Inevitavelmente, as pessoas sempre olham para trás e tentam adivinhar o futuro. No entanto, o frio intenso do último inverno no Hemisfério Norte, e o nosso último verão quente, em nada representarão o inverno que logo mais começará no Hemisfério Sul. Estamos com um evento de El Niño e isso será o suficiente para mexer com as condições do nosso inverno. Essa situação é bem diferente do registrado, por exemplo, em 2010, 2011 e 2013, quando tivemos muitas massas polares avançando pelo centro-sul do Brasil. Nessas ocasiões, estávamos com a presença da La Niña, ou com um Pacífico Equatorial mais frio do que o normal. Nestes últimos dois anos, a situação é exatamente oposta: o ano passado foi com um Pacífico Equatorial ligeiramente mais quente do que a média e, neste ano, estamos em El Niño (Pacífico Equatorial mais quente do que a média). Desta forma, podemos imaginar que o inverno deste ano não seja tão rigoroso.
Sob o ponto de vista médio, a chuva continuará escassa na maior parte do Brasil, como é normal nesta época do ano. Por outro lado, a chuva que já é, em média, abundante no Sul do país, deve ser potencializada pelo fenômeno. De forma geral, faltará frio neste ano, como é normal em anos de El Niño. As exceções devem ficar por conta dos Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, onde a temperatura deve ficar perto da normalidade.
Julho deve ser frio no Sul, Sudeste e Centro-Oeste. E podemos ter até alguns eventos de frio no sul da Amazônia (friagem). Mas em agosto e em setembro, o frio mais intenso ficará restrito ao Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
JULHO – A maior parte das frentes frias ficam bloqueadas sobre o Sul do país e causam bastante chuva ao longo do mês no Rio Grande do Sul. O tempo fica seco na maior parte do Brasil, mas teremos dois eventos de chuva significativa no Centro-Oeste, no Sudeste e no sul da Amazônia, no início e no fim do mês. No Nordeste, só deve chover na faixa litorânea entre Bahia e Rio Grande do Norte.
AGOSTO – O tempo fica seco na maior parte do Brasil. As queimadas devem começar a se espalhar pelo país e teremos vários dias com umidade relativa do ar abaixo de 20% no Brasil Central. As frentes frias continuam bloqueadas pelo Sul e a atuação das massas polares será fraca, nesse mês, no centro-sul do Brasil. Deve chover acima da média no Sul.
SETEMBRO – A umidade começa a se espelhar sobre o Brasil durante a segunda quinzena de setembro e as primeiras pancadas de chuva retornam ao cerrado e ao Sudeste de forma geral. Isso é um indício de que podemos ter o retorno da estação chuvosa no momento certo, mas o volume de chuva ainda será insuficiente para reverter o quadro de estiagem nos reservatórios. A chuva persiste no Sul do país e a temperatura ainda fica baixa na Região. Já na maior parte do Brasil, um forte calor deve ser sentido.
Teremos pouco frio este ano. El Niño, ao longo do inverno, mantém o risco de chuva forte e volumosa sobre o sul do país. Devemos ter uma temporada seca e mais quente do que o normal, aumentando o risco de proliferação de queimadas no cerrado.
Fonte: Cultivar
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