As cotações do trigo em Chicago acabaram despencando igualmente no final desta semana, após o anúncio do relatório de oferta e demanda do USDA. O bushel do cereal fechou a quinta-feira (13) em US$ 4,95, contra US$ 5,35 dois dias antes e US$ 5,19 uma semana antes.
O relatório do dia 12/07 acabou indicando uma safra estadunidense de 47,9 milhões de toneladas e estoques finais para 2017/2018 em 25,5 milhões. Diante dos problemas climáticos existentes nas Planícies produtoras dos EUA, o mercado esperava volumes menores do que estes. Com isso, o patamar médio de preços do trigo aos produtores dos EUA ficou entre US$ 4,40 e US$ 5,20/bushel.
O mesmo é melhor do que os registrados nos meses anteriores, porém, abaixo das expectativas do mercado. Em termos mundiais, a safra de trigo deverá consolidar um volume de 737,8 milhões de toneladas, com pequena redução em relação a junho, enquanto os estoques finais para 2017/18 estão, agora, projetados em 260,6 milhões de toneladas. A produção e exportação da Argentina estão calculadas em 17,5 e 11,5 milhões de toneladas, enquanto a produção brasileira ficaria em 5,6 milhões e as importações em 7 milhões de toneladas.
Dito isso, até o dia 09/07 as condições das lavouras estadunidenses estavam com 35% entre boas a excelentes, 26% regulares e 39% entre ruins a muito ruins, tendo piorado em relação a semana anterior. Por sua vez, no Mercosul a tonelada FOB para exportação oscilou entre US$ 180,00 e US$ 210,00.
Já no Brasil, o mercado do trigo seguiu com pouco volume de negócios. Com a possibilidade de os preços internos melhorarem, na esteira das altas em Chicago, os produtores brasileiros recuaram no início da semana. Ao mesmo tempo, os compradores não possuem necessidade de compras imediatas.
Antes do forte recuo em Chicago, pós-relatório de oferta e demanda do USDA deste dia 12/07, pela paridade de importação, um moinho paulista pagaria o trigo duro dos EUA a US$ 278,00/tonelada FOB Golfo do México. O mesmo chegaria no moinho a US$ 390,00/tonelada. Já o produto argentino, partindo de US$ 200,00 FOB porto argentino, chegaria posto moinho paulista a US$ 285,00/tonelada. Essa alta diferença tenderia a ser corrigida, com o preço argentino subindo. Porém, o forte recuo em Chicago neste final de semana pode atrapalhar o movimento caso ele perdure.
Dito isso, os preços do trigo nacional se mantiveram firmes, com o saco de 60 quilos, no balcão gaúcho, batendo em R$ 32,04 na média semanal. Os lotes oscilaram entre R$ 38,40 e R$ 39,00/saco, enquanto no Paraná os mesmos ficaram em R$ 42,00/saco em termos médios. Em relação ao mês de junho os ganhos médios no Paraná são de 7,7% e no Rio Grande do Sul de 7,5%.
Por outro lado, as importações continuam. No acumulado dos 11 meses do atual ano comercial 2016/17 foram importadas 6,58 milhões de toneladas de trigo, sendo este o maior volume da história nacional para o período. A principal origem é a Argentina com 4,2 milhões de toneladas, seguida pelos Estados Unidos com 1,2 milhão de toneladas, Paraguai com 693.000 toneladas e Uruguai com 307.500 toneladas (cf. Safras & Mercado).
O forte recuo em Chicago no final de semana, acompanhado de forte valorização do Real, freou ainda mais o mercado. Mesmo com redução na produção dos EUA para este próximo ano, os estoques mundiais são elevados e não permitem, por enquanto, longas disparadas de preços. Ou seja, por enquanto, as oscilações são pontuais no cenário internacional. E se o câmbio no Brasil voltar a se situar abaixo de R$ 3,20 ficará difícil aumentos mais expressivos nos preços internos, apesar da melhoria já observada nas últimas semanas. Afinal, já existe pouco trigo disponível no mercado brasileiro e mesmo do Mercosul. A questão agora passa a ser a próxima colheita que, por aqui, se inicia em setembro via o Paraná.
Fonte: CEEMA / UNIJUI
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