As cotações da soja em Chicago nesta semana acabaram recuando, especialmente na quinta-feira (25), mantendo o viés de baixa diante do bom comportamento do plantio nos EUA, apesar de um clima chuvoso. O fechamento deste dia ficou em US$ 9,39/bushel, contra US$ 9,44 uma semana antes. Esta cotação não era vista desde o início de abril.
O principal assunto no início da semana ainda foi a conturbada situação política no Brasil, onde o governo Temer se encontra em situação cada vez mais insustentável. A desvalorização do real em mais de 8% no final da semana anterior animou as exportações, reforçando a ideia de que o mercado, e particularmente a China, desloca suas compras cada vez mais para a América do Sul.
Quanto ao plantio da soja nos EUA, até o dia 21/05 o mesmo atingia a 53% da área, superando em um ponto percentual a média histórica. Portanto, o clima não está prejudicando o mesmo e tampouco prejudica o potencial produtivo do que já foi semeado.
Dito isso, o “mercado do clima” continuará sendo o elemento central como elemento de forte influência sobre as cotações, pelo menos até setembro, quando se inicia a colheita estadunidense.
Por sua vez, a colheita da soja, que no Brasil está encerrada, possivelmente com um recorde de 113 milhões de toneladas produzidas, na Argentina chegava a 75% da área até o dia 20/05, sendo que a Bolsa de Buenos Aires aumentou a estimativa de produção local para 58 milhões de toneladas.
Já as inspeções de exportação estadunidenses somaram 348.535 toneladas na semana encerrada em 18/05, acumulando no ano comercial 2016/17 um total de 50,45 milhões de toneladas, contra 43,36 milhões em igual período do ano anterior.
Pelo lado da demanda, a China totalizou 8,02 milhões de toneladas importadas com soja em grão no mês de abril, avançando 13,4% sobre o volume registrado em igual mês de 2016. No acumulado do ano de 2017 a China já importou 27,5 milhões de toneladas, com aumento de 18% sobre igual período do ano anterior. O Brasil foi o principal exportador de soja para a China em abril atingindo 6,15 milhões de toneladas, com aumento de 27,7% sobre abril de 2016. No acumulado de 2017 os chineses já compraram 8,84 milhões de toneladas do Brasil, o que representa um aumento de 27% sobre o ano anterior. Outras 17,2 milhões de toneladas foram compradas dos EUA nos primeiros quatro meses deste ano, com aumento de 13,8% sobre o ano anterior. Todavia, em abril, as vendas estadunidenses de soja para a China recuaram 12,2% sobre o mesmo mês do ano passado (cf. Safras & Mercado).
No Brasil, após a disparada do dólar no final da semana passada (bateu em quase R$ 3,50), muitas empresas e produtores aproveitaram o momento para vender seu produto. Entretanto, o movimento cambial acabou se estabilizando em patamares mais baixos posteriormente, ficando agora entre R$ 3,25 e R$ 3,29 por dólar. Mesmo assim, um valor bem melhor do que estava às vésperas desta nova crise política nacional, quando o câmbio oscilava entre R$ 3,09 e R$ 3,13 por dólar.
Esta situação cambial permitiu um aumento nos preços médios da soja. O balcão gaúcho, depois de longo tempo, voltou a fechar, nesta semana, acima dos R$ 60,00/saco, mais precisamente em R$ 60,06. Os lotes subiram para valores entre R$ 65,00 e R$ 66,00/saco. Nas demais praças nacionais os lotes oscilaram entre R$ 52,00/saco em Sorriso (MT) e R$ 66,00/saco em Campos Novos (SC), passando por R$ 65,00 em Pato Branco (PR), R$ 63,50 em Uruçuí (PI) e R$ 61,00/saco em Pedro Afonso (TO).
A partir de agora, a tendência é de fortes oscilações cambiais no Brasil até a crise política se resolver. Neste contexto, haverá momentos interessantes para negociação da soja em que os produtores rurais devem aproveitar visando melhorar suas médias de comercialização. Juntamente com o clima nos EUA, esta situação política brasileira, com efeitos sobre o câmbio, era uma das duas principais situações que poderia melhorar o preço da oleaginosa. Chegou o momento de aproveitá-la, sabendo que a volatilidade do mercado cambinal nacional deve permanecer por algum tempo.
Enfim, destaca-se a revisão para cima do volume final que está sendo produzido na América do Sul. Segundo Safras & Mercado, o mesmo chegaria a 186,2 milhões de toneladas, contra 175 milhões anteriormente estimado. O Brasil contribui com 113,4 milhões, a Argentina ainda está estimada em 57 milhões de toneladas, o Paraguai com 10,3 milhões, o Uruguai com 3,4 milhões e a Bolívia com 2,1 milhões de toneladas.
No Brasil, diante dos novos números de colheita, Safras & Mercado estima que o país exportará 61 milhões de toneladas e esmagará 41 milhões de toneladas do grão. Com isso, a produção de farelo e de óleo de soja ficaria em 31,2 e 8,1 milhões de toneladas respectivamente. Destes volumes, a exportação de farelo chegaria a 15,5 milhões e a de óleo de soja a 1,4 milhão de toneladas neste ano 2017/18 que se encerra em 31/01/2018.
Fonte: CEEMA / UNIJUI
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