15
jul
2013
Cotações subiram fortemente - Análise semanal do mercado de soja
Comentários referentes ao período entre 05/07/2013 a 11/07/2013
Prof. Dr. Argemiro Luís Brum ¹
Prof. Ms. Emerson Juliano Lucca²
As cotações da soja subiram fortemente para o primeiro mês cotado (julho), que está saindo do pregão a partir do dia 15/07. No dia 09/07 o mesmo chegou a bater em US$ 16,13/bushel, algo que não era visto há meses. Isso se deve especialmente a ajustes técnicos em função de tal saída. Enquanto isso, os meses futuros oscilaram bastante, recuando para US$ 12,28/bushel no dia 05/07 e, posteriormente, subindo para US$ 12,84/bushel no dia 10/07, véspera do relatório de oferta e demanda do USDA. Após o relatório, o fechamento desta quinta-feira (11/07) foi contraditório ao teor baixista do relatório, com o primeiro mês ficando em US$ 16,01/bushel, sendo que o mês de novembro registrou US$ 12,90/bushel. Com isso, a diferença entre os dois meses ficou em US$ 3,11/bushel.
Na prática, o relatório de oferta e demanda do USDA indicou o seguinte:
1) confirmação de uma área semeada com soja nos EUA em 31,44 milhões de hectares (0,65% acima da registrada no ano anterior);
2) produtividade média de 2.992 quilos/hectare (12,4% acima do ano anterior);
3) produção final nos EUA, em 2013/14, de 93,1 milhões de toneladas (13,4% acima da registrada no ano anterior);
4) estoques finais para 2013/14 em 8,03 milhões de toneladas;
5) estoques finais em 2012/13 reduzidos para 3,4 milhões de toneladas;
6) mantido o patamar médio de preços para os produtores estadunidenses em 2013/14 entre US$ 9,75 e US$ 11,75/bushel;
7) produção mundial em 285,9 milhões de toneladas em 2013/14 (6,7% acima do registrado no ano anterior);
8) estoques finais mundiais em 2013/14 de 74,1 milhões de toneladas (20,4% superiores aos do ano anterior);
9) produção brasileira e argentina em 85 e 53,5 milhões de toneladas respectivamente;
10) produção e importação de soja pela China em 2013/14 estimadas em 12,5 e 69 milhões de toneladas respectivamente.
O mercado esperava um estoque final nos EUA, para 2013/14, em 7,35 milhões de toneladas e uma redução para 3,29 milhões nos estoques de 2012/13.
Afora isso, outro destaque da semana continuou sendo a baixa oferta de soja nos EUA, fato que tem pressionado para cima as primeiras cotações em Chicago, já que os estoques finais naquele país, para o ano 2012/13 estão quase zerados. Soma-se a isso a tradicional especulação climática que ocorre nesta época, embora não haja nada de anormal no clima estadunidense, pelo menos até o momento.
No geral, a tendência continua sendo de cotações bem mais baixas quando da colheita dos EUA (outubro/novembro), falando-se agora em supersafra diante de uma área semeada maior e de clima favorável.
Nesse sentido, até o dia 07/07 as condições das lavouras de soja nos EUA indicavam 67% entre boas a excelentes; 26% regulares; e apenas 7% entre ruins a muito ruins.
