15
abr
2021
Dia Nacional da Conservação do Solo

O agronegócio é a atividade econômica que mais tem contato e dependência direta do solo e seus benefícios. Os trabalhadores do campo estão adotando,cada vez mais as práticas conservacionistas por perceberem os benefícios, que vão desde o aumento na fertilidade e valorização da propriedade agrícola até a redução na necessidade de mão de obra.  

O solo, assim como a água, são bens naturais preciosos e constituem um patrimônio de valor para a sobrevivência da humanidade. Ambos são recursos finitos e deterioráveis se inadequadamente utilizados. No caso mais específico dos solos, um dos fatores que mais ameaçam a sua integridade e preservação é a erosão. Existem vários tipos de erosão, mas a mais preocupante é erosão hídrica, provocada pelas chuvas torrenciais e enxurradas, podendo resultar em grandes perdas de solo e de sua capacidade produtiva. 

Para seguir esses ideais e obter sucesso na conservação do solo, é necessário que o agricultor adote práticas eficazes e conscientes no dia a dia do campo, além de identificar o tipo de solo em que trabalha, e entender que tais métodos apresentam resultados a longo prazo. Sendo assim, é importante conhecer e aplicar técnicas como a rotação de cultura e o plantio direto, para que o uso incorreto do solo não comprometa o desenvolvimento agrícola e o amplo conjunto de funções do solo para o meio ambiente.

Entenda:
Uso de adubação orgânica: o uso de adubação orgânica resulta em benefícios como:

-Aumento da CTC: a matéria orgânica possui uma área superficial específica maior do que das argilas, permitindo uma maior capacidade de troca de cátions, aumentando a fertilidade.
-Agregação do solo: a matéria orgânica atua como agente condicionador das partículas de solo, formando agregados bastante estáveis. Além disso, a maior retenção de água da matéria orgânica resulta em menor erosão hídrica.
-Temperatura: a matéria orgânica diminui as oscilações de calor
-Liberação de nutrientes.
-Fixação de fósforo: a matéria orgânica diminui a fixação de fósforo no solo, aumentando a disponibilidade deste nutriente para as plantas.-Microorganismos: a maioria dos microorganismos associados à matéria orgânica é benéfica às plantas, exercendo importantes funções no solo que influenciam na produtividade das plantas.

-Plantio em nível: o plantio nível consiste em fazer as linhas de cultivo seguindo as linhas de curva de nível, de modo que o fluxo de água seja sempre perpendicular as linhas da cultura devido à ação da gravidade. Desta forma, as culturas servem como uma barreira física ao fluxo de água, diminuindo assim a erosão hídrica.

Sistemas de plantio: é importante entender que os sistemas de plantio são complexos, sendo necessário um bom planejamento para que não ocorram problemas com os mesmos.
direto: o sistema plantio direto é feito através do revolvimento mínimo do solo, manutenção da cobertura vegetal morta e rotação (rotação, sucessão e/ou consórcio) de culturas. O sistema tem como vantagens a redução de operações de preparo do solo, diminuição da erosão devido à cobertura vegetal, diminuição de plantas daninhas e aumento da matéria orgânica aportada no solo, que provém da cobertura verde. Além disso, a palhada (cobertura vegetal morta) favorece os ciclos biológicos e a infiltração de água no solo, e reduz a incidência solar no solo, reduzindo a decomposição da matéria orgânica.. 

Sistema agro-floresta: trata-se de um sistema complexo, onde cultivamos, de maneira consorciada, espécies perenes e semi-perenes com espécies de importância agronômica. A própria diversidade vegetal faz com que diferentes nutrientes sejam reciclados dentro deste sistema, além de servirem como uma barreira para plantas indesejadas, diminuindo o espaço destas. As diferentes espécies terão sistemas radiculares que irão melhorar o solo em diferentes níveis de profundidade. Além disso, o sistema atrai espécies polinizadoras ou que contribuam com o manejo orgânico.

Devido à intensa cobertura vegetal neste sistema, a erosão hídrica e eólica são bastante minimizadas quando comparadas à sistemas convencionais, e além disso, a menor incidência de luz solar no solo reduz a velocidade de decomposição da matéria orgânica.

Plantas de cobertura / rotação de culturas: as plantas de cobertura cobrem, protegem e melhoram o solo, reciclam nutrientes, quebram o ciclo de proliferação de inóculos de patógenos e diminuem o espaço para desenvolvimento de plantas daninhas. 

Ao atuar como um obstáculo entre o solo descoberto e a chuva, as plantas de cobertura evitam que o impacto da gota de chuva atue como agente erosivo de solo, evitando o desagregamento e transporte de partículas do solo. Além disso, as plantas de cobertura atuam também como uma barreira para a erosão causada pelo vento, e diminuem a incidência de luz solar no solo, reduzindo a decomposição da matéria orgânica.. 

Quanto ao sistema radicular, suas raízes ao penetrarem no solo, fazem galerias que servem para a infiltração de água, além de transportar nutrientes no perfil vertical do solo e realizar a reciclagem dos mesmos, diminuindo a necessidade de fertilizantes. 

Quanto à fitossanidade, as plantas usadas para cobertura ou em rotação de culturas, podem quebrar o ciclo de vida de patógenos, desde que estas não sejam hospedeiras dos mesmos, além de tornar o solo menos suscetível por estar menos descoberto. O mesmo serve para a invasão de plantas daninhas, estas tem menor espaço para desenvolvimento quando temos a presença de plantas de cobertura ou cultivo consorciado.

As espécies utilizadas como plantas de cobertura devem ter: 
- Alta produção de biomassa; 
- Boa competitividade com plantas daninhas 
- Baixa exigência nutricional 
- Seu ciclo não deve interferir no ciclo da cultura principal e quando possível, realizar a fixação de nitrogênio atmosférico, diminuindo consideravelmente ou até eliminando os gastos com adubação nitrogenada
- Possibilidade de comércio / alimentação humana ou animal
- Facilidade de manejo
- Não ser hospedeira de pragas e moléstias comuns ao cultivo comercial

Na rotação de culturas, os benefícios são semelhantes às plantas de cobertura. Na mesma área são intercalados diferentes tipos de cultivo, de forma que ocorra variação da profundidade de raízes, dos nutrientes reciclados e da microfauna do solo.

Estruturas de conservação:

Terraços: atuam como um obstáculo ao escoamento superficial, reduzindo a velocidade da água, favorecendo a infiltração e diminuindo as perdas por erosão. O dimensionamento dos terraços depende da maior ou menor resistência do solo à erosão, declividade, forma de manejo de solo e das culturas.

Patamar: transformação da declividade em escadas, de forma a reduzir o fluxo de água superficial e consequentemente a erosão. É realizado em locais muito declivosos e de alto valor econômico.
cordão de vegetação permanente: são faixas estreitas, cultivadas em nível, com espécies densas, perenes ou de ciclo longo e com raíz abundante, como por exemplo cana-de-açúcar ou erva-cidreira.

Estas espécies devem crescer rápido e ter boa durabilidade, e não ser espécies invasoras em áreas adjacentes, além de não ser hospedeiras de pragas e moléstias. Estes cordões de vegetação atuam reduzindo o fluxo superficial de águas pluviais, reduzindo a erosão, além de reciclarem nutrientes em profundidade e melhorar a estabilidade de agregados do solo através de raízes.

Cultivo em faixas: alterna-se a cada ano, faixas com plantas que oferecem pouca proteção ao solo, com faixas plantadas com culturas mais densas, que oferecem maior proteção com culturas mais densas. As faixas devem ser orientadas no sentido das curvas de nível.

Fonte: Agrolink

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