Poucas vezes o mercado viu um movimento de baixa na demanda por farinha mas, diante da situação econômica do País, o consumo já diminuiu cerca de 15%. Fatores como a alta do dólar e os problemas climáticos na lavoura completam o cenário difícil da cadeia de trigo.O mercado de farinha está bastante fraco. O preço do trigo ainda é pautado pelo câmbio e isso pressiona o caixa dos moinhos. Com a queda na demanda temos dificuldade de repassar esses custos para o produto final , conta o presidente do Moinho Pacífico, Lawrence Pih, em entrevista ao DCI.
Os custos de produção foram onerados pelo aumento do dólar, das tarifas de energia e do preço do cereal de qualidade, que está mais escasso no mercado nacional. Levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) indica que o produto tipo pão fechou a R$ 647,53 por tonelada, na última terça-feira (4) no Paraná. Pih ressalta que, na prática, o cereal de melhor qualidade chega a custar R$ 680.
Com isso, já é possível vislumbrar um horizonte de valores maiores para a farinha, mesmo em um momento de queda na demanda. O objetivo é repassar entre 10% e 15% do aumento para o produto final. Não vamos suportar o prejuízo por muito tempo , diz.
Moinhos que optem por buscar financiamento com tradings, uma vez que a tomada de crédito com instituições financeiras também está mais restrita, podem ter dificuldades excedentes para repassar os custos de produção.
Na lavoura
A preocupação, tanto nacional quanto internacional, está acerca da questão climática. No Brasil, os maiores problemas aconteceram nas lavouras gaúchas, que sofreram com vários dias chuvosos.
Pih comenta que o cereal paranaense sentiu efeitos menores, mas terá sua qualidade comprometida. O trigo do Paraná é muito importante por sua diferença de qualidade , destaca o presidente.
Informativo da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-RS) consta que 5% do total estimado para esta safra, 46 mil hectares, tiveram algum tipo de dano com relação à erosão de solo e perda de insumos como sementes e adubos, por exemplo.
Segundo os pesquisadores do Cepea, nos últimos dias houve uma reversão e foram registradas temperatura altas no Sul, o que pode prejudicar a triticultura. Em nota, eles afirmam que as variações climáticas podem afetar fortemente a produtividade das lavouras.
Produtores gaúchos, inclusive, devem reduzir a área plantada frente à estimada anteriormente por conta das chuvas de julho, na intenção de não atrasar o cultivo da soja , enfatiza a nota.
O presidente do Moinho Pacífico comenta que algumas unidades industriais do Norte e Nordeste estão importando o cereal dos Estados Unidos para garantir uma cota mínima de estoque com qualidade.
Por enquanto, triticultores estão voltados aos tratos culturais do trigo já semeado - a incidência de pragas e de doenças em parte das lavouras tem elevado os custos de produção. Além disso, se atentam à valorização do dólar que pode elevar os preços internos, à medida que encarece o importado.
Lá fora
Na última semana o Conselho Internacional de Grãos (IGC, na sigla em inglês) reduziu a projeção global para o trigo em função de piora no quadro climático do Canadá. Agora são estimados 710 milhões de toneladas, ante previsão anterior de 711 milhões. Os dois montantes são inferiores aos 721 milhões de toneladas colhidas na safra 2014/ 2015.
A Argentina, principal fornecedor do cereal ao Brasil, têm evitado plantar trigo este ano por causa do tempo mais seco, que arruinou grande parte do cinturão de grãos dos Pampas, e também pelo sistema de cotas de exportações que limita carregamentos visando garantir ampla demanda doméstica. Esta safra deve alcançar até 10,5 milhões de toneladas, abaixo dos 13,9 milhões previstos pelo governo do país.
Fonte: Agrolink
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