A semana que passou foi caracterizada por dois fatores básicos que podem inverter a atual situação de penúria do trigo nacional: a) a reação do governo, constituída de duas ações fundamentais: a.1) declaração de que o trigo, a farinha de trigo e a pré-mistura argentinas não teriam mais o licenciamento automático para entrar no país o que, na prática,significa um freio nas importações descontroladas, principalmente de farinhas argentinas, que entravam sem limites no Brasil, prejudicando os moinhos nacionais; a.2) o início dos leilões de compra de trigo nesta sexta-feira.
O governo também acenou com a possibilidade de aumentar de 10% para 35% o imposto de importação, mas nenhuma medida foi realmente efetivada até o momento; e b) a reação dos preços internacionais do trigo que subiram na semana cerca de 6,16%, em virtude das preocupações com a safra americana, que está ameaçada tambá m pelas chuvas e geadas, tal como aconteceu no Paraná.
PREÇO AO PRODUTOR: Estas duas medidas podem elevar os preços internos a curto e médio prazos. Foi o que começou a acontecer no Paraná, onde os preços pagos aos produtores subiram 0,96%, passando de R$ 24,86 para R$ 25,10 por saca de 60kg.
No Rio Grande do Sul os preços do trigo brando permaneceram estáveis em relação à semana anterior, ao redor de R$ 21,87,mas estão 0,14% acima da média dos preços do mês anterior, que era de R$ 21,84.
Com o iníco dos leilões,para os quais o governo baixou as exigências de qualidade, muito provavelmente os preços pagos aos produtores terão forçosamente que subir, porque a Conab terá que pagar o Preço Mínimo de R$ 31,80 para o tipo 1 do trigo pão e os preços dos moinhos terão que acompanhar ou,pelo menos, se aproximar.
Com isto, toda a cadeia será afetada, subindo os preços do mercado de lotes, das farinhas e dos sub-produtos, inclusive o pãozinho na padaria, cujo preço talvez suba 10%, conforme anúncio de vários sindicatos do setor nesta semana.
TRIGO NACIONAL: No mercado de lotes os preços, tanto no Paraná, quanto no Rio Grande do Sul permaneceram inalterados na semana que passou, mas os preços do Paraná estão 4,35% mais altos do que estavam no mês anterior e os preços do Rio Grande do Sul subiram 2,56% em relação ao mês anterior.
Com as definições da posição do governo tomadas nesta semana é possível que os preços comecem a subir devagar a partir da próxima semana.
TRIGO IMPORTADO: Com a elevação das cotações na Bolsa de Chicago,diante das apreensões do mercado diante da possibilidade de chuvas e geadas sobre as lavouras de trigo de inverno nos Estados Unidos e mesmo com a queda do dólar frente ao real, os preços do trigo importado se elevaram significativamente durante a semana em cerca de 7,52%, aproximando-se muito dos preços do trigo nacional, que, ainda, estão mais altos.
Isto foi importante, porque os preços dos trigos importados, comprados também livremente, eram concorrentes diretos do trigo nacional, que apresenta redução de qualidade e volume.
Era mais barato e mais garantido comprar trigo importado, de qualquer origem, do que comprar trigo chuvado brasileiro.
Com a elevação dos preços internacionais, as margens de importação se estreitaram (vide nosso quadro abaixo) e os moinhos domésticos perceberam que seria mais em conta aproveitar o trigo adquirido internamente, de boa qualid! ade (cerca de 59% no Paraná), do que o trigo importado.
Fonte: AF News - Notícias Agrícolas
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