Paralelamente, as exportações líquidas dos EUA, correspondentes ao ano comercial 2012/13, iniciado em 1º de setembro de 2012, ficaram em 120.600 toneladas na semana encerrada em 27/06. O México foi o principal comprador com 39.900 toneladas. Para o ano 2013/14 as vendas somaram 249.100 toneladas na mesma semana, contra 451.100 toneladas na semana anterior. Por sua vez, as inspeções de exportação estadunidenses de soja, na semana encerrada em 04/07, somaram 6.708 toneladas apenas no ano 2012/13. Na semana anterior o volume havia sido de 12.015 toneladas e, no ano passado na mesma época 522.106 toneladas. No acumulado do ano comercial, iniciado em 1º de setembro, 35,07 milhões de toneladas, contra 33,64 milhões em igual momento do ano anterior. (cf. Safras & Mercado)
Enquanto isso, a China anunciou importações de 6,9 milhões de toneladas de soja em grão em junho, com aumento de 23% sobre o mesmo mês do ano anterior. Este teria sido o maior volume mensal importado pelo país, superando em 36% o comprado em maio passado. No acumulado do ano os chineses importaram 27,5 milhões de toneladas, com uma redução de 5,4% sobre o mesmo período do ano anterior. (cf. Safras & Mercado)
Já na Argentina, o Ministério da Agricultura local continua informando que a safra final de soja 2012/13 ficou em 50,2 milhões de toneladas, sendo que até este início de julho os produtores locais haviam comercializado 48% da mesma, contra 70% no mesmo período do ano anterior.
A semana terminou com os prêmios nos portos brasileiros melhorando, ao passarem para valores entre menos 5 centavos a mais 40 centavos de dólar por bushel. Vale salientar que Rio Grande deu um salto favorável para valores entre 30 e 40 centavos por bushel. Enquanto isso, no Golfo do México (EUA), os prêmios oscilaram positivamente entre 60 e 75 centavos de dólar e na Argentina (Rosário) tivemos valores entre 20 e 40 centavos.
No Brasil, os preços se mantiveram relativamente estáveis, porém, em patamares elevados, sustentados pelas primeiras posições em Chicago e por um câmbio que voltou a desvalorizar o Real, com o mesmo trabalhando o dia 10/07 em R$ 2,27. Assim, o balcão gaúcho fechou na média de R$ 64,35/saco, enquanto os lotes oscilaram entre R$ 69,50 e R$ 70,00/saco. Nas demais praças nacionais, os lotes oscilaram entre R$ 57,50/saco em Sapezal (MT) e R$ 66,50/saco em Cascavel e Pato Branco, no Paraná. A reversão deste comportamento se dará a partir da mudança de rumo de Chicago, previsto para setembro/outubro, em função da colheita nos EUA, se ela vier cheia. Assim, caso o bushel recuar para US$ 12,00 (e os sinais são constantes para esse comportamento) e o câmbio permanecer ao redor de R$ 2,25, os preços do saco de soja no balcão gaúcho tendem a recuar para R$ 53,00 no momento de nossa colheita, obviamente dependendo do volume final que colheremos. Por outro lado, caso o governo consiga trazer o câmbio para patamares ao redor de R$ 2,05 (é o desejo), os valores da soja gaúcha viriam para R$ 48,50/saco pelos dados existentes na atualidade.
Por enquanto, os preços futuros continuam excelentes, indicando os seguintes valores, conforme as diferentes praças nacionais: no Paraná, porto de Paranaguá, US$ 27,30/saco (R$ 61,70/saco ao câmbio de sexta-feira), para março/14, contra R$ 71,00/saco no disponível atualmente; no Rio Grande do Sul, para maio/14, compra a R$ 61,00 contra R$ 70,00 no disponível; no Mato Grosso, para fevereiro/14, R$ 52,50/saco em Rondonópolis, contra R$ 61,50/saco no disponível; no Mato Grosso do Sul, Dourados apontou R$ 50,00/saco para março/14, contra R$ 60,00 no disponível; em Goiás US$ 23,20/saco (R$ 52,50/saco ao câmbio de sexta-feira) para fevereiro/14; o Triângulo Mineiro aponta valores de R$ 55,00/saco na compra, para março/14; na Bahia, a compra para maio/14 ficou em R$ 52,50, no Maranhão em R$ 53,00, no Piauí R$ 56,00, e em Tocantins valor de R$ 51,70/saco. Enfim, na BMF/Bovespa, o mês de agosto/13 fechou a semana em US$ 31,93/saco, enquanto novembro registrou US$ 28,59/saco. (cf. Safras & Mercado)
¹Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
²Professor, Economista, Mestre em Desenvolvimento, Analista e responsável técnico pelo Laboratório de Economia Aplicada e CEEMA vinculado ao DACEC/UNIJUÍ.
