poderão ser registradas nas regiões produtoras de milho e soja no Nordeste do país, podendo ocasionar geadas e redução de produtividade.
Um forte El Niño na Índia poderá reduzir a produção das culturas de verão, como arroz, cana de açúcar e oleaginosas.
Episódios anteriores de El Niño causaram períodos de seca severa nas Filipinas, afetando vastas extensões de áreas agrícolas. A escassez de arroz devido a tufões e secas ligados ao El Niño em 2010 levaram a importações recordes pelo país.
Commotidies soft - cacau e café O El Niño pode reduzir a produção nas principais regiões produtoras da Costa do Marfim, Gana e Indonésia. As expectativas são de que o déficit de oferta de cacau no mercado global irá continuar este ano 2014.
O clima irregular pode afetar o desenvolvimento de grãos de café e vagens de cacau. Na Indonésia, o terceiro maior produtor de cacau do mundo, o El Niño normalmente significa clima extremamente seco. A Indonésia compete no mercado de café Robusta (Conilon) com o Vietnã.
O El Niño geralmente traz invernos mais quentes para o Brasil, reduzindo o risco de geadas, porém, aumenta o risco de chuvas fortes.
Em 2009, o fenômeno alterou as monções na Índia, causando a pior seca em quase quatro décadas que ajudou a elevar os preços mundiais do açúcar para o patamar mais alto em cerca de 30 anos.
Fonte: Reuters |