As cotações da soja em Chicago melhoraram um pouco até o relatório de oferta e demanda do USDA, anunciado neste dia 10/08. O bushel da oleaginosa chegou a US$ 9,63 na véspera do relatório. Todavia, o relatório surpreendeu, com informações muito baixistas, fato que derrubou as cotações no dia do seu anúncio, levando o fechamento de Chicago, para o primeiro mês cotado, a apenas US$ 9,30/bushel. Esta cotação não era vista desde o final de junho/2017. A título de comparação, há uma semana o fechamento havia sido de US$ 9,50/bushel.
Até o anúncio do relatório a oleaginosa ficou apoiada na possibilidade de o USDA reduzir a produtividade média e o volume final da futura safra estadunidense. Neste sentido, analistas internacionais apostavam em uma revisão para baixo nos números da atual safra, com a produção dos EUA recuando para 114,3 milhões de toneladas, contra 115,9 milhões projetados em julho e 117,2 milhões efetivamente colhidos na safra anterior (2016/17). Já os estoques finais estadunidenses, para a safra 2016/2017, seriam diminuídos para 10,9 milhões de toneladas, contra 11,2 milhões em julho. Já para a nova safra tais estoques seriam de 11,6 milhões de toneladas, contra 12,5 milhões projetados em julho. Quanto aos estoques finais mundiais, a especulação era de que o ano 2016/17 fecharia com 94,4 milhões de toneladas, contra 94,8 milhões indicados em julho, enquanto para 2017/18 os mesmos seriam rebaixados de 93,5 milhões de toneladas em julho para uma projeção de 92,2 milhões agora.
O mercado apostava que qualquer número de produtividade média abaixo de 52,2 sacos/hectare motivaria altas importantes em Chicago (em julho,a produtividade média para a nova safra havia sido projetada em 53,8 sacos/hectare).
Ora, o relatório de oferta e demanda do USDA, anunciado neste dia 10/08, surpreendeu o mercado, indicando números muito superiores a estes que o mercado esperava. Senão vejamos:
1) A produtividade média estadunidense foi aumentada para 3.321 quilos/hectare (55,4 sacos/hectare), deixando a entender que os problemas climáticos especulados no mês passado não atingiram as lavouras como se anunciava;
2) Com isso, a produção final estadunidense, para 2017/18, foi aumentada para 119,2 milhões de toneladas (novo recorde histórico), ou seja, bem acima do esperado pelo mercado e acima do que foi colhido no ano passado. Este número confirma nossos alertas de que era necessário considerar o aumento da área semeada como um elemento que poderia mudar o quadro especulativo altista caso o clima não viesse a causar problemas;
3) Os estoques finais nos EUA, para 2017/18, também sofreram acréscimo, ficando agora em 12,9 milhões de toneladas, ou seja, acima do esperado pelo mercado. Todavia, o relatório reduziu para 10,1 milhões de toneladas os estoques de 2016/17, volume abaixo do esperado pelo mercado;
4) O patamar de preços médios aos produtores de soja dos EUA, para o ano 2017/18, ficou agora entre US$ 8,45 e US$ 10,15/bushel;
5) Já a safra mundial de soja está estimada em 347,4 milhões de toneladas, enquanto os estoques finais ficariam, em 2017/18, em 97,8 milhões, superando largamente o esperado pelo mercado;
6) A produção da Argentina e do Brasil, para o mesmo ano, foi estimada respectivamente em 57 e 107 milhões de toneladas;
7) As importações da China, para o ano 2017/2018, permaneceram estimadas em 94 milhões de toneladas.
Vale ainda destacar que as condições das lavouras estadunidenses voltaram a melhorar. O relatório do dia 06/08 apontou 12% entre ruins a muito ruins; 28% regulares; e 60% entre boas a excelentes, com melhoria de um ponto percentual sobre a semana anterior neste último caso. Mesmo assim, tais condições estão bem abaixo das registradas no ano passado, quando 72% estavam entre boas a excelentes no início de agosto.
Por sua vez, as exportações líquidas de soja, por parte dos EUA, referentes ao ano 2016/2017, que se encerra neste próximo dia 31/08, ficaram em 233.400 toneladas na semana encerrada em 27/07. O número ficou 20% abaixo da média das quatro semanas anteriores. Para o ano 2017/2018 o volume chegou a 367.500 toneladas. Na soma dos dois anos o mercado espera um volume entre 300.000 e um milhão de toneladas.
Paralelamente, na Argentina a comercialização da safra 2016/17, até o dia 26/07, atingia a 52% da produção total. Ao mesmo tempo, as exportações de farelo por parte do vizinho país (a Argentina responde por cerca de 50% do comércio mundial de farelo de soja) chegaram a 10,8 milhões de toneladas entre janeiro e maio do corrente ano, contra 9,4 milhões em igual período de 2016.
Pelo lado da demanda, a China indicou que suas importações de soja em julho chegaram a 10,1 milhões de toneladas, com aumento de 30% sobre igual mês de 2016. No acumulado de 2017 os chineses já compraram 54,9 milhões de toneladas, com aumento de 17% sobre igual período do ano passado.
Nesse contexto, o Brasil informou que os chineses importaram, nos primeiros sete meses de 2017, um total de 39,4 milhões de toneladas de soja brasileira, sendo que as vendas totais da oleaginosa nacional, no período, atingiram a 50,9 milhões de toneladas, com alta de 14,9% sobre o mesmo período do ano passado. Diante de tais números, nota-se que as compras da China respondem por 77,4% de toda a soja vendida pelo Brasil.
Dito isso, os preços no Brasil recuaram um pouco mais nesta semana, ainda sem o efeito do relatório do USDA. A média gaúcha no balcão fechou a semana em R$ 60,40/saco, perdendo R$ 1,50/saco em relação a média da semana passada, enquanto os lotes ficaram entre R$ 66,50 e R$ 67,00/saco. Nas demais praças nacionais os lotes giraram entre R$ 55,00/saco em Sorriso (MT) e R$ 69,00/saco em Campos Novos (SC), passando por R$ 56,00 em Chapadão do Sul e São Gabriel (MS); R$ 58,50 em Goiatuba (GO) e Pedro Afonso (TO); R$ 60,00 em Uruçuí (PI); e R$ 66,00/saco em Pato Branco (PR). Este comportamento foi ajudado por um câmbio que manteve o Real entre R$ 3,10 e R$ 3,15 durante a semana, impedindo maiores ganhos junto à oleaginosa.
Destacamos ainda a comercialização da soja, a qual, correspondendo à safra brasileira de 2016/17, até o dia 04/08, atingia a 74% do total, contra a média histórica de 84% para esta época do ano. Por Estado a mesma assim estava: Rio Grande do Sul com 56%, contra 71% na média; Paraná 65%, contra 78%; Mato Grosso 83%, contra 92%; Mato Grosso do Sul 67%, contra 82%; Goiás 86%, contra 92%; São Paulo 75%, contra 83%; Minas Gerais 78%, contra 88%; Bahia 82%, contra 90%; e Santa Catarina 55%, contra 73% na média histórica (cf. Safras & Mercado).
Já para a nova safra 2017/18, a comercialização antecipada indicava, em 04/08, que o Brasil havia negociado 8% da safra projetada, contra 15% na média histórica para esta época do ano. Por Estado os percentuais eram os seguintes: Rio Grande do Sul 5%, contra 8%; Paraná 6%, contra 10%; Mato Grosso 9%, contra 21%; Mato Grosso do Sul 10%, contra 17%; Goiás 8%, contra 17%; São Paulo 5%, contra 9%; Minas Gerais 5%, contra 12%; Bahia 10%, contra 20%; e Santa Catarina 7%, contra 5% na média histórica (cf. Safras & Mercado).
Fonte: CEEMA / UNIJUI
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