Prof. Dr. Argemiro Luís Brum ¹
Prof. Ms. Emerson Juliano Lucca²
As cotações da soja subiram fortemente para o primeiro mês cotado (julho), que está saindo do pregão a partir do dia 15/07. No dia 09/07 o mesmo chegou a bater em US$ 16,13/bushel, algo que não era visto há meses. Isso se deve especialmente a ajustes técnicos em função de tal saída. Enquanto isso, os meses futuros oscilaram bastante, recuando para US$ 12,28/bushel no dia 05/07 e, posteriormente, subindo para US$ 12,84/bushel no dia 10/07, véspera do relatório de oferta e demanda do USDA. Após o relatório, o fechamento desta quinta-feira (11/07) foi contraditório ao teor baixista do relatório, com o primeiro mês ficando em US$ 16,01/bushel, sendo que o mês de novembro registrou US$ 12,90/bushel. Com isso, a diferença entre os dois meses ficou em US$ 3,11/bushel.
Na prática, o relatório de oferta e demanda do USDA indicou o seguinte:
1) confirmação de uma área semeada com soja nos EUA em 31,44 milhões de hectares (0,65% acima da registrada no ano anterior);
2) produtividade média de 2.992 quilos/hectare (12,4% acima do ano anterior);
3) produção final nos EUA, em 2013/14, de 93,1 milhões de toneladas (13,4% acima da registrada no ano anterior);
4) estoques finais para 2013/14 em 8,03 milhões de toneladas;
5) estoques finais em 2012/13 reduzidos para 3,4 milhões de toneladas;
6) mantido o patamar médio de preços para os produtores estadunidenses em 2013/14 entre US$ 9,75 e US$ 11,75/bushel;
7) produção mundial em 285,9 milhões de toneladas em 2013/14 (6,7% acima do registrado no ano anterior);
8) estoques finais mundiais em 2013/14 de 74,1 milhões de toneladas (20,4% superiores aos do ano anterior);
9) produção brasileira e argentina em 85 e 53,5 milhões de toneladas respectivamente;
10) produção e importação de soja pela China em 2013/14 estimadas em 12,5 e 69 milhões de toneladas respectivamente.
O mercado esperava um estoque final nos EUA, para 2013/14, em 7,35 milhões de toneladas e uma redução para 3,29 milhões nos estoques de 2012/13.
Afora isso, outro destaque da semana continuou sendo a baixa oferta de soja nos EUA, fato que tem pressionado para cima as primeiras cotações em Chicago, já que os estoques finais naquele país, para o ano 2012/13 estão quase zerados. Soma-se a isso a tradicional especulação climática que ocorre nesta época, embora não haja nada de anormal no clima estadunidense, pelo menos até o momento.
No geral, a tendência continua sendo de cotações bem mais baixas quando da colheita dos EUA (outubro/novembro), falando-se agora em supersafra diante de uma área semeada maior e de clima favorável.
Nesse sentido, até o dia 07/07 as condições das lavouras de soja nos EUA indicavam 67% entre boas a excelentes; 26% regulares; e apenas 7% entre ruins a muito ruins.
Paralelamente, as exportações líquidas dos EUA, correspondentes ao ano comercial 2012/13, iniciado em 1º de setembro de 2012, ficaram em 120.600 toneladas na semana encerrada em 27/06. O México foi o principal comprador com 39.900 toneladas. Para o ano 2013/14 as vendas somaram 249.100 toneladas na mesma semana, contra 451.100 toneladas na semana anterior. Por sua vez, as inspeções de exportação estadunidenses de soja, na semana encerrada em 04/07, somaram 6.708 toneladas apenas no ano 2012/13. Na semana anterior o volume havia sido de 12.015 toneladas e, no ano passado na mesma época 522.106 toneladas. No acumulado do ano comercial, iniciado em 1º de setembro, 35,07 milhões de toneladas, contra 33,64 milhões em igual momento do ano anterior. (cf. Safras & Mercado)
Enquanto isso, a China anunciou importações de 6,9 milhões de toneladas de soja em grão em junho, com aumento de 23% sobre o mesmo mês do ano anterior. Este teria sido o maior volume mensal importado pelo país, superando em 36% o comprado em maio passado. No acumulado do ano os chineses importaram 27,5 milhões de toneladas, com uma redução de 5,4% sobre o mesmo período do ano anterior. (cf. Safras & Mercado)
Já na Argentina, o Ministério da Agricultura local continua informando que a safra final de soja 2012/13 ficou em 50,2 milhões de toneladas, sendo que até este início de julho os produtores locais haviam comercializado 48% da mesma, contra 70% no mesmo período do ano anterior.
A semana terminou com os prêmios nos portos brasileiros melhorando, ao passarem para valores entre menos 5 centavos a mais 40 centavos de dólar por bushel. Vale salientar que Rio Grande deu um salto favorável para valores entre 30 e 40 centavos por bushel. Enquanto isso, no Golfo do México (EUA), os prêmios oscilaram positivamente entre 60 e 75 centavos de dólar e na Argentina (Rosário) tivemos valores entre 20 e 40 centavos.
No Brasil, os preços se mantiveram relativamente estáveis, porém, em patamares elevados, sustentados pelas primeiras posições em Chicago e por um câmbio que voltou a desvalorizar o Real, com o mesmo trabalhando o dia 10/07 em R$ 2,27. Assim, o balcão gaúcho fechou na média de R$ 64,35/saco, enquanto os lotes oscilaram entre R$ 69,50 e R$ 70,00/saco. Nas demais praças nacionais, os lotes oscilaram entre R$ 57,50/saco em Sapezal (MT) e R$ 66,50/saco em Cascavel e Pato Branco, no Paraná. A reversão deste comportamento se dará a partir da mudança de rumo de Chicago, previsto para setembro/outubro, em função da colheita nos EUA, se ela vier cheia. Assim, caso o bushel recuar para US$ 12,00 (e os sinais são constantes para esse comportamento) e o câmbio permanecer ao redor de R$ 2,25, os preços do saco de soja no balcão gaúcho tendem a recuar para R$ 53,00 no momento de nossa colheita, obviamente dependendo do volume final que colheremos. Por outro lado, caso o governo consiga trazer o câmbio para patamares ao redor de R$ 2,05 (é o desejo), os valores da soja gaúcha viriam para R$ 48,50/saco pelos dados existentes na atualidade.
Por enquanto, os preços futuros continuam excelentes, indicando os seguintes valores, conforme as diferentes praças nacionais: no Paraná, porto de Paranaguá, US$ 27,30/saco (R$ 61,70/saco ao câmbio de sexta-feira), para março/14, contra R$ 71,00/saco no disponível atualmente; no Rio Grande do Sul, para maio/14, compra a R$ 61,00 contra R$ 70,00 no disponível; no Mato Grosso, para fevereiro/14, R$ 52,50/saco em Rondonópolis, contra R$ 61,50/saco no disponível; no Mato Grosso do Sul, Dourados apontou R$ 50,00/saco para março/14, contra R$ 60,00 no disponível; em Goiás US$ 23,20/saco (R$ 52,50/saco ao câmbio de sexta-feira) para fevereiro/14; o Triângulo Mineiro aponta valores de R$ 55,00/saco na compra, para março/14; na Bahia, a compra para maio/14 ficou em R$ 52,50, no Maranhão em R$ 53,00, no Piauí R$ 56,00, e em Tocantins valor de R$ 51,70/saco. Enfim, na BMF/Bovespa, o mês de agosto/13 fechou a semana em US$ 31,93/saco, enquanto novembro registrou US$ 28,59/saco. (cf. Safras & Mercado)
¹Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
²Professor, Economista, Mestre em Desenvolvimento, Analista e responsável técnico pelo Laboratório de Economia Aplicada e CEEMA vinculado ao DACEC/UNIJUÍ.
Fonte: Agrolink com informações de assessoria