Os anos em que a produção norte-americana recebeu esse fenômeno, de uma forma geral, os índices de produtividade, segundo um levantamento feito pela AgResourCe Brasil (ARC Brasil) ficaram acima da tendência esperada para a safra, já que o padrão climático seria de mais umidade e com temperaturas abaixo da média no Corn Belt. Modelos climáticos norte-americanos já indicam 60% de chance de um El Niño este ano e crescendo. Alguns especalistas até associam sua ocorrrência a problemas de clima na agricultura, porém, especialistas afirmam que isso irá depender da região em que o produtor se encontra.
E segundo explica o analista de mercado Ben Buckner, da AgResource Company(ARC), em entrevista ao Notícias Agrícolas, "em anos de El Niño, há cerca de 80% de chances de que a produtividade dos grãos fique acima do esperado". Já em anos de La Niña, esse índice desce para 40% e de neutralidade climática, fica em 60%. Sobre os impactos efetivos do evento, porém, Buckner afirma que serão melhor conhecidos a partir de abril e, para a soja, principalmente, de maio.
"Teremos que acompanhar mês a mês (as projeções e o comportamento das águas do Pacífico). O que já podemos observar é que não temos uma situação de seca preocupante. O Drought Monitor (um mecanismo do governo americano para monitorar a seca) mostra que a 'mancha' que indica condições de seca no país está cada vez menor", explica o analista da ARC.
Os Estados Unidos não tiveram nenhum problema meteorológico significativo desde a safra de 2012, permitindoque as quatro safras seguintes de soja e milho no país alcançassem volumes recordes de produção. E em um ano de El Niño, apesar das incertezas que rondam mercado e produtores neste momento, as primeiras projeções indicam que esta será uma nova boa temporada.
De acordo com um levantamento feito pela Reuters Internacional, anos de El Niño coincidem com anos em que foram registradas algumas das melhores safras americanas como 1982, 1987, 1994, 2004, 2009 e 2014. Entretanto, a agência aponta ainda que em 1991 e 2002, os verões foram bastante quentes, o que acabou tirando parte do potencial da temporada, bem como o excesso de chuvas observado durante o plantio na primavera.
Os debates em torno dessas condições climáticas e do rendimento tanto da soja quanto do milho já tem ganhado cada vez mais espaço entre as negociações na Bolsa de Chicago, ainda segundo explica Ben Buckner. "Esse já é o principal ponto para o mercado agora. E o clima deverá ajudar a direcionar ainda mais a disputa por área entre a soja e os grãos nesta safra", diz.
A batalha, segundo o analista, ainda não está definida e o clima será peça-chave para os próximos movimentos dos produtores americanos. Até este momento, as condições observadas no Corn Belt têm sido favoráveis para o início efetivo do plantio da safra 2017/18. "Nos Estados Unidos, chuvas significantes generalizadas regaram quase todo o Cinturão Agrícola. Com a mistura de temperaturas amenas, o padrão beneficiou muito o solo para o começo do plantio norte-americano", informou o relatório da AgResource Brasil.
Clima x Área x Preços
Em Chicago, as cotações da soja, do milho e do trigo se colocam, nesta semana, em compasso de espera pelos novos números do USDA da sexta-feira, porém, os fundos já apostam menos nesses mercados neste momento de incertezas, como explicam os analistas e consultores.
"Esse relatório (de intenção de plantio) é altamente imprevisível. Os números de acres são os mais difíceis de se prever, especialmente em um ano como este, quando encontramos centenas de acres a menos de trigo, a soja avançando em um ritmo acelerado. Então, será um ano muito difícil de se compreender e muito agitado para quem negocia grãos", explica Joe Vaclavik, Fundador e Presidente da Standard Grain, Inc em um reporte da CME Group desta segunda-feira.
A atenção para estes números, sendo assim, deve ser redobrada. "Eles são o ponto inicial para o preenchimento das planilhas de balanço. É um ponto de partida, mas já é um começo. Há muitas incertezas ainda, como o clima, as condições do plantio, são os principais fatores neste início de ano", diz Vaclavik.
O pesquisador peruano Jorge Manrique Prieto, especialista em sensoriamento remoto por satélite, disse em uma entrevista concedida em Utah, nos Estados Unidos, que está se formando, no Pacífico Sul, uma gigantesca massa de água quente de 31ºC de temperatura, de milhares de quilômetros quadrados de extensão, que chegará à costa peruana no próximo mês de agosto.
As massas de 31ºC são descritas pelos especialistas americanos como um pico termodinâmico anormal, que dará lugar à geração de vapor de água a partir do Oceano Pacífico até quatro vezes mais do que o normal e a chuvas na costa continental do Pacífico.
Massas de 31ºC no Oceano Pacífico
Para sustentar sua advertência às autoridades, a fim de preparar o país para enfrentar este novo problema climático, Prieto apresentou um mapa de satélite internativo em seu site.
A previsão foi gerada pela National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA) com base na avaliação de 22 agências da própria NOAA e de 45 agências de diferentes países e também pela NASA. São duas massas de água quente: a primeira, pequena, de 27ºC, chega logo em abril e se prolongaria até julho. A segunda, maior, estaria chegando em agosto e se prolongaria até outubro.
Massas de 27ºC no Oceano Pacífico
As massas, de acordo com o especialista, são de origem vulcânica. Segundo ele, nas profundidades dos mares Bismark, Salomón e del Coral existem mini-vulcões submarinos que entram em erupção a cada certo tempo e esquentam as águas profundas a níveis anormais. Essas massas são conhecidas como ondas Kelvin. O Peru faz fronteira com a região Norte do Brasil. Fonte: Punto de Vista y Propuesta. Tradução: Izadora Pimenta. Por: Carla Mendes. Fonte: Notícias Agrícolas.
Fonte: Notícias Agrícolas
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