As cotações do trigo em Chicago, após atingirem a US$ 4,38/bushel durante esta semana, recuaram um pouco e fecharam a quinta-feira (1º de junho) em US$ 4,29. A média de maio ficou igualmente em US$ 4,29/bushel, contra US$ 4,20 em abril.
O mercado internacional iniciou a semana sustentado em Chicago em função de compras realizadas pelos fundos e especuladores, os quais buscaram cobrir posições vendidas. Todavia, o movimento acabou não se mantendo devido ao recuo nos preços do petróleo e da soja em particular. Isso levou a um movimento de venda para a realização de lucros. Além disso, as inspeções de exportação de trigo por parte dos EUA ficaram dentro da média e não causaram efeitos sobre as cotações.
Para completar o quadro, apesar de certa piora na qualidade das lavouras estadunidenses, o fato do Egito ter recusado oferta de trigo dos EUA, em licitação internacional, pesou sobre as cotações em Chicago (cf. Safras & Mercado). No Mercosul, a tonelada FOB para exportação se manteve entre US$ 175,00 e US$ 190,00.
No Brasil, os preços voltaram a melhorar um pouco. A média gaúcha no balcão fechou maio em R$ 29,83/saco, enquanto os lotes subiram para R$ 34,80/saco. No ano passado, nesta mesma época, o balcão gaúcho pagava R$ 39,02, indicando que ainda há uma defasagem de quase R$ 10,00/saco nos atuais preços recebidos pelos produtores gaúchos neste ano. Em termos de lotes, a diferença para menos é de R$ 15,00/saco no período.
Já no Paraná, a defasagem nos preços dos lotes, em relação ao início de junho de 2016, é de R$ 14,40 a R$ 15,00/saco. Atualmente, no Paraná, os lotes estão cotados entre R$ 38,40 e R$ 39,00/saco, enquanto no balcão a média paranaense e catarinense fica em R$ 31,50 e R$ 34,00/saco respectivamente. Esse quadro confirma a tendência desenhada nos comentários passados.
Os fatores desta recuperação são os mesmos: desvalorização do Real, devido à crise política nacional; um produto importado mais caro devido a esta desvalorização; menos oferta junto aos países do Mercosul nossos fornecedores de trigo; e pouca disponibilidade de trigo nacional devido a vendas avançadas neste período do ano.
Além disso, muitos produtores que ainda possuem o cereal, se mostram retraídos esperando melhorias ainda maiores nos preços. Acalma um pouco a pressão altista o fato de os moinhos nacionais estarem estocados até o final de junho.
Pelo lado do plantio da nova safra nacional, apesar das chuvas o Paraná atingiu a 70% da área esperada neste final de maio. Ao mesmo tempo, o Rio Grande do Sul estacionou em 3% porque o excesso e a constância das chuvas nos últimos 10 dias de maio impediram a entrada nas lavouras para a semeadura. Na Argentina, o plantio chegava a 6% de uma área total estimada em 5,5 milhões de hectares.
Neste contexto, mesmo que o câmbio estacione ao redor de R$ 3,25 por dólar o mercado espera maior firmeza nos preços internos a partir de agora devido a falta de disponibilidade de trigo nacional. No Paraná cerca de 93% da safra anterior já teria sido comercializada, enquanto no Rio Grande do Sul tal número superaria os 85%. Todavia, ainda existem volumes importantes para chegar ao país oriundos de importações da Argentina (cf. Safras & Mercado).
Assim, daqui em diante, espera-se um mercado mais interessante para os produtores que ainda possuem trigo estocado, embora nada indique que os valores da safra anterior venham a ser atingidos. Muita coisa, na verdade, passa a depender do comportamento cambial no Brasil a partir de agora, o qual depende dos desdobramentos da nova crise política nacional.
Dito isso, não se pode ignorar que o clima atual não está contribuindo para a nova safra de trigo, especialmente no Rio Grande do Sul. Neste sentido, a produtividade média esperada é de 51,5 sacos/hectare, o que está sendo considerada baixa em relação aos últimos padrões estaduais. Diante dos baixos preços de mercado os produtores reduziram o uso de tecnologia, fato que agora tende a pesar ainda mais diante de um clima, por enquanto, ruim para o cereal.
Fonte: CEEMA / UNIJUI
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