Este ano será o mais quente já registrado e 2016 poderá ser ainda mais quente devido ao fenômeno do El Niño, afirmou nesta quarta-feira a Organização Meteorológica Mundial (OMM), alertando que a falta de ação contra as mudanças climáticas poderá causar um aumento das temperaturas em 6 graus Celsius ou mais.
Contudo, as decisões que serão tomadas na cúpula de líderes mundiais em Paris, a partir de segunda-feira, podem fazer com que a temperatura global aumente apenas 2 graus Celsius na comparação com o período pré-industrial, uma meta estabelecida em 2010 para tentar evitar alterações climáticas perigosas.
"Sim, ainda é possível manter a meta de 2 graus, mas quanto mais esperarmos para fazer algo, mais difícil será," afirmou o diretor-geral da OMM, Michel Jarraud, em entrevista coletiva.
"Temos cenários demandando decisões muito fortes, muito rápidas e uma redução drástica dos gases de efeito estufa, e temos outros cenários do tipo 'deixe estar', nos quais atingimos previsões de um aquecimento adicional de 5, 6 graus, talvez até mais. Isso irá depender muito das decisões (em Paris)".
Temperaturas médias globais em 2015 poderão alcançar o que a agência chama de "marco simbólico e significativo" de 1 grau acima da era pré-industrial.
"Isso se deve a uma combinação de um forte El Niño e ao aquecimento global induzido pelo homem", afirmou a OMM em um comunicado.
Jarraud disse que o El Niño pode ser responsável por entre 16 e 20 por cento do aumento, e que as médias de mais longo prazo mostraram que as temperaturas estão subindo independentemente do El Niño ou de sua contrapartida, o La Niña, que induz a um resfriamento.
O El Niño, um fenômeno climático natural caracterizado pela elevação das temperaturas na superfície do Oceano Pacífico, causa eventos extremos com forte calor, secas e inundações em todo o mundo. Os meteorologistas acreditam que o pico do El Niño ocorrerá até janeiro de 2016 e que será um dos mais intensos da história.
Uma estimativa preliminar baseada em dados obtidos entre janeiro e outubro deste ano revelou que a média das temperaturas de superfície globais em 2015 ficou cerca de 0,73ºC acima da média entre 1961 e 1990, que foi de 14ºC, e cerca de 1ºC acima do período pré-industrial de 1880-1899, afirmou a OMM.