As cotações da soja em Chicago, após terem fechado a semana passada no mais baixo nível desde abril de 2016 (US$ 9,12/bushel), se recuperaram nesta semana, com o fechamento desta quinta-feira (08) ficando em US$ 9,38/bushel para o primeiro mês cotado. Esta melhoria se deve ao reposicionamento do mercado na expectativa do relatório de oferta e demanda que seria divulgado no dia 09/06 (o mesmo será amplamente analisado em nosso próximo boletim).
Além disso, informações contraditórias em relação ao clima nos EUA ajudaram a estabelecer um movimento especulativo desencontrado. No início da semana, a previsão de clima mais seco nas regiões produtoras foi vista como benéfica para o desenvolvimento do plantio e das lavouras já semeadas. No final da semana, ao contrário, a ideia de um clima mais seco trouxe a preocupação quanto a problemas no desenvolvimento das plantas. Ora, com o excesso de umidade existente nas regiões produtoras estadunidenses, um clima mais seco tende a favorecer o desenvolvimento do que já foi semeado e acelerar o plantio das áreas restantes, o que oferece um potencial baixista para Chicago nas semanas vindouras.
O recuo do dólar, por sua vez, contribuiu para valorizar um pouco a soja, assim como as exportações líquidas de soja para 2016/2017, por parte dos EUA. As mesmas, na semana encerrada em 25/05, registraram 610.200 toneladas, ficando 66% acima da média das quatro semanas anteriores. Já as inspeções de exportação chegaram a 277.298 toneladas na semana encerrada em 1º de junho, acumulando um total de 51,08 milhões de toneladas no atual ano comercial, contra 43,67 milhões em igual momento do ano anterior. Apesar destes pontos positivos, o cenário geral continua baixista diante da enorme oferta mundial da oleaginosa.
Ajuda a arrefecer o movimento altista o fato de que o plantio avança normalmente nos EUA. Até o dia 4 de junho ele atingia a 83% da área esperada, contra a média histórica de 79% para o início de junho, mostrando que o mesmo recuperou o pequeno atraso da semana anterior.
Para futura comparação, o mercado espera que o relatório deste dia 09/06 aponte uma projeção de safra estadunidense de soja em 115,1 milhões de toneladas, reduzindo um pouco o volume indicado em maio. Os estoques finais nos EUA, para 2016/17, devem se estabelecer em 11,76 milhões de toneladas, enquanto para 2017/2018 espera-se um volume de 13,55 milhões de toneladas, contra 13,06 milhões apontadas em maio. Para os estoques mundiais o relatório é esperado em 91 milhões de toneladas para 2016/17 e 89,5 milhões para 2017/2018.
Por sua vez, na Argentina a atual safra chegava a 86% da área colhida no início de junho, com o volume final sendo estimado entre 57,5 a 58 milhões de toneladas. Aqui no Brasil, a Secex indicou que o país exportou, em maio passado, um total de 10,96 milhões de toneladas de soja, ou seja, um aumento de 10% sobre igual mês do ano passado. Por outro lado, para junho, analistas privados alertam que as vendas externas de soja tendem a recuar 2 milhões de toneladas sobre junho de 2016, ficando entre 5,7 e 6 milhões de toneladas. Esse recuo se deve à menor demanda chinesa no momento.
Aliás, o recuo nas compras chinesas começa a preocupar o mercado em geral já que o mundo está saturado de soja neste e a China se encontra bem estocada. Além disso, a Ásia em geral assiste a um enfraquecimento do mercado de proteínas animais, fato que reduz a demanda por rações e, por consequência, de farelo de soja. Isso freia o processamento do grão de soja e mesmo suas compras. Enfim, o mercado mundial sabe que o produtor brasileiro está com muita soja estocada, produto este que poderá entrar no mercado no segundo semestre, segurando qualquer reação de preços internacionais, especialmente se a safra dos EUA vier normal a partir do final de setembro.
Dito isso, a desvalorização do Real em parte da semana, com o mesmo se aproximando novamente de R$ 3,30, provocou alguns momentos de alta de preços internos no Brasil. Todavia, na média, os preços pouco se alteraram em relação a semana anterior. Na quinta-feira (08) o dólar era cotado a R$ 3,28 no meio do pregão da tarde. Nesse contexto, a média gaúcha no balcão fechou a semana em R$ 58,74/saco, perdendo um pouco mais de fôlego, enquanto os lotes fecharam entre R$ 64,50 e R$ 65,00/saco, ganhando espaço sobre a semana anterior. Nas demais praças nacionais os lotes giraram entre R$ 53,00/saco em Diamantino (MT) e R$ 65,00/saco em Campos Novos (SC), passando por R$ 64,50 em Pato Branco (PR), R$ 59,00 em Pedro Afonso (TO) e R$ 60,00/saco em Uruçuí (PI).
Em termos de comercialização, no Brasil a atual safra já teria sido negociada em 58% do total até 05/06, contra 74% na média histórica nesta época do ano. No Rio Grande do Sul as vendas atingiam a 38%, contra 55%; no Paraná 48%, contra 66%; no Mato Grosso 70%, contra 83%; no Mato Grosso do Sul 57%, contra 71%; em Goiás 65%, contra 83%; em São Paulo 60%, contra 68%; em Minas Gerais 67%, contra 78%; em Santa Catarina 30%, contra 58%; e na Bahia 65%, contra 82% (cf. Safras & Mercado).
Fonte: CEEMA / UNIJUI