A decisão do governo de isentar a Tarifa Externa Comum (TEC) para a importação de trigo de fora do Mercosul deve trazer prejuízos expressivos para o setor produtivo. A retirada do imposto de 10%, autorizada pela Câmara de Comércio Exterior (Camex), vai vigorar até 15 de agosto para um volume de um milhão de toneladas.
Na análise do consultor de mercado Carlos Cogo, da Carlos Cogo Consultoria Agroeconômica, a medida Vai colaborar muito para uma redução de área na próxima safra (2015/2016), que será plantada no primeiro semestre do ano que vem. "O governo, de um lado, pela Agricultura, sinaliza que quer estimular o trigo e, de outro, pela Fazenda, dá sinais claros que vale tudo para controlar a inflação, até mesmo ajudar a derrubar os preços de um produto agrícola às vésperas de uma colheita histórica".
Cogo salienta que o mercado não está desabastecido e que os preços já vinham caindo no mercado interno, desde que começou a se desenhar uma projeção de colheita recorde no Brasil, associada ao aumento de 19% da área plantada na Argentina, principal supridor externo do Brasil, e a tendência de queda dos preços globais do grão.
O analista lembra que o produto adquirido de outros países deve chegar ao Brasil na época de colheita da safra nacional de trigo e a indústria já vai estar abastecida com cereal importado. Isso poderá provocar falta de liquidez no mercado interno e deverá interferir negativamente nos preços pagos ao triticultor brasileiro. "Os produtores do Rio Grande do Sul acabarão por ter margem zero de lucro", estima.
Para Cogo, o mais importante é manter a TEC de 10% sobre as importações de trigo, especialmente no período da colheita e da comercialização da safra, que, no Brasil, se concentra de agosto a março. O Rio Grande do Sul ainda tem mais de 650 mil toneladas de trigo em estoque e agora pode ficar sem mercado para o produto.
Fonte: Cultivar